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ADEUS, AMIGO!

por Zé Roberto Padilha

Você, Paulinho, como cada torcedor tricolor que teve o privilégio de defender sua paixão em campo, como eu, Rubens Galaxe, Abel, Marinho, Marco Aurélio, Nielsen e tantos filhotes de Pinheiro, foi uma das pessoas mais generosas que conheci.

A luta por um espaço tão cobiçado no país do futebol não encontrou em você um concorrente comum. Frio, calculista e capaz de colocar seus objetivos pessoais acima da lealdade com que deveria reger tal embate.

Você chegava, treinava, dedicava o seu melhor em prol do Fluminense. Nem precisávamos procurar seu currículo para saber que seu berço foi de amor, seus professores sábios, suas amizades preciosas e que tornaram sua trajetória pautada por princípios éticos e morais .

Um gentleman.

Quando arrumamos nossas malas de volta para o nosso interior, eu para Três Rios, você para Muriaé, levamos de volta lições de uma profissão única e apaixonante. Tão excitante, poucas são as que te levam a um palco onde seu talento entra em campo sem saber o que vai produzir.

De repente, pegamos na veia, acertamos o ângulo e saímos de campo consagrados. Em outra, perdemos um pênalti e carregamos pra casa toda a culpa do mundo. O torcedor, chateado, demora a dormir. Nós, ficamos de olhos abertos madrugada adentro tentando mudar o canto. Trocar a tragédia pela glória que esteve por segundo sob nossos pés e mãos.

Enfim, seu amigo ganhou uns dias, talvez alguns anos para continuar nossa luta. E permanecer lúcido para fazer justiça e prestar nossa homenagem às pessoas queridas que foram tão importantes em nossas vidas. Como você, Paulo Goulart.

Descanse em paz, amigo.

PAULO GOULART, ETERNO

por Paulo-Roberto Andel

Tinha tanta gente no Maracanã que, mesmo pequenininho, eu mal conseguia me mexer. Cheio mesmo.

De repente, houve uma confusão e a torcida do Flamengo urrou nas alturas, já comemorando um gol de pênalti que nem tinha sido cobrado. Começo do segundo tempo. Eu nunca tinha visto tanta gente comemorando um gol sem que a bola já tivesse entrado.

Nós ganhávamos o Fla x Flu por 2 a 0. Rubens Galaxe fez um golão chutando forte, Pintinho fez um raro gol de cabeça.

Marcado o pênalti, Zico ficou encarregado da cobrança. O maior jogador deles. Aí por um minuto cem mil pessoas se calaram – apenas suspiravam.

Zico cobrou, Paulo Goulart – o jovem goleiro bigodudo do Fluminense – voou na esquerda e mandou a bola para escanteio. Aí foi a torcida do Fluminense que disparou um urro lancinante. Eu nunca tinha visto tanta gente comemorando uma bola que não entrou.

A defesa do pênalti deixou o Flamengo atordoado, na lona, incapaz de reagir. E no fim do jogo, o garoto Cristóvão tratou de deixar Manguito no chão e marcar um golaço.

O Fluminense deitou e rolou: 3 a 0 no multicampeão. Teve de tudo naquele dia, até o adiamento da estreia da Flagay por causa da homofobia em setores da torcida rubro-negra.

No dia seguinte Zico foi deselegante: disse que era impossível perder o pênalti, só defendido porque Paulo Goulart se adiantou. Bobagem. Anos antes, ele já tinha perdido contra Mazzaropi. Depois, no mesmo 1979, contra o Serrano. Anos depois, seria contra Joel Bats. E Paulo, que chamávamos de Paulinho, pegaria pênaltis de ninguém menos do que Roberto Dinamite e Nelinho, dois dos maiores cobradores do mundo.

Não era fácil ser Paulo Goulart. Era suceder de uma vez só Félix, Wendell e Renato, todos goleiros padrão Seleção Brasileira. Mas ele conseguiu. Paulo é o principal responsável pelo Fluminense ter conquistado o primeiro turno do Carioca 1980 diante do Vasco. Era o primeiro turno que o Flu vencia desde 1976. Ele voou nos pênaltis e nos colocou na final do campeonato.

Paulo Goulart era mais um dos garotos do Fluminense que, depois de três anos, reconduziu o Fluminense ao título estadual em 1980. Depois do sonho da Máquina, a garotada tricolor se impôs contra os timaços do Vasco e do Flamengo. Fomos campeões de terra, mar e ar.

