Escolha uma Página
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Geral

QUANTO VALEM OS “NAMING RIGHTS”?

por Idel Halfen


Após anos tentando comercializar os direitos do nome (naming rights) para sua arena, o Corinthians, enfim, acertou com a Neo Química.

Por se tratar de uma opção de investimento ainda pouco presente em nosso país, fica difícil estabelecer um parâmetro seguro de avaliação no tocante aos valores e aos benefícios envolvidos na operação. 

Primeiramente é importante registrar que, se feito de forma criteriosa, o processo de precificação é algo extremamente difícil. No presente caso, então, por não se tratar de um ativo que precise mandatoriamente ser remunerado por esse tipo de receita, os custos e respectiva margem não são fatores tão determinantes para se estabelecer o valor de forma irrefutável. Assim, a comparação com outras oportunidades de patrocínio parece ser o mais adequado, lembrando que não há um histórico robusto de operações de naming rightsno país, o que faz com que a parametrização precise contemplar outras opções que o mercado oferece, principalmente em termos de exposição da marca.

Alertando que considerar a exposição da marca como a única forma de retorno se constitui num erro crasso, pois dessa forma se despreza os demais benefícios relacionados à ativação do patrocínio, comercialização de produtos e associação da marca a diversos valores, além de não se ter a certeza de quanto será o retorno de mídia espontânea. 

Será que os veículos de mídia falarão o nome? Quanto tempo demorará para o nome entrar no “idioma” do público? 

Nesse momento não é prudente arriscar sobre qual será a postura dos veículos de mídia, talvez os que se recusavam no passado a falar o nome dos patrocinadores tenham se conscientizado de que “não falar” prejudica a eles próprios, dado que a “sonegação” ao nome pode afastar as empresas do esporte e, consequentemente, impedir os clubes de contratarem e reterem bons jogadores de forma financeiramente responsável. Dentro dessa cadeia “produtiva”, um conteúdo com menor qualidade é, por sua vez, menos atrativo em termos de audiência, variável de suma importância para os anunciantes e fonte de receita dos veículos.

Sobre a inserção do nome nas conversas, creio que seja um processo rápido, pois, várias marcas já mudaram de nome e passaram a ser incorporadas ao vocabulário dos consumidores. Muitas dessas, aliás, com um poder de comunicação e penetração inferior ao de uma arena esportiva.

Diante das incertezas listadas, beira às raias da irresponsabilidade afirmar peremptoriamente que tenha sido um bom ou um mau negócio para qualquer uma das partes. Até porque, para ser taxativo em relação à decisão da empresa, seria necessário ter acesso aos objetivos e ao planejamento estratégico da marca.


Vale reconhecer que a Hypera Pharma, dona da Neo Química e de tantas outras, foi bastante feliz na escolha da marca que batizará o estádio, visto ser uma oportunidade de se destacar no mercado onde atua, o de medicamentos genéricos, onde as marcas pouco se diferem em termos de posicionamento mercadológico e a fidelidade é pequena.

Cabe, no entanto, uma pequena provocação em relação à palavra “Química”, dado haver uma preocupação de muitas marcas no que diz respeito à utilização de nomes que possam trazer algum tipo de conotação nociva. Ilustram essa tendência: a Dow, que evita incorporar a palavra “chemical” em ações de cunho mercadológico e a KFC que ao longo tempo vem mudando sua identidade, de forma que a palavra “fried” (frito), ainda que contida no nome, não apareça de forma explícita.

Já para o clube o negócio parece ter sido muito bom. Ajuda nessa conclusão a ciência acerca do longo período que a arena passou sem conseguir fechar esse tipo de negociação, o que é um considerável indício da complexidade da operação. 

O risco, nesse caso, fica restrito a um eventual movimento de valorização desse tipo de patrocínio, o que poderia deixar as cifras atuais defasadas, porém não acredito, já que para isso acontecer seria necessário um amadurecimento muito veloz do mercado de patrocínios esportivos, o qual não aconteceu nem na época dos mega eventos, mas que é o desejo de todos que acreditam na importância do esporte.

