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a césar o que é de césar

entrevista e texto: Wesley Machado | foto e vídeo: Jocelino Rocha/ Agência Check

No interior do estado do Rio de Janeiro, praia de Atafona, São João da Barra, mora um grande personagem do futebol, com muita história para contar. Trata-se de César Martins de Oliveira, 62 anos, um privilegiado, cheio de títulos, gols e marcas de dar inveja a qualquer mero mortal. César foi artilheiro do Brasileiro de 79 pelo América, autor do gol do título da Taça de Portugal de 80, conquistada pelo Benfica e autor do gol do título da Libertadores de 83, conquistada pelo Grêmio. Natural de São João da Barra, César começou a jogar futebol em um time amador da cidade, o Sanjoanense. Foi para o juvenil do Americano de Campos, onde chegou à equipe principal que se sagrou eneacampeã citadina no ano de 1975. Mas profissionalizou-se mesmo foi no ano seguinte, no América, do Rio de Janeiro. Depois do Grêmio, César jogou ainda no Paysandu-PA, São Bento de Sorocaba-SP e Pelotas-RS. No Pelotas, ingressou na carreira de treinador, mas não deu prosseguimento como técnico. César é casado com Sônia Regina da Silva, filha do ex-jogador Bituca, que jogou com Domingos da Guia no Bangu e no Vasco. Tem quatro filhos e cinco netos. A seguir, é o entrevistado quem nos revela os detalhes de sua vida.
Profecia da mãe “Minha mãe, que vai fazer 21 anos de falecida, falou que eu ia ser diferente.” (Ele se emociona) Raízes “Eu às vezes me pego pensando. Eu queria ter sido campeão na minha cidade. Eu não tenho um título sanjoanense. Grandes merda”. (Ele ri) Americano e Goytacaz “Mataram o Americano. O Americano tem o quê? Goytacaz a mesma coisa. Era mil vezes melhor você ter o Campeonato Campista do que entrar para o Estadual.” Futebol hoje “Na administração tem de fazer as coisas com transparência. Dirigente de futebol é igual a político. O interesse deles não é ver o clube ganhando títulos, é negócio, virou empresa. É como se fosse um supermercado, você compra e vende um jogador como um saco de batatas, às vezes compra caro, estraga, não dá certo.” Desilusão “Futebol é muito ingrato, é um meio podre. São as circunstâncias da vida. Você almeja ser reconhecido, mas é muita gente. Quando a gente está no auge, sendo usado, a gente serve. Depois esquecem.”
Seleção Eu tinha esperança de ser um dos centroavantes convocados para a Copa de 82. Até porque o presidente da CBF era o Giulite Coutinho, que havia sido presidente do América. Mas o Telê chamou só o Serginho Chulapa e o Roberto Dinamite para a minha posição. Eu também estava jogando fora, em Portugal, e na época isto era um fator agravante, ao contrário do que acontece atualmente. Libertadores “A Libertadores é o campeonato mais difícil de se ganhar no planeta, não tem igual. Champions League e UEFA Cup são mais fáceis. Libertadores você vai jogar na altitude, sem ter controle antidoping, é muito difícil”. 1983 “Eu estava machucado. O Espinosa falou que ia me colocar desde o início, que queria o time completo. Eu disse que não tinha condições. Nos reunimos, eu, o Espinosa e o Caio, que me substituiu e acabou fazendo o primeiro gol. Eu falei para o Caio: ‘Você vai jogar e não vai nem precisar eu entrar’. O Espinosa falou: ‘Mas eu preciso de você, César. Você vai prender dois zagueiros’. Eu falei para o Caio: ‘Você é rápido, vai dar uma canseira nos caras’. Aí eu acabei entrando e aconteceu o que todo mundo sabe.” Renato Gaúcho
“Eu fiz uma promessa para Nossa Senhora da Penha para o Grêmio ganhar a Libertadores de 2017 para o Renato. Depois falei com o Renato que ele tinha de vir pagar a promessa em São João da Barra. Ele falou: ‘Minha agenda tá muito cheia. Não dá para a santa vir aqui não?’ (Rs) O Renato é uma pessoa do Espírito Santo. Nunca vai faltar nada para o Renato. Ajudei muito o Renato quando ele foi para o Rio jogar no Flamengo. Ele era um garotão, não sabia andar no Rio. Quando foi para a Itália dividiu os bens todinhos com os nove irmãos. Ele me chamou em Bento Gonçalves (RS) e eu que preenchi todos os cheques para ele assinar.” América “Quando cheguei no América em 76, ainda estava a base do time que havia sido campeão da Taça Guanabara de 74. O time era: País, Orlando Lelé, Alex, Geraldo e Álvaro; Ivo Hoffmann, Bráulio e Gílson Nunes; Reinaldo, César e Aílton.” Portugal “Eu tinha sido artilheiro do Nacional de 79 pelo America e o Flamengo queria me contratar. O Flamengo estava vendendo o Cláudio Adão para o Benfica. Mas o Cláudio Adão não tinha ido bem naquele ano no Flamengo. O Benfica, vendo que o Flamengo me queria, foi lá e me contratou, foi uma aposta. Os sócios do Benfica estavam querendo a cabeça do presidente do clube porque o Benfica tinha perdido o Campeonato Nacional para o Sporting. Só restava a Taça de Portugal para salvar o ano. A final foi entre Benfica e Porto. E eu marquei o gol do título. Ganhei até um troféu pelo feito. Aí no ano seguinte ganhamos tudo, fomos campeões nacionais, da Taça de Portugal novamente e da Taça das Taças.”