Num começo de noite em outubro de 1979, eu fui um dos garotos mais felizes do mundo. Diante de mais de 100 mil pessoas, vi o Fluminense esfolar o Flamengo, vi Paulo Goulart parar Zico, vi o Fluminense em tamanho real. Quarenta e quatro anos depois, a sensação é a mesma. E daí que envelheci? Nesta lembrança, sou criança para sempre.

Claudia Mendes involuntariamente acabou de me deixar atordoado no WhatsApp. Não importa, eu seguirei em frente nesta sexta-feira, porque Paulo Goulart vai voar para sempre e defender todos os pênaltis. Aquela distante noite de domingo em 1979 já era a eternidade, eu é que não sabia.

“AGAAAAAARRRRRA, PAULINHOOOOO!” (Jorge Curi).”

SIR FÁBIO

por Zé Roberto Padilha

Nós podemos até contestar algumas mordomias concedidas à família real inglesa, como a destinação de 15% da receita do país à Casa Real. Porém, existem ritos seculares que merecem nosso reconhecimento.

Como a concessão do título de “Sir”, uma honraria aos que se destacaram em suas profissões e elevaram o nome do país. Elton Jonh, The Beatles, Bobby Charlton, Alex Ferguson, Charles Chaplin estão entre eles.

Para um país sem memória, como o nosso, que vive a fugir da cadeia alheia e muitos dos seus jogadores estão envolvidos em escândalos sexuais e compra de resultados, não estaria na hora de conceder tal honraria a quem vive a nos dar exemplos em sua notória arte?

Sir Fábio.

No país do futebol, tal concessão seria feita pela CBF. E o primeiro critério seria a convocação para nossa seleção. E nada como começar a homenagear nossas unanimidades por um atleta profissional acima de qualquer suspeita.

E Fernando Diniz, para ser tão justo quanto competente, precisa reconhecer um dos pilares de sua ascensão. Ser corajoso diante da dualidade de suas funções. E entre um goleiro revelação e outro que não precisa provar nada mais a ninguém, convocaria o Fábio.

Poucos jogadores de futebol dignificam tanto a posição e a profissão, dentro e fora do campo, quanto ele.

Como Alisson é titular, Fábio vai sentar no trono. Não no banco. E receber o reconhecimento de todos nós ao se tornar o primeiro Sir de uma nova história.

“UMA COISA JOGADA COM MÚSICA” – CAPÍTULO 27

por Eduardo Lamas Neiva

Em meio à festa dos bangüenses, Almir aparece de surpresa no bar Além da Imaginação, mas desta vez em vez de socos e pontapés só houve sorrisos e abraços, especialmente em Zé Ary, velho conhecido, João Sem Medo, Ceguinho Torcedor, Sobrenatural de Almeida, que brincou com ele sobre o sopro no ouvido na final de 66, e Idiota da Objetividade. Ele cumprimentou seus adversários daquela final também e foi levado ao palco.

Garçom: – Almir, enquanto a gente vai vendo as imagens no telão, conta pra gente como foi aquela confusão toda que você armou na final de 66.

Almir: – Olha, pra jogar aquela partida eu tomei dois Dexamil.

Idiota da Objetividade: – Pra quem não sabe, Dexamil é anfetamina, uma droga sintética estimulante que age diretamente no sistema nervoso central.

Almir: – Pois então, outros jogadores tomaram também, porque naquelas horas a bolinha aparecia não se sabe como. Havia sempre alguém oferecendo: quem quisesse tomar, tomava mesmo. Silva não tomou, não gostava. Também não tomaram nada nossos homens do meio-campo: Carlinhos e Nelsinho.

João Sem Medo: – Do doping ninguém soube.

Almir: – Não, só depois que contei a história toda no meu livro e pra revista Placar já nos anos 70.

Idiota da Objetividade: – Toda aquela confusão deixou você fora dos campos por quase seis meses de suspensão.

Almir: – Verdade.

Ceguinho Torcedor: – Mas o que lhe deu na cabeça, rapaz? Era pra ser uma partida genial, um dos maiores espetáculos da Terra. A cidade estava possuída pelo jogo. Nos botecos, nas retretas e nos velórios não se falava, não se pensava, não se sentia outra coisa, a decisão era assunto obrigatório. Mas onde entra a paixão humana, tudo é possível. Antes do jogo, as brigas pipocavam por todo estádio Mario Filho. Eram cento e oitenta mil ventas incandescentes e tudo era pretexto para o palavrão, para o insulto e para o tapa. E assim, quando os vinte e dois jogadores entraram em campo, a paixão ardia no estádio!

