Escolha uma Página
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

reverência ao rei

entrevista: Paulo Escobar | vídeo: Jhonny Jamaica | edição de vídeo: Daniel Planel

Se hoje em dia os goleiros contam com luvas emborrachadas que variam de acordo com o tempo, roupas que amortecem as quedas e bolas cada vez mais leves e macias, os arqueiros da década de 60 precisavam se virar para defender as pancadas sem luvas e com bolas de couro pesadíssimas. É o caso de Aguinaldo Moreira, goleiro “raiz” do Santos nos tempos de Pelé, que recebeu a equipe do Museu no Parque São Jorge para um papo descontraído.

Jhonny Jamaica, Paulo Escobar, Aguinaldo Moreira e Ruth Bessa.

– Se eu tivesse os aparatos que os goleiros têm hoje, eu estaria na Seleção! Hoje tem luva para sol, noite, chuva… Nem preparador de goleiros a gente tinha! – disparou.

Apesar de ter feito muito sucesso debaixo das traves, Aguinaldo revelou que seu sonho era ser ponta-esquerda, assim como muitos meninos da sua geração. O motivo é mais do que nobre: todos se inspiravam no ensaboado Canhoteiro.

Quando tomou coragem para realizar uma peneira se decepcionou com a concorrência:

– O professor perguntou quem era ponta-esquerda e todos levantaram a mão. Acabei indo para o gol mesmo, que foi a posição que sobrou.

As primeiras experiências não foram nada boas e Aguinaldo cansou de buscar a bola no fundo das redes antes de começar a operar os primeiros milagres. Despontou na Portuguesa-SP, mas foi no Santos que ganhou projeção nacional.

No alvinegro praiano teve a honra de disputar a posição com Gylmar dos Santos Neves, bicampeão mundial pela Seleção, e atuar ao lado de Pelé. Foi Aguinaldo, inclusive, quem carregou o Rei na comemoração do milésimo gol.

– Goleiro tem que ser maluco, né? Passei por baixo dos repórteres e coloquei o Pelé no ombro. Foi coisa de instinto! Ele ficou com um medo danado de cair! – lembrou, seguido de uma risada.

Antes de pendurar as luvas, defendeu o Vitória e se tornou preparador de goleiros quando encerrou a carreira. Pelas suas mãos passaram Leão e Zetti, no Palmeiras, Carlos, Waldir Perez e Ronaldo, no Corinthians, e Rogério Ceni, no São Paulo.

Hoje em dia, aos 74 anos e uma vida quase inteira dedicada a evitar os gols, passa os seus muito ensinamentos aos goleiros da base do Corinthians.