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O REI DE IPANEMA

27 / janeiro / 2025

por Elso Venâncio

Narciso Horácio Doval era o personagem mais popular de Ipanema nos anos 1970. Chegou ao Flamengo indicado por Elba de Pádua Lima, o Tim, que havia sido seu treinador no San Lorenzo de Almagro, na Argentina. Rodava o bairro onde foi “rei” de moto ou com carro conversível. 

No início da carreira, Zico teve em Doval o seu principal companheiro de ataque. O argentino residia na Montenegro — quadra da praia de Ipanema —, hoje Vinícius de Moraes. Jogava futevôlei nas redes da esquina da rua onde morava com a Vieira Souto, onde exigia que as partidas fossem disputadas a dinheiro, fato hoje comum entre ex-profissionais como Romário, Edmundo, Djalminha e outros, na Barra da Tijuca.

Doval andava pelas ruas de Ipanema sempre cercado e saudado pelos fãs. Alegre, contador de histórias e falando um portunhol que poucos entendiam. Identificado com a cidade que o acolheu, era presença constante também na noite, o que não o impedia de chegar cedo aos treinamentos. Pelo Flamengo, foi bicampeão carioca, em 1972 e 74, e tri da Taça Guanabara, em 1970, 72 e 73, além de ter conquistado o Torneio do Povo em 1972.

O eterno presidente do Fluminense, Francisco Horta, ficou horas para convencer o então presidente do Flamengo, Hélio Maurício, a motivar o futebol carioca utilizando o chamado “troca-troca”, diante da falta de recursos para investir. A conversa entrou pela madrugada, num restaurante em Copacabana. Horta só não esperava o êxito de ter o goleiro Renato, o lateral Rodrigues Neto e o gringo Doval, liberando ao Flamengo o goleiro Roberto, o lateral Toninho Baiano e o ponta Zé Roberto Padilha. Doval foi justamente o jogador trocado por Zé Roberto, que estava em grande forma e tinha colocado Mário Sérgio no banco de reservas tricolor.

Um punhado de craques formou o mais famoso e badalado time da história do Fluminense. Basta dizer que a segunda versão da Máquina Tricolor superou a primeira, de 1975, que conquistou o Campeonato Carioca. A nova equipe-base tinha Félix; Carlos Alberto Torres, Miguel, Edinho e Rodrigues Neto; Pintinho, Paulo Cézar Lima e Rivellino; Gil, Doval e Dirceu.

No Torneio de Paris de 1976, o Fluminense obteve uma conquista invicta, com direito a vitória por 3 a 1 sobre a Seleção Europeia na decisão, gols de Paulo Cézar, Carlos Alberto Torres e Doval. Francisco Horta gostava de contar que, no hotel em Paris, havia público para ver uma disputada partida de tênis. O presidente, surpreso, viu Doval animado e jogando bem, enfrentando uma bela e hábil loira parisiense. No fechamento daquela temporada, ainda houve o bicampeonato carioca, gol de Doval de cabeça na prorrogação, contra o Vasco, após zero a zero no tempo normal.

No ano seguinte, os destaques do Fluminense foram Rivellino e Doval, importantíssimos no título do Torneio Teresa Herrera, em La Coruña, na Espanha. Na final, vitória por 4 a 1 sobre o tcheco Dukla Praga, enquanto o famoso Real Madrid ficou na terceira colocação.

O Ídolo do Flamengo e do Fluminense recebeu o título de cidadão carioca honorário e naturalizou-se brasileiro. Doval faleceu no dia 12 de outubro de 1991, aos 47 anos, em Buenos Aires, vítima de um ataque cardíaco.

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