Almir: – O clima era bem esse, Seu Ceguinho! Nós ainda estávamos fazendo aquecimento muscular no campo, batendo fotografias, dando entrevistas, quando o Sansão se aproximou de mim e já foi advertindo: “Olha aí, Almir, eu estou de olho em você. Muito cuidado que eu vou te expulsar”. O primeiro gol foi feito por Ocimar, num chute mais ou menos da intermediária. Valdomiro pulou atrasado, chegou a tocar na bola com um soco, mandando-a as redes. Estava explicado porque ele cantava tanto dias antes…

João Sem Medo: – Ele estava na gaveta também, Almir?

Almir: – Seu João, havia um ambiente de revolta no vestiário. O diretor de futebol do Flamengo, Flávio Soares de Moura, estava indignado, percebera que o Bangu armara um esquema para ganhar o título de qualquer maneira. Ele me fez uma pergunta não como dirigente, mas como torcedor: “Almir, eles vão dar volta olímpica?” Não vai ter volta olímpica não, seu Flávio. Só se for do Flamengo […]

Garçom: – Seria bom que o Valdomiro viesse aqui pra dar a sua versão.

Almir: – Ele vai negar, claro. Mas também não posso provar nada, só foi muito estranho. Hoje não tem mais briga, estamos aqui nos confraternizando, mas lá na hora, além de nos golear, o Bangu queria ensaiar um baile. Eu já estava com raiva, e o sangue subiu à cabeça por volta dos 25 minutos quando o Ladeira, do Bangu, discutiu com Paulo Henrique e deu um soco na cara dele. A confusão começou ali. Depois que o Itamar acertou o Ladeira e dei uns chutes nele, olhei os bolos de jogadores e disse comigo mesmo: “Tudo o que estiver com camisa de listras brancas e vermelhas é inimigo”.

Ubirajara: – Quando você voltou pro campo eu te desafiei, Almir.

Almir: – É, você veio com uma de valente: “Lá fora vamos resolver isso”. (risos)

Ubirajara: – Você me deu um soco no estômago e quando me levantava pra revidar…

Almir: – O Ari Clemente me deu um soco.

Sobrenatural de Almeida: – Que bafafá! Hahahaha

Almir: Foi mesmo. Cem mil torcedores gritando “porrada, porrada, porrada…” Mas aí a polícia veio e acabou com a festa e o juiz Airton Vieira de Moraes acabou cumprindo bem o seu papel: expulsou cinco do Flamengo, eu, Silva, Itamar, Valdomiro e até o Paulo Henrique, e quatro do Bangu: Ari Clemente, o Ubirajara, Luis Alberto e Ladeira. O Flamengo ficou com menos de sete em campo e o Bangu foi declarado vencedor.

Ubirajara: – Merecidamente.

João Sem Medo: – Concordo. O Bangu foi o melhor time daquele campeonato.

Músico: – Toca o hino do Bangu!

Lamartine Babo: – Marcha do Bangu, que tive o prazer de compor e o clube depois oficializou como hino, o que muito me honra.

Com todos os jogadores bangüenses daquela final de 66 cantando em alto e bom som, Almir ficou só observando, desta vez respeitosamente. E aplaudiu no fim da cantoria.

Almir (rindo): – Hoje não vai ter confusão.

Todos riem e aplaudem.

Ceguinho Torcedor: – O Almir merece ser lembrado também por suas épicas atuações.

Almir: – Obrigado, seu Ceguinho. Mas deixo pros senhores contarem o resto da história. Vou me sentar ali pra ouvir os senhores contarem as minhas histórias. (rindo)

É aplaudido, agradece, deixa o palco

João Sem Medo: – Você foi um jogador completo depois de Pelé. Possuía técnica e habilidade apurada e tinha velocidade.

Almir: – Muito obrigado, seu João.

João Sem Medo: – Por nada, você merece. Almir substituiu Pelé na final do Mundial Interclubes contra o Milan, em 63, quando o Santos conquistou o bicampeonato. Ele fez um gol na vitória de 4 a 2, no segundo jogo da final, no Maracanã, mesmo placar em favor do time italiano, em Milão, e sofreu o pênalti que originou o gol da vitória santista no Maracanã, marcado pelo Dalmo.

Almir: – Deixa eu contar outra história aqui, seu João. O Amarildo desrespeitou o Pelé depois do primeiro jogo. Disse que o Pelé estava acabado e eu não admitia que falassem mal do Pelé. Jurei o Amarildo, dei umas pancadas nele no Maracanã e ganhamos duas vezes deles no Rio e nos sagramos campeões.

