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O PAREDÃO

 Quando se fala em 7 a 1, todos recordam, imediatamente, do fatídico jogo entre Brasil e Alemanha, pela Copa do Mundo de 2014, que eliminou a seleção brasileira da disputa pelo título em casa. No entanto, o Museu da Pelada nos remete a outros 7 a 1, onde tinham também jogadores de seleção em campo. O ano era 1979. O jogo foi disputado no estádio Caio Martins, em Niterói, no Rio de Janeiro. A partida marcou a carreira de um jovem goleiro, à época com apenas 19 anos. Edgar defendia o gol da Associação Desportiva Niterói (ADN) e pela frente tinha um ataque liderado pelo grande ídolo rubro-negro, o Zico.


O goleiro é sempre lembrado pelos gols que leva e não pelas suas defesas, desabafa Edgar, dono da posição naquele jogo, válido pelo campeonato estadual. Edgar começou no infantil do Fluminense em 1973, passando pelo Vasco da Gama, ADN e Rio Branco(ES).

Drible da vaca

O estádio estava lotado e os torcedores puderam ver o gol que o Rei Pelé não fez na Copa do Mundo de 1970 contra o Uruguai – o famoso ‘drible da vaca’ que o camisa 10mandou pra fora. Edgar relembra com detalhes desse gol‘sensacional’ de Zico: “Zico recebeu de Adílio na entrada da grande área. Eu saí para interceptar a jogada, mas o Galinho de Quintino passou o pé por cima da bola. Eu tentei acompanhar. A bola foi para o outro lado. Foi literalmente o ‘drible da Vaca’”, recorda o jogador.

Diferentemente de Pelé, que mandou a bola para fora, Zico meteu mais um gol dos seis que fez naquela partida. “Foi um golaço”, acrescenta Edgar. Ele lembra, ainda, que o jogo já estava 5 a 1 para o Flamengo e o ‘cigano’Cláudio Adão, apelido dado por ter defendido dezenas de clubes, gritava para os companheiros “vamos pra cima”!

Placar Elástico

A tristeza foi grande. Edgar era muito jovem e viu tudo desmoronar diante daquele placar ‘elástico’. Os gols foram acontecendo, principalmente, pela diferença técnica dos dois times. O Flamengo seria campeão brasileiro, campeão da Libertadores e campeão mundial logo em seguida. 

Edgar lamenta aquele placar. “Poderia ter despontado em outro clube, mas o pessoal só pensa nos atletas que fazem os gols”, dispara Edgar. 

No fim da partida, Edgar queria falar com Zico, dar um abraço no ídolo, mas não deu. A torcida invadiu o gramado e ficou difícil saber quem era quem. Edgar soube que Zico também queria abraçá-lo naquela tarde inglória. 

Edgar nunca mais encontrou com o Galinho e disse que terá um enorme prazer em conhecê-lo, mas isso ficará para um futuro próximo, já que o Museu da Pelada se comprometeu a promover o encontro dos dois.       

O goleiro disse que foi difícil dormir naquela noite depois de ver os gols passando no Fantástico, programa dominical da Rede Globo, visto por milhões de brasileiros. 


Ressaca

“No dia seguinte, as pessoas que encontrava nas ruas queriam saber como foi e como eu estava me sentindo”. 

Início no Fluminense

Sua trajetória teve início no Fluminense, onde começou a jogar sem ter ainda treinado com os companheiros. Foi durante um torneio no qual o goleiro titular do Fluminense se machucou, “eu entrei e não saí mais”, conta Edgar. O goleiro se ressente da sua altura (1,75m). Vale dizer que atualmente os goleiros são bem altos. Edgar aproveita e faz um elogio ao jovem Hugo Neneca do Flamengo que, do alto de seus 1,96 m, tem boa elasticidade e é bem ágil. 

Coração rubro-negro

O grande sonho de Edgar era ter defendido o rubro-negro, clube de seu coração. Mas o atleta não pode ser lembrado apenas por uma única partida. Ele ficou 48 jogos seguidos sem tomar gols. A façanha foi durante um campeonato juvenil, em 1975, quando defendia o Fluminense. Neste período, ele lembra de uma grande defesa, na final contra o Olaria, na rua Bariri, quando foi buscar a bola onde a coruja dorme. O time tricolor foi campeão. 

Edgar teve carreira meteórica. Encerrada quando tinha apenas 22 anos, ele foi trabalhar no comércio, em Barra do Piraí, no sul do estado do Rio de Janeiro, onde vive até hoje. Ele fala que participa de algumas peladas, onde joga na zaga defendendo o seu goleiro, coisa que muitos zagueiros não fizeram o mesmo quando ele era goleiro, principalmente nos 7 a 1 daquele ano de 1979. 

Segundo o ex-goleiro, o futebol lhe deu grandes amigos, como o ponta Silvinho, presente nessa entrevista e que jogou em grandes clubes, como Vasco e Fluminense. 

Bom, agora é aguardar o encontro entre Zico e Edgar.