por Zé Roberto Padilha
Tá aí o que ninguém queria! Que você nos deixasse tão cedo, órfão da magia que era narrar o futebol arte do jeito carioca de ser.
Cheio de malícia, criatividade e arte.
É cruel, muito cruel esta vida que retira da gente grande parte daqueles que nos fizerem mais apaixonados por ela.
E Januário de Oliveira, e seu arsenal de bordões, clichês, tornava a paixão nacional, o futebol, ainda mais emocionante. E divertido.
O elástico de Rivelino sobre Alcir, do Vasco, foi uma obra de arte. E o lençol de Roberto Dinamite sobre Osmar, dentro da pequena área, e concluído de voleio, narrados por ele pela Rádio Tupi, eram para ser colocados na parede de uma galeria. De arte.
Era um olho no campo, um radinho de pilha com a narração do Januário. Assim vivemos as melhores tardes dos melhores dias do nosso futebol.
Era tanto talento dentro de campo, com Gerson, Rivelino, Zico, Garrincha e Jairzinho, que ele entrava redações adentro, e seduzida Nelson Rodrigues, João Saldanha, e iluminava até a pena literária imortal do mestre Armando Nogueira.
O Jornal dos Sports tinha o Henfil, o JB, Sandro Moreira, a Rádio Globo, Waldir Amaral, Jorge Cury, e Mario Vianna. Esse, então, gritaria para quem tomou a decisão de levar Januário tão cedo:
Gol legal?
Errouuuu. Errooouuu!
Se tivesse o VAR, pediriamos para voltar o lance. E solicitar ao criador só mais um pouquinho para você ficar.
Para que o seu exemplo, o seu legado, não seja perdido para a mesmice, para o previsível, que ele volte a elevar os rumos dos que jogam, comentam e narram nossos jogos de futebol.
Por uma questão de felicidade, não combina, neste momento de pandemia e isolamento dos torcedores dos estádios, ver o porta voz da irreverência e da criatividade fora da mídia.
Assistir seu corpo e nossas almas, e o que restou de esperança de uma paixão nacional, literalmente estendidas no chão.
Descanse em paz, meu ídolo.
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