O MAESTRO
entrevista: Sergio Pugliese | texto: André Mendonça | fotos e vídeo: Daniel Planel
Dificilmente não saímos de alma lavada após uma resenha pelo Museu. Essa, especificamente, já era pedra cantada, porque não é todo dia que temos a oportunidade de bater um papo com um dos maiores violonistas e compositores do Brasil em um quiosque na Praia do Leblon.
No seu “habitat natural”, Guinga nos recebeu ao lado da amiga Anne e revelou que sua habilidade dentro de campo vai muito além do que se possa imaginar.
O talento com o violão é algo que dispensa comentários. Por isso, nem mesmo o fato da produção ter levado um instrumento com uma corda a menos foi capaz de prejudicar o desempenho do músico:
– Comecei a tocar com 11 anos de idade em Vila Valqueire. Morava na casa da minha avó e ficava irritado com meu tio Marco Aurélio que tocava enquanto eu tentava dormir. Mal sabia eu que eu estava aprendendo daquela maneira. Foi a minha primeira escola!
O primeiro presente na infância, no entanto, foi uma bola de futebol: uma paixão inigualável.
– Foi a grande diversão da minha vida toda. Para você ter uma noção, hoje, com 67 anos, sou o mais velho da minha pelada e vou disputar um torneio que rola todo ano no Clube dos Macacos.
Para dar ainda mais valor à resenha, Guinga teve a ideia de convidar Paulinho Pereira, ex-jogador do Vasco e que atualmente lidera uma escolinha no Posto 11, no Leblon. Em poucos minutos, o craque apareceu e já se acomodou.
A amizade dos dois é de longa data e muitas vezes a dupla já bateu aquela pelada. Por isso, perguntamos a Paulinho sobre o desempenho de Guinga, que não titubeou:
– Não conheço um canhoto que não seja pelo menos habilidoso! – elogiou.
Na mesma hora, o músico disparou:
– Jamais você vai ver eu me elogiar falando de música, mas quando o assunto é futebol eu recebo uma identidade que me transforma. Na minha pelada eu sou conhecido como maestro e não é pela música!
O currículo de boleiro de Guinga, aliás, é invejável. Já teve o privilégio de formar o meio-campo com Ademir da Guia, na várzea paulista, e Júnior, na pelada de fim de ano do Zico.
– É muito fácil jogar com quem sabe!
Se alguém ainda duvidava do seu talento, o craque tratou de mostrar sua intimidade com a redonda em poucos segundos de embaixadinhas na areia.