Escolha uma Página
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

LATERAL EM BUSCA DE DIAMANTES

por André Luiz Pereira Nunes

 

Pedro Luís Vicençote, nascido em Santo André, em 22 de outubro de 1957, é lembrado como craque solitário de um Palmeiras desesperado pela ausência de títulos. Um menino louro que desfilava seu talento e elegância pelo flanco esquerdo do campo, entre 1979 e 1981, alcançando curiosamente a artilharia de seu time no Campeonato Paulista. Sua escalada rumo ao sucesso foi meteórica. Em 1982, vendido ao Vasco, disputou a Copa do Mundo da Espanha como reserva de Júnior. Sobre a magnífica campanha do Brasil, Pedrinho acredita que a equipe simplesmente deu azar contra a Itália, pois merecia a vitória.

– Não acredito que os italianos fossem superiores. Tanto é verdade que se classificaram na primeira fase com muitas dificuldades e de acordo com os critérios de desempate. É certo que depois o time engrenou, prevalecendo a estrela do treinador e de Paolo Rossi, mas o Brasil era muito mais técnico. Se jogássemos mais dez vezes contra a Itália, tenho certeza de que ganharíamos as dez vezes. 

Em São Januário, sagraria-se campeão carioca, em 1982, uma conquista das mais surpreendentes, pois o Flamengo, de Zico, Júnior, Nunes, Tita e Adílio era favorito. Em que pese a superioridade do adversário, revela que jamais deixou de acreditar no título.

– Para nós nunca houve favoritismo do rival. Entrávamos sempre para ganhar. O Antônio Lopes fez as modificações que julgou necessárias e o time subiu de produção na reta final do campeonato. O Flamengo podia ter um grande elenco, é verdade, mas nós também tínhamos, tanto que ganhamos com méritos. 

O habilidoso lateral só deixaria o Gigante da Colina ao acertar a sua transferência para o modesto Catania, da Itália, por cerca de um milhão e duzentos mil dólares no ano seguinte. Na ocasião, contaria com a companhia de outro brasileiro no elenco, o meia ofensivo Luvanor, revelação do Goiás no Campeonato Brasileiro. A transferência, contudo, pode ter lhe custado o fim de um ciclo vitorioso na Seleção Brasileira iniciado, em 1979, com Cláudio Coutinho. Sobre isso o ex-lateral revela:

– De fato, naquele tempo, não tínhamos a mesma visibilidade no exterior por parte da mídia. Os jogos não eram televisionados como agora. Ressalta-se o fato de ter ido atuar em um time pequeno, oriundo da segunda divisão. Porém, era ídolo na cidade e ainda contava com a admiração do presidente. “Garoto-propaganda” de uma fábrica de colchões, era sempre lembrado a participar de programas esportivos no rádio e na televisão italiana. Certa vez estive com Telê Santana, no Rio, e ele me revelou que me convocaria novamente à Seleção Brasileira se eu retornasse ao Brasil, mas não houve possibilidade. O presidente adorava o meu futebol e me disse que não me liberaria de maneira alguma. Provavelmente foi por isso que fiquei fora dos planos do treinador para a Copa de 1986.

Retornaria, porém sem o mesmo brilho, ao Vasco na temporada de 1986. As contusões atrapalharam e a briga pela titularidade tinha vários pretendentes. Lira e Mazinho eram alguns deles.


No ano seguinte, assinaria com o Bangu, permanecendo no alvirrubro da Zona Oeste até o ano seguinte, quando decidiu encerrar a carreira. Pedrinho se recorda da bela campanha de 1987, quando o time de Guilherme da Silveira capitulou diante do Sport pelas semifinais do Campeonato Brasileiro, do Módulo Amarelo.

– Tínhamos uma grande equipe que era mantida pelo Castor de Andrade. O Bangu contava com nomes conhecidos em seu elenco. O lateral-direito Edevaldo, o zagueiro Mauro Galvão, o meia Arthurzinho e o atacante Marinho já haviam vestido a camisa da Seleção Brasileira.

Conforme publicado pelo site “bangu.net”, Pedrinho disputou 26 jogos com a camisa do alvirrubro de “Moça Bonita”. Foram 11 vitórias, 9 empates e 6 derrotas.

Fora das quatro linhas, Pedrinho continuou ligado ao futebol como empresário. Em matéria publicada pela revista Placar, em 23 de dezembro de 1988, o ex-lateral firmava uma parceria comercial com o cartola italiano Geovani Branchini. Após empresariar a carreira de atletas de sucesso como Edmundo, adquiriu um centro de treinamentos (CT), em Itaguaí, o qual chegou a ser utilizado durante um tempo pelas categorias de base do Vasco da Gama. O  agora empresário resolveu fundar um time de futebol, o Vêneto, e a exemplo de outros ex-companheiros de bola, como Zico e Arturzinho, pretende inserí-lo no futebol profissional.

– Minha principal meta para 2021 ou 2022 é filiar o Vêneto à Federação. A intenção não é a de ganhar títulos ou subir obrigatoriamente de divisão. Se revelarmos um atleta por ano, nosso objetivo já terá sido alcançado.


Sobre o futebol brasileiro dos dias atuais, Pedrinho é enfático. Ele acredita que o Brasil ainda retomará o posto de melhor do mundo, mas os time precisam trabalhar melhor os fundamentos dos atletas nas categorias de base.

– Os europeus, nesse ponto, estão muito acima de nós. Ficamos estagnados. Nosso futebol está pobre, sem alegria. Falta fundamentos ao jogador. É necessário trabalhá-los enquanto o jogador ainda está na base. A enorme quantidade de passes errados é um sintoma disso, ratifica.