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JUIZ PERDE A CONTA E SANTOS PERDE METADE DO TÍTULO PAULISTA

26 / agosto / 2020

por Gabriel Santana, do Centro de Memória


Os 116 156 pagantes, um recorde no futebol paulista, presenciaram no dia 26 de agosto de 1973 o Santos ser campeão paulista pela décima terceira vez e viram um erro de arbitragem que ficou marcado na história do futebol.

Para chegar até a decisão diante da Portuguesa de Desportos, o time santista foi campeão invicto do primeiro turno, acumulando oito vitórias e três empates, assinalando 23 gols e sofrendo outros cinco. Destaque para as goleadas de 6 a 0 diante do Juventus da Moóca e de 5 a 1 contra a Ponte Preta. Já no segundo turno, o time luso sagrou-se campeão.

Na grande, no Estádio do Morumbi, o Peixe foi escalado pelo técnico Pepe, o Canhão da Vila, com Cejas, Zé Carlos, Carlos Alberto, Vicente e Turcão; Clodoaldo e Léo Oliveira; