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SIM E NÃO

3 / junho / 2021

por Rubens Lemos


Alguns amigos da minha geração, do fim dos anos 1970 e plenitude nos anos 1980, sempre perguntam se ganharíamos da Itália em 1982 fosse a Copa do Mundo um campeonato, com turno e returno e não um torneio de tiro curto, simples, errou, morreu. Sempre digo sim e não e vou explicar.

Digo sim se (conjunção da ilusão), Telê Santana, teimoso siderúrgico, trocasse na partida da volta contra a Azzurra, o goleiro Valdir Perez por Carlos (o melhor mesmo era Leão, que não foi por birra de Telê), o quarto-zagueiro Luisinho por Edinho, o amarelão Cerezo pelo corajoso Batista e o horroroso centroavante Serginho Chulapa por Roberto Dinamite.

Ou mesmo Telê Santana, que odiava o Vasco – veterano, foi dispensado em 1965 e não poria Dinamite, adiantasse Sócrates com Paulo Isidoro na ponta-direita. Ponta-direita que o traumatizou no baile tomado de Garrincha nos 6×2 do Botafogo no Fluminense em 1957.

O time ficaria competitivo, não somente belo e encantador. Estava em jogo uma vaga, a classificação e com Cerezo dando passes perfeitos para Paolo Rossi e atrasando cabeçadas com a bola dominada para escanteio, Luisinho sem pular uma Gilete e Serginho Chulapa inútil e dominado pelo magistral Gaetano Scirea, líbero perfeito, possivelmente perderíamos a segunda por 4×2.

Todos dizem que em 20 partidas Brasil x Itália em 1982, o Brasil ganharia 19. Depois insistem que somos humildes, simpáticos e despretensiosos. A seleção italiana era excelente e melhor para disputas do modelo da Copa de então. E de sempre, pois, passada a primeira fase, começam os mata-matas.

A Itália tinha Zoff, um monstro no gol, Scirea já mencionado, Cabrini, um lateral-esquerdo do nível de Júnior, dois meias que jogariam no time do Brasil: Tardelli e, sobretudo, Antognioni, um falso ponta brilhante, Bruno Conti, um artilheiro que funcionava, Paolo Rossi e um outro armandinho de talento, Graziani.

Então, melhor ficar do jeito que a história decidiu. Quando o Brasil perde, vem a soberba verborrágica, “foram os deuses do futebol”, quando o Brasil ganha, não há deuses, mas a onipotência insuperável do jogador brasileiro.

Em 2014, ninguém falou em Deus na justíssima surra de 7×1 da Alemanha, sobre o time de mascarados cabeças de bagre. A Holanda não repetiu, por ressaca e piedade, a diferença de gols na decisão do terceiro lugar, puxando o freio nos 3×0.

O encanto que resta na Copa do Mundo é o seu caráter eliminatório. Senão seria uma Copa América acrescida de europeus, africanos e asiáticos. E bote chata nisso.

A Copa América, exceto a de 1989, aquela em que Bebeto e Romário deram show, é competição sem charme, sem consequências, não classifica para nada. Seria ótima, garantisse uma das vagas das Eliminatórias continentais para a Copa do Mundo, aí sim.

Sobre Brasil x Itália, para tentar encerrar o que nunca vai terminar, é comer uma macarronada com cerveja e dormir. Para sonhar com o 3×3 e acordar puto da vida.

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