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NÓS NUNCA SEREMOS FELIZES

28 / fevereiro / 2025

por Pedro Barcelos

Saio triste do Nilton Santos hoje. Triste, mas sem um peso nas costas. A partir de hoje, tenho absoluta certeza que se o Caçapa fosse efetivado em 2023, nós também não seríamos campeões brasileiros. Esse peso não existe mais, nem na minha consciência e, assim espero, nem na consciência do Caçapa

Que treinador medíocre, sem visão de jogo, teimoso. Algumas coisas ficam nítidas da arquibancada. Mesmo errando na formação da saída de bola, insistiu no erro. Ao ponto de o Gregore, por pura e espontânea vontade, tentar corrigi-lá dentro de campo, recompondo a linha de três e abrindo a lateral direta pro Jair construir, ser advertido pelo “técnico”.

Fora isso, marcação completamente perdida. Quem diria que alguém iria conseguir quebrar a conexão entre Marlon e Gregore? Caçapa conseguiu. Os dois não se entenderam.

A subida dos laterais foi uma catástrofe. É patético acompanhar a falta de entrosamento deles com os pontas. Não tem ordem, não tem estratégia. A última fase ofensiva era ridícula.

Apesar da mediocridade, essa foi a única foi boa que eu trago do Engenhão hoje. Tirei o peso das minhas costas e das costas do Caçapa sobre o campeonato de 23.

Além disso, três situações me pegaram demais hoje. Primeira foi ver um inglês, idoso, obeso e cego tentando descer às arquibancadas do Nilton Santos sem nenhuma ajuda da polícia. Uns dois parentes dele tentavam ajudá-lo a descer as escadas íngremes da oeste superior, sem nenhum auxílio. Enquanto isso, a polícia simplesmente observava. Eu precisei parar de assistir ao jogo durante alguns minutos pra ir ajudar os gringos. Uma cena vergonhosa da nossa polícia, mas não foi a única do dia.

Bastou um torcedor alvinegro estender uma bandeira da Palestina que o problema começou. Em questão de segundos, apareceram oito policiais para mandar o sujeito tirar a bandeira.

Numa cena lamentável, o sujeito tentou argumentar civilizadamente com os policiais. Em vão, ele foi levado à delegacia do estádio, junto com a bandeira.

Sem entender muito bem o motivo, me aproximei da situação e perguntei:

– Ué, por que a bandeira da Palestina não pode e a bandeira da Argentina do Milei pode?

A resposta, óbvia, não poderia ser diferente:

– Quer ser levado também? Se não é melhor ficar calado.

E a situação não melhorou. A mesma torcida do Botafogo que começou a vaiar os jogadores com CINCO SEGUNDOS de jogo, depois de um passe errado do Marlon, foi a mesma que começou a brigar comigo.

– Quer fazer política vai pra Cinelândia, aqui é lugar de futebol.

Foi triste. É triste.

Primeiro porque, a partir de hoje, tenho certeza que a torcida do Botafogo não é capaz de ser feliz por mais de dois meses. 2024 foi um ano histórico e deveríamos comemorar ele pelos próximos dez ou vinte anos.

Segundo porque a torcida me prova que eu sou mais Botafogo fora do estádio, onde eu tenho minhas crenças e convicções, meu mundo ideal. A minha casa não é mais a mesma casa que a da maioria dos botafoguenses. Ou, pelo menos, dos botafoguenses que frequentam o Nilton Santos.

Parabéns, torcida do Racing, que calou a torcida do Botafogo desde o primeiro segundo. Parabéns pelo título!
Tenho certeza que vocês lembrarão desse dia com carinho. Eu, como botafoguense, como democrata, não posso dizer o mesmo.

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