O VESGO

por Valdir Appel


Logo no início do filme Xeque-Mate, Mr. Goodkat (um matador de aluguel interpretado por Bruce Willis), explica ao seu interlocutor, antes de eliminá-lo, o que é Manobra Kansas City: “É quando todos olham para a direita e você vai para a esquerda”.

Esta cena me remeteu direto para o ano 1982, quando eu morava na pensão da dona Judy, em Goiânia, onde um grupo bastante heterogêneo de hóspedes dividia os vários quartos da enorme casa localizada bem no centro da capital de Goiás. Um deles era um jovem vindo do Japão, de nome Hiroshi. Uma bolsa de estudos em um intercâmbio qualquer jogou o garoto, de apenas 17 anos, entre jogadores, vendedores e familiares da amável pensionista.

Hiroshi não arranhava nada do português, e os moradores se esforçavam para fazê-lo compreender algumas palavras. Eu costumava levá-lo aos treinos do Goiânia. O garoto era apaixonado por futebol.

Assim, suas primeiras palavras compreensíveis eram os nomes dos jogadores da seleção brasileira. Ele não perdia um jogo pela televisão. “Ziiiiiiiiicô!” saía fácil. Difícil era falar “Paulo Isidorrrô”, “Caléééca!” (Careca). Como bom japonês, seu senso de humor era praticamente nulo. E se já era difícil explicar algo com bom senso, imagina contar algo engraçado pro rapaz.

Fim de março. Os hóspedes se reuniram na sala da Judy, em volta da TV, para assistir Brasil e Alemanha Ocidental, amistoso no Maracanã. Fiquei ao lado do Hiroshi comentando algumas jogadas do time do mestre Telê Santana, falando sobre a capacidade de público do maior estádio do mundo e, principalmente, sobre as características dos nossos craques.

Ele não desgrudava os olhos puxadinhos da TV, e quando entendia alguma coisa, balançava a cabeça e balbuciava algo que nos parecia uma aprovação. Notei que a sua vibração aumentava quando a bola caía pelo setor esquerdo do ataque brasileiro, nos pés do mágico Mário Sérgio. Mário partia pra cima do lateral, balançava o corpo para a linha de fundo e saía por dentro. Em seguida,ameaçava pra dentro e ia pro fundo, endoidando o marcador chucrute.

– Hiroshi, gostou do Mário Sérgio? – perguntei.

– Si…si! Muito bom, né?

– Hiroshi, o apelido do Mário Sérgio é Vesgo.

– Veeesgô?!

Expliquei então que o apelido do Mário se devia às jogadas que ele fazia. Olhava prum lado e lançava a bola pro outro, iludindo o adversário. Revirei os olhos tentando dar mais ênfase às minhas palavras.

Logo em seguida Mário Sérgio recebeu um passe do Adílio e partiu pra cima do lateral, bem ao seu feitio, com a bola colada no pé esquerdo. Gingou pra cá, gingou pra lá, olhou para a esquerda, e bateu com o lado de dentro do pé virando toda a jogada para o lado direito do ataque da seleção, colocando de forma milimétrica a bola nos pés do Careca. Pra surpresa de todos na sala, Hiroshi bateu palmas, abriu um largo sorriso, e repetiu varias vezes, mostrando que tinha compreendido o apelido do gênio:

– Veeesgô! Veeesgô! Veeesgô!

DIGA, ESPELHO MEU

por Zé Roberto Padilha


Acabara de chegar das Paineiras onde melhorava meu tempo na subida dos 5 km. Todo feliz por chegar ao lado do Pintinho e do Edinho, atrás apenas dos tempos do Toninho e Cafuringa, quase imbatíveis naquela primeira prova de resistência de um esporte que passava a incorporar os sacrifícios de um atleta a doce vida de jogador de futebol.

Morava no Humaitá e perguntei orgulhoso ao meu espelho, em 1972:

– Será que existe um ponta esquerda que corra mais do que eu?

Ele respondeu:

– Sim, seu nome é Dirceu. E ele joga no Coritiba.

Não desisti. Continuei a treinar ainda mais forte, tomar vitaminas, dormir cedo e era sempre o primeiro da fila nos exercícios físicos. Certo dia, dois anos depois, alcancei em 1974, na planilha de Carlos Alberto Parreira, 3.220m em 12 minutos no Teste de Cooper.

Muitos jogadores do elenco tricolor sequer alcançaram a marca dos 3 km. Gerson, então, o Canhotinha de Ouro, alcançou 2.460m. Me sentindo quase um queniano, retornei ao espelho, já morando na Rua do Catete, e ele novamente baixou minha bolinha ao analisar nossos desempenhos:

– Sim, Dirceu foi além do seu tempo. Já atuando no Botafogo, alcançou 3.475.

Era um recorde absoluto entre jogadores de futebol.

Aí veio nosso primeiro duelo num “clássico vovô”, e ele aconteceu por todos os lugares do campo, onde a bola estivesse no Maracanã. Até a primeira metade da década de 70, o camisa 11 enfrentava o camisa 2, Garrincha, com a 7, fazia dos camisas 6 suas vítimas. E o 9 ficava entre a zaga, camisas 3 e 4, esperando que o seu 10 diferenciado viesse e decidisse a partida.

Eram vários duelos à parte, em locais específicos dentro de uma mesma partida de futebol. E era estranho para mim, e para o Dirceu, diante de tamanha correria, duelar em locais nunca antes defrontados. O espanto era recíproco quando dividiamos uma jogada: “O que será que este ponta esquerda está fazendo por aqui?”.

Peladeiros nas derrotas, polivalentes nas vitórias. Deste jeito, fomos buscando com nossos pulmões espaços no futebol-arte. Acabamos sendo motorzinhos da mesma máquina de jogar futebol, eu em 75, ele em 76. Nossa missão era a mesma: cobrir o Marco Antonio, depois o Rodrigues Neto, e liberar o PC, o Rivellino e o Edinho para atacar os adversários.

Fomos bicampeões cariocas. Mas as seguidas contusões não me permitiram mais tentar alcançar seu tempo. Fui para Recife defender o Santa Cruz, ele alcançou a Seleção Brasileira. Desta vez o espelho bateu definitivamente o martelo em Boa Viagem. Era um reflexo bonito, de frente para o mar, mas a sentença era a mesma a seu favor. Dirceuzinho, como passou a ser chamado, realmente, fora bem mais longe do que eu.


Já não era mais meu adversário. Me tornei seu fã. Cada convocação sua alimentava dentro de mim um estímulo que nos ajudava a continuar exercendo a profissão, seja em Itabuna, para onde fui emprestado, Marília, Campos do Goytacazes, mesmo diante da perda dos meniscos, dos tornozelos fraturados, de uma hérnia inguinal rompida.

Se não machucasse tanto, pensava no cotidiano de cada um departamento médico, poderia continuar me espelhando, buscar seus feitos como buscava seus tempos, quem sabe, um lugar melhor na história do futebol brasileiro.

Um tempo depois, o espelho se quebrou. Dirceu José Guimarães, nascido como eu em 1952, precocemente, nos deixou. Hoje, ao acordar e escovar os dentes, por instante vi refletido no espelho, infelizmente esquecido, o tamanho da sua importância para o nosso futebol.

Três Copas do Mundo, terceiro melhor jogador do planeta em 1978. Daí peguei a caneta e procurei lhe fazer justiça, pois em matéria de gratidão e respeito a sua obra, pensei, ninguém vai ser mais rápido do que eu.

Que saudades, meu ponta esquerda!

O DRIBLE SALVOU A SUA VIDA

por Marcos Vinicius Cabral 


“Júlio César era um personagem, aquilo era um monstro, onde eu botava o manto e virava aquilo. Eu queria driblar. Para mim, era como matar a fome”, disse certa vez Júlio César Uri Geller, ex-ponta esquerda do Flamengo.

Após mais um dia de aula no extinto Colégio Parque Proletário Número Três, na Comunidade da Praia do Pinto, o pequeno Julinho se preparava para mais um dia daqueles.

