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ZICO E UM CERTO FLA-FLU

6 / dezembro / 2022

por Marcos Vinicius Cabral

Por conta dos altos custos com o Maracanã, Flamengo e Fluminense preferiram sair do Rio de Janeiro e jogar o clássico em Juiz de Fora.

Ainda no vestiário, Zico, faltando poucos minutos para as equipes entrarem em campo, sabendo que as cortinas estavam prestes a serem fechadas e que o público não assistiria sua arte, pediu:

Não quero homenagens. O melhor presente é jogar com garra. Este vai ser o agradecimento que eu quero receber de vocês.

Atentos, Zé Carlos, Josimar, Júnior, Rogério, Leonardo, Ailton, Luis Carlos, Renato Gaúcho, Bujica e Zinho ouviram o pedido e selaram ali um acordo de que não comprometeriam a despedida do camisa 10 em partidas oficiais pelo clube.

Era Campeonato Brasileiro de 1989. Tanto Flamengo e tanto Fluminense iam mal das pernas.

Os tricolores na rabeira do grupo em que estava e os rubro-negros sem forças para alcançar o São Paulo por uma vaga na decisão.

O momento de ambos, prometia um jogo insosso. Uma partida em que as duas equipes, sem pretensões nenhuma, não poderiam oferecer nada aos 13 mil pagantes que estiveram presentes no Estádio Municipal Mário Helênio, naquele 2 de dezembro de 1989.

Mas um pedido de Zico é uma ordem. E assim foi na vitória por 5 a 0.

O primeiro gol nasceu da genialidade do Chaplin dos campos, que sem dizer uma só palavra – como fazia o gênio do cinema mudo – aplicou uma caneta desconcertante em Donizeti, antes de ser parado com falta.

Se preparando para a cobrança, os olhos aflitos do goleiro Ricardo Pinto buscavam solução para algo insolucionável: como deter aquele chute de Zico?

Ricardo Pinto voou e tentou em vão, mas a bola foi na gaveta, sem que o camisa 1 tricolor conseguisse evitar mais uma pintura de gol.

Já nos 45 minutos finais, outro lance magistral do camisa 10. Zico descolou de bicicleta um lançamento fabuloso para Renato Gaúcho, que arrancou e resolveu.

Era o suficiente ao veterano de 36 anos, que coincidentemente, aos 36 minutos, foi substituído por Valdir Espinosa e deixou o campo logo depois disso. Luis Carlos, Uidemar e Bujica fecharam a goleada.

Há 33 anos, não há mais Fla-Flus como os que Zico jogava.

Contra o Fluminense, o Galo era impiedoso e muito, muito malvado.

Ao final do clássico, Zico não disfarçava a emoção, já que receberia, merecidíssima nota 10 dos jornais que cobriram o jogo.

Pouco mais de dois meses depois, 100 mil pessoas estiveram na despedida grandiosa que o genial 10 rubro-negro realizou no Maracanã, em fevereiro de 1990.

Até hoje, depois de 33 anos sem ver o maior camisa 10 do Flamengo em campo, me pergunto: haverá um outro Zico?

Pelo menos alguém merecedor de, como dizem os boleiros, “carregar as chuteiras” do Zico?

Zico foi arco e flecha. Zico foi semente plantada na Gávea, regada por muitos treinos, que cresceu, frutificou, fez sombra e as raízes permanecem firmes até hoje, no coração de nós, rubro-negros.

Zico já saiu de cena do futebol e mantém-se simples e humilde com todos, bem diferente do jogador altivo que foi enquanto esteve em campo fazendo peraltices como uma criança levada.

Ah, Zico… quantas saudade!

1 Comentário

  1. Ricardo Corrêa

    Saudações Tricolores,pude testemunhar esse jogo em minha cidade, fiquei p… por conta da goleada e feliz por ter assistido o último ato do grande Zico.O futebol arte independente de rivalidades ha de ser admirado

    Responder

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