Garçom: – Vamos aproveitar chamar aqui ao palco Francisco Egydio pra cantar duas músicas em homenagem ao Santos.

Francisco Egydio vai ao palco muito aplaudido.

Francisco Egydio: – Muito obrigado, minha gente. Vamos cantar “O Santos ganhou”, de Nilo Silva, Mazinho e Nandinho, e depois “Glória ao Santos Futebol Clube”, de Carlos Henrique Roma e é o hino oficial do clube, menos conhecido que o  popular que começa com o verso “Agora quem dá a bola é o Santos”. Vamos lá, sem pausa pra respirar!

https://discografiabrasileira.com.br/disco/135729/odeon-14419

TERCEIRIZADA É O CACETE

por Israel Cayo Campos

Antes de mais nada, gosto sempre de lembrar: sou Nordestino (com N maiúsculo!), torcedor do ABC de Natal e do São Paulo Futebol Clube. Portanto, não vai haver nenhuma defesa clubística ao Flamengo ou a quem quer que seja, mas sim uma defesa ao direito de torcer e amar o clube que quisermos! Ou até mais de um!

​De acordo com levantamento do O GLOBO/Ipec, 50,4% dos torcedores nordestinos preferem times “de fora”, e o Flamengo é o favorito; essa pesquisa foi realizada em julho de 2022.

​Apesar de o Flamengo ser a maior torcida do Nordeste por motivos históricos, como por exemplo a forte influência da Rádio Nacional do Rio de Janeiro transmitindo os jogos do clube desde os anos 1930 na região, ou da TV Globo mostrando a era de ouro do clube já pela televisão durante os anos 1980 para o Nordeste, vale salientar que o time da gávea não é o único a ter torcida de grande porte em nossa região.

​A população total nordestina é de aproximadamente 55 milhões de habitantes (dados do site Agência NE9 de junho de 2023). Desse total, temos aproximadamente 13 milhões de flamenguistas. Mas na mesma pesquisa vemos que o Corinthians possui 5 milhões de torcedores, o São Paulo um pouco mais de 4 milhões, o Palmeiras 3,7 milhões e o Vasco 2 milhões de adeptos na região. Lembrando que 17,2 milhões de nordestinos não tem clube (o que corresponde a 31,2 % da população do Nordeste, sejam esses clubes nordestinos ou não) ou se interessam por futebol segundo um cálculo simples feito com as porcentagem dadas por O GLOBO/Ipec para cada torcida em relação ao total da população nordestina com dados já informados.

​Se considerarmos que essas são as cinco maiores torcidas do país, fica bem óbvio que não é só o Flamengo quem “se beneficia” da torcida nordestina! Quando levamos para o Brasil todo, vemos ainda mais a importância da torcida nordestina para os cinco times de maiores adeptos no país. O Flamengo de 45,28 milhões de torcedores possui 27% de sua torcida na região Nordeste, o Corinthians com 32,2 milhões possui 15% de sua torcida aqui, o São Paulo 17,03 milhões possui 23,1% de adeptos nordestinos, já o Palmeiras com 15,7 milhões de torcedores no Brasil todo possui só no Nordeste 23,5% de sua torcida e o Vasco da Gama com seus 8,72 milhões de torcedores possui praticamente 23% de sua torcida total “por essas bandas”.

Aí ficam minhas perguntas: Algum torcedor ou até time por meio de seus interlocutores que zomba das torcidas ditas como “terceirizadas” gostaria de se desfazer de tamanhas porcentagens totais de suas torcidas? Apesar de o Flamengo ter a maior torcida, os demais clubes mais populares do país abrem mão de possuírem tamanha porcentagem de seus torcedores por uma xenofobia sem sentido e um néscio lema de que cada torcedor deve torcer para o time de seu estado? Perder esse bom pedaço de receita de televisão, mídias sociais, produtos e até de sócios? Eu duvido muito! Mas então por qual motivo o nordestino que torce para um time do eixo Rio-SP (utilizei os cinco com mais torcida apenas, mas serve para outros) possuem tamanho preconceito e/ou xenofobia com os torcedores de nossa região?