De manhã até o meio-dia, o menino aplicava dribles nos sóis, nas chuvas, nos olhares desconfiados das pessoas e duelava com a fome, seu mais duro marcador.

Com uma flanela nas mãos, tentava convencer os frequentadores do Clube de Regatas do Flamengo a lhe dar uns trocados por ter dado um ‘capricho’ em seus carros.

Era a garantia do almoço.

Com a barriga cheia, todo cuidado era pouco para não perder o dinheirinho arrecadado ao pular os muros altos da Gávea, para se juntar aos outros meninos, e assim, passar despercebido aos olhos de seu Zizinho, técnico do dente de leite do clube.

Não bastassem os treinos exaustivos na parte da tarde do dia, o menino franzino se desnudava das chuteiras, meiões e caneleiras, para atuar  noutra posição: vendedor de amendoins torrados.

Tudo isso para ajudar dona Carmita, sua mãe, nas despesas de casa.

Criado apenas pela poetisa – como era chamada pelo filho Julinho – a adversidade era grande.

Mas o destino, um duro marcador, quase reduziu a pó sua vida e as de outras nove mil pessoas.

Na ocasião, naquele 11 de maio de 1969, mil barracos na Favela da Praia do Pinto, zona sul do Rio de Janeiro, viraram cinzas em um incêndio onde as causas nunca foram reveladas.

Das centenas de milhares de pessoas atingidas pela tragédia, uma em especial não se curvou ao destino: Júlio César da Silva Gurjol.

Sorriso doce, olhar obstinado, herança da mãe, a vida lhe colocaria frente a frente com Adílio, em 1963.

Era Cruzada São Sebastião x Favela da Praia do Pinto.

Era Julinho x Brown.


“Disseram que um garoto jogava mais do que eu. Eu duvidei! Tínhamos seis ou sete anos. Foi aí que começou a nossa história”, conta Júlio César Uri Geller numa tarde dessas na Gávea.

História esta construída com muitos gols, jogadas, assistências e tabelinhas que, desde o dente de leite até os profissionais, foi interrompida pela convocação do camisa 11 para disputar pela Seleção, o Pan-Americano em 1975, em gramados mexicanos.

Mas nesse mesmo ano, o mundo conhecia Uri Geller, o ilusionista que deixou todos boquiabertos ao dobrar talheres, identificar objetos ocultos e parar ou acelerar ponteiros de relógios a distância.

A Rede Globo aproveitou e promoveu dois programas especiais ao vivo com o israelense: o primeiro, direto do Teatro Fênix, no Rio de Janeiro, no dia 15 de julho de 1976, uma quinta-feira, e o segundo, no Teatro Globo, na capital paulista, no dia 1º de agosto, um domingo.

Os dois programas fizeram muito sucesso e entraram na lista dos mais vistos daquele ano.

Mas, Júlio César também era visto.

Tão visto que no ano seguinte, disputou sua primeira (e única) Olimpíada, a do Canadá

O quarto lugar teve um sabor amargo que contrastou com o doce de seu empréstimo ao Remo em 1977.

Era sua redenção.

Porém, superou mais uma vez a adversidade e ganhou da revista Placar a Bola de Prata e voltou ao clube de coração em 1979, a pedido de Cláudio Coutinho (1939-1981).

– Agradeço muito ao Leão do Norte, por ter me dado a oportunidade de vestir aquela camisa e com ela ter sido escolhido o melhor ponta-esquerda do país! – diz orgulhoso. 

Mas foi em abril, naquele 1979, num amistoso contra o Atlético-MG no Maracanã, na partida que teve a renda revertida para as vítimas das enchentes em Minas Gerais, que o endiabrado ponteiro fez valer o prêmio de melhor ponta do país e deu um show de dribles desconcertantes.

Na ocasião, último jogo de Dadá pelo Atlético, que totalizou 290 partidas e 211 gols pelo Galo, Uri Geller fez, literalmente, chover para os quase 140 mil pagantes que foram ver Pelé e Zico juntos pela primeira vez, mas acabaram vendo um ponta-esquerda acabar com o jogo.

Resultado: 5 a 1 para o Flamengo. 

