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UM LUGAR PARA CAIR MORTO

6 / dezembro / 2018

por Rubens Lemos

O lugar do Vasco é a Série B. Sou um cara beirando os 50 anos de idade e perdi a capacidade de me desiludir posto que não me iludo com mais nada. São 30 anos de profissão e se elogio fosse dinheiro, compraria quatro São Januários para mim com todos os craques sonhados reais, cada um na flor da forma, para fazer torneios de imaginação.

Escalaria Acácio; Mazinho, Ricardo Rocha, Mauro Galvão e Marco Antônio (de meiões arriados); Zé Mário, Geovani e Dener; Edmundo, Roberto Dinamite e Romário. Seriam os onze do primeiro estádio desejado. Desejar é grátis.

Depois, Leão; Orlando, Torres, Daniel González e Pedrinho; Zé do Carmo, Zanata e Arthurzinho; Mauricinho, Dé (cheio de areia nas mãos pra jogar nos olhos dos goleiros) e Dirceu. O terceiro time: Mazarópi; Luis Carlos Winck , Abel, Geraldo e Felipe; Pintinho, Mário Português e Juninho Paulista; Euler , Luizão e Bismarck.

Os outros onze saem aleatoriamente, saltando de alegrias esparsas ou sentenciais aos dribles, lançamentos e gols espíritas: Carlos Germano, Paulo Roberto, Donato, Válber e Cocada improvisado (entra, abençoado pela fúria do gol de 1988 contra os urubulinos); Luisinho, Boiadeiro e Tita; Donizete, Sorato e William.


Juninho Pernambuco, não. Estou em pleno gozo dos meus direitos individuais e o tal sujeito é um militante tão insuportável que apagou seus milagres de minha retina. Um chato metido a Che Guevara sem motocicleta nem ternura.

Vou duelando no cansaço mental, os quatro Vascos, um de cada São Januário do meu coração. Pedaços flutuando no tempo e despertando o sorriso feito carranca por um clube que a cartolagem conseguiu transformar em ex.

Recuso-me a aceitar qualquer um do Vasco de hoje. Craque com nome de boneco eletrônico japonês de franquia é o meu baralho. Argentino gagá tratado feito bibelô é cascata não casaca, nosso brado de viradas heroicas lusitanas. A eles, o anonimato da insignificância.


O Vasco dos meus quase 50 anos (tenho 48) não mira taças, títulos, epopeias. Esperneia e se debate feito vira-lata rodrigueano crônico para não cair à Série B, seu devido barraco por fracasso imposto por um capo caricato e um ídolo grotesco fantasiado de cartola.

Quando se chega às imediações dos 50 anos de vida, sonhar é recordação e dependência. É o doce cansaço da primeira divisão existencial onde o passado e a impaciência, jogam na linha de fundo o que faz mal e é desamor. Série B, Vasco. É teu lugar pra cair morto.

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