por Eduardo Lamas Neiva

A música de Marco Ferrari atraiu a atenção de grande parte do público e de nossos amigos. Após o burburinho dos comentários, Zé Ary manteve o tema e lançou a bola na área.
Garçom: – Não foi naquele mesmo Campeonato Brasileiro, em 88, que o Gaúcho defendeu dois pênaltis contra o Flamengo?
Idiota da Objetividade: – Sim, o Flamengo perdia para o Palmeiras, por 1 a 0, quando o goleiro Zetti se machucou gravemente após choque com o atacante Bebeto. O time paulista não podia mais fazer substituições, então Gaúcho, falecido em 2015, vestiu a camisa de goleiro e levou o gol de empate, marcado pelo próprio Bebeto. Na disputa de pênaltis, no entanto, ele virou herói ao defender os chutes de Aldair e Zinho.
Sobrenatural de Almeida: – Dei uma grande ajuda pro Gaúcho naquela noite. Não foi Gaúcho?
O artilheiro se levanta e não deixa barato.
Gaúcho: – Que nada, eu sempre fui bom goleiro.
Ceguinho Torcedor: – Assombroso!
Todos riem muito.
Gaúcho: – Na primeira bola eu levei o gol, mas consegui depois pegar os dois pênaltis que ajudaram o Palmeiras naquela noite no Maracanã.
Todos o aplaudem. Ele agradece e se senta novamente.
João Sem Medo: – Zetti, Bebeto, Aldair e Zinho foram campeões mundiais em 94.
Garçom: – E o Gaúcho, um dos heróis do Flamengo no Brasileiro de 92.
Idiota da Objetividade: – Foi sim, mas o grande nome daquele time de 92 foi o Júnior, que além de Maestro, foi o artilheiro do Flamengo, com 9 gols. Um a mais que o Gaúcho.
Gaúcho se levanta de novo.
Gaúcho: – Eu deixei essa pra homenagear o Maestro.
Risos na plateia.
João Sem Medo: – É, mas o Flamengo teve muito mais time no início dos anos 80.
Idiota da Objetividade: – Aquele time comandado por Zico foi campeão brasileiro em 1980, 82 e 83. Ainda venceu a Libertadores, o Carioca e o Mundial Interclubes em 81.
João Sem Medo: – Em Tóquio, Zico, Adílio, Júnior, Leandro, Andrade e Lico ficaram bem à vontade e puseram o Liverpool na roda. A vitória de 3 a 0 foi muito justa.
Garçom: – E a festa da torcida varou aquela madrugada, o bar em que eu trabalhava na época não fechou de sábado pra domingo. Se já era ídolo, Zico virou Rei.
Músico: – Merece música, né? Zico tem muitas pra contar e cantar.
Garçom: – Verdade! Vamos ouvir, então, uma do Carlinhos Vergueiro, aqui no som, que se chama “Zico”.
Todos aplaudem a música, e Geraldo, muito amigo do Galinho de Quintino, aplaude de pé e é seguido por seu Antunes, dona Matilde e Tunico e por outros ex-companheiros de Flamengo e seleção brasileira, como Figueiredo, Zé Carlos, Rodrigues Neto, Sócrates.
Idiota da Objetividade: – O Flamengo foi o primeiro time brasileiro a conquistar o Mundial Interclubes depois do Santos, que foi bicampeão, em 1962 e 63.
Ceguinho Torcedor: – O Santos de Pelé deu grandes exibições de futebol. Foi assim no título mundial de 62, quando goleou o Benfica, no Estádio da Luz, por 5 a 2. Só Pelé fez três gols. O Santos destroçou o Benfica de Eusébio. O Santos não, Pelé. Só o Negro Divino existiu naquela noite diante de uma multidão uivante de 80 mil pessoas, sem contar os caronas espectrais, os infantes, os Camões, o túmulo de Inês de Castro. Houve em Lisboa um silêncio de catástrofe, de estourar os tímpanos, como em 50, aqui. Ao terminar o jogo, a garotada invadiu o campo e Pelé foi caçado. Estraçalharam sua camisa, e os portugueses levaram os seus farrapos como se fossem trapos radiantes de um santo.
João Sem Medo: – Pelé foi o maior que vi jogar.
Garçom: – Falando no Rei…
Músico: – É, sem dúvida, o jogador que mais homenagens musicais recebeu até hoje.
Ceguinho Torcedor: – O Rei merece, por tudo o que fez pelo Brasil.
Garçom: – Então, vamos ver no telão, uma apresentação especial da Orquestra Sanfônica Balaio Nordeste tocando “A ginga do Pelé”, de João do Pife?
Todos respondem em coro um “sim” em alto e bom som.
Garçom: – Então, vamos lá!
Todos aplaudem muito.
Garçom: – Ainda falaremos muito de Pelé e ouviremos muitas músicas sobre ele, que virá aqui, com certeza.
Fim do capítulo 39
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