​É correto que se chame de “terceirizado” quem torce pra um time fora da sua região? Como se o amor fosse uma questão de escolha? Esse pensamento tacanho de que o nordestino não deve torcer para um clube de outro estado não seria um profundo pano de fundo para esconder a xenofobia existente no futebol? Uma desculpa perfeita para validar essa afirmação preconceituosa até como forma de proteger seu time que talvez não seja o mais querido na região e no país? Sinceramente a coisa que mais me irrita no futebol é ouvir alguém dizer que o torcedor nordestino é terceirizado.

Um discurso ignorante, xenófobo e de uma profunda inveja. Afinal, quantos Corinthianos, São Paulinos, Palmeirenses e Vascaínos nasceram no estado de origem de seus clubes mas nunca colocaram um pé nos estádios para acompanhar uma partida deles? Seja pela violência, elitização do futebol que hoje tira o pobre dos estádios ou qualquer outro motivo? Aposto que são muitos! Mas o errado é o nordestino torcer?

Usando esse pensamento linear tolo da maioria dos que nos difamam, todos os que leem esse texto casaram com uma mulher de seu estado? Da sua cidade? Se amar um clube de futebol de outro estado é errado, se tratando apenas de um jogo, o que dirá amar uma pessoa de outro estado e ficar ao lado desta(e) o resto da vida? Mas se eu escrevesse e não apenas estivesse a provocar com a mesma linha de raciocínio pobre desses torcedores que as pessoas só devessem amar pessoas do seu estado, de que me taxariam? Preconceituoso e Cretino seriam os adjetivos mais educados! Que tal um espelho nessa hora há muitas pessoas?

Quanto a aqueles que alegam que os “terceirizados” possuem dois clubes, o da sua cidade e o do grande centro do país (geralmente pra cutucar e criticar o tamanho da torcida do Flamengo, pois como já provei, não seria bom pra nenhum time grande perder o apoio que possuem no Nordeste), o que dizer dos mais jovens que com toda razão hoje em dia estão cada vez mais apaixonados pelo futebol europeu, onde jogam as grandes estrelas? A maioria deles nunca vai pisar na Europa para ver Real Madrid, Barcelona, Manchester, Bayern, Juventus ou qualquer outro desse porte, mesmo assim, eles torcem e se apaixonam por esses clubes! E não só jovens como muitos senhores, senhoras e pasmem, gente da mídia também! Seriam esses terceirizados internacionais?

Podemos ter quantos times quisermos, desde que de fato torçamos por esses! Tô cansado de ver gente do interior de grandes estados torcendo para o grande clube do mesmo e para o time da pequena cidade onde nasceu. Times muitas vezes sequer sem expressão alguma. Mas isso pode?

A discrepância financeira associada a forte mídia centenária do futebol de Rio e São Paulo sobre a região Nordeste criou tal situação, infelizmente nossos clubes financeiramente não são capazes de disputar de igual para igual com esses, e acabamos por nos apegarmos em grande parte ao local, nacional e como citei antes, alguns até ao global torcendo para times do exterior!

E não há nenhum crime nisso! Eu, enquanto São-Paulino e Abecedista, não me considero menos São-Paulino do que o que nasceu na capital paulista. Até porque a maioria não sabe quem foram Gino, Paraná, Leônidas, Sastre, Poy, Pedro Rocha, Roberto Dias, Peixinho, Teixeirinha, Canhoteiro, Rubén Barrios, Friedenreich e tantos outros que eu não terminaria o texto hoje. Esse que vos escreve conhece e muito a história desse clube e dessas lendas, e olhe que só citei aqui jogadores de 1970 para trás, pois conhecer de Serginho Chulapa “pra frente” é uma grande moleza! Portanto, quem não sabe sequer a história do SPFC jamais poderá me chamar de terceirizado. Pode ter nascido ao lado do Morumbi,não tem moral alguma para isso! E o mesmo vale para os demais torcedores nordestinos dos outros clubes! Que amam seus ídolos e a história de seus times.

​Portanto, meus caros, parem de agir de maneira canalha com o povo que ajuda a sustentar seus times de coração! Parem de usar esse termo pejorativo e preconceituoso de “terceirizados” só porque alguém não nasceu no seu estado! Comecem a perceber que ao querer ofender flamenguistas – que são o principal alvo desse tipo de ataque mal caráter, e que mesmo que fosse verdade e só existissem flamenguistas aqui já é um ataque preconceituoso por si só, como se o Nordeste não fizesse parte do Brasil! Não tivesse valor -, vocês muitas vezes estão ofendendo outros milhões de torcedores, muitos até do seu próprio clube de coração que aqui residem! Reitero, ninguém escolhe onde quer nascer, ou a quem ou o que amar. Portanto, terceirizados é o cacete!