Com o ‘Manto Rubro-Negro’, deu tempo ainda de ganhar o primeiro título nacional em 1980, antes de colocar o monstro para fora que existia dentro de si, em gramados argentinos no ano seguinte. 


Já era chamado pelo radialista Jorge Curi (1920-1985) de ‘Uri Geller’, que entortava não os talheres como o enigmático mágico, mas sim, pobres marcadores.

Correu o mundo ao sair do ‘Mais Querido’ em meados de 1981 indo jogar no Talleres da Argentina, onde encantou os argentinos. 

– Menotti me chamou para a Seleção das Américas e ele tinha o sonho de me ver ao lado do Maradona. Me naturalizei mas o Passarela ‘me achou’. Quebrei os ligamentos e fiquei fora do mundial! – lamenta.

Com passagens também no futebol mexicano, no português, no América/RJ, no Athlético  Paranaense, no Grêmio e no Vasco, Uri Geller, a personificação de Garrincha, parou em 1990.

Se formou em Educação Física e viaja o Brasil com o Fla-Master, onde continua mostrando o futebol moleque de quem completou em março deste ano 64 anos.

– Antes que alguém ache que eu enlouqueci por causa da comparação que vou fazer, digo que não e não. Mas gosto de dizer aquilo que penso: Júlio César não ganhou o apelido de Uri Guiller à toa. Ele, de fato, entortava os seus marcadores. O que Garrincha fez durante anos com os seus ‘Joões’, Júlio César, em uma escala menor, é claro, fez com os seus adversários. Dava gosto vê-lo jogar. Ele praticava o puro futebol arte. Se aquele time inesquecível do Flamengo tinha a cara de Zico, Júnior, Andrade, Adílio… tinha também a cara de Júlio César.”

(Francisco Aiello – Radialista da Rádio Globo)

ÍDOLO, ÀS VEZES O HERÓI IMPROVÁVEL

por Victor Kingma


foto 1.jpg

Todos que convivem comigo sabem que sou rubro-negro de carteirinha, paixão que vem de longe, desde quando eu era menino na fazenda, em Mantiqueira, lá pelo final dos anos 50.

A influência maior, como já relatei, foi da minha tia Luquinha, que contrariando o hábitos das moças da época, gostava muito de futebol.

Desde aquele tempo acompanho sempre os jogos do clube. Lembro-me bem que, no início dos anos 60, a linha de frente do Flamengo, como os narradores costumavam chamar, era formada por Joel, Gerson, Henrique, Dida e Babá.

A escalação dos times era assim, com cinco jogadores no ataque, embora o meia direita, o clássico camisa 8, no caso Gerson, na prática não era um atacante, mas o meia armador do time.

Apesar de os seus companheiros na dianteira do Flamengo naquele ano serem todos jogadores de seleção – Henrique e Gerson estavam convocados e Joel e  Dida fizeram parte do elenco que conquistou o primeiro título mundial para o Brasil, na Suécia, em 1958-, o ídolo da minha tia era o menos famoso de todos: o ponteiro esquerdo Babá.

Ela sempre costumava dizer: esse baixinho é infernal!


foto 2.jpg

Até colecionava revistas e jornais onde aparecia o seu ídolo.

O futebol sempre teve craques consagrados, de geração pra geração, jogadores idolatrados por uma legião de fãs.

Existem entretanto aqueles que, embora não tão famosos, ficam marcados para sempre na memória, às vezes de um único torcedor, devido a uma jogada, drible ou gol assinalado num jogo marcante da história do clube.

Nos tempos áureos das transmissões esportivas pelo rádio muitos ídolos eram até forjados no imaginário do torcedor através das narrações vibrantes de suas jogadas pelos locutores da época, como certamente foi o caso da minha saudosa tia Luquinha.

No mundo do futebol a idolatria despertada por esses heróis, às vezes improváveis, sempre será fundamental para a manutenção dessa paixão popular, independente da forma ou motivo que os tornaram ídolos.

Muitos, aliás, jamais vão saber dessa idolatria, como certamente Babá nunca soube.

A magia do jogo de bola tem dessas coisas.