O PONTA ENSABOADO DO BUGRE
por Marcelo Soares
João Paulo nasceu Sérgio Luis Donizetti. Em Campinas, interior de SP, vindo de família humilde, ajudava na colheita do café na fazenda.
Chegou no Guarani aos 16 anos de idade, apelidado de João Paulo por um colega das categorias de base, acabou adotando o nome e fazendo-o conhecido no mundo todo pelo que fazia na ponta esquerda.
As pontas, hoje em extinção, em outros tempos ostentavam uma lista de craques que por elas desfilavam seu futebol. João Paulo era um deles. Logo criaram uma história de amor.
Vice-campeão paulista e brasileiro pelo Bugre na década de 80 chamando atenção dos grandes clubes, convocado para seleção participando da Copa América em 87 e dos jogos olímpicos de Seul em 88, não demorou muito para viajar rumo ao velho continente. Na época em que os craques atuavam na terra da bota, foi defender o Bari da Itália e se juntou a Maradona e outros craques no Calcio.
A história de amor entre João Paulo e a ponta esquerda ia muito bem. Boas partidas, prêmios individuais e convocações para seleção iam se acumulando. Foi eleito o melhor jogador estrangeiro do campeonato italiano, entrou na seleção da competição e disputou a Copa América de 91. Salvou o Bari do rebaixamento marcando dois gols contra o Milan e levou a torcida ao delírio, se tornando ídolo do time. Até que num confronto contra a Sampdoria, o zagueiro Marco Lanna colocou um ponto final na linda história de amor que João Paulo vivia. Uma fratura na perna o afastou da ponta esquerda e um erro médico em apressar a cirurgia acabou fazendo com que ele nunca mais pudesse reatar essa relação da maneira como era antes. João Paulo em pouco tempo encantou as pontas dos gramados do Brasil e do mundo. Poderia ter sido tetracampeão do mundo em 1994 com a seleção e ter conquistados muitos títulos pelos clubes que passou. A ponta esquerda poderia ter sido feliz por muito mais tempo com ele desfilando por ela. Confira agora essa resenha no Museu da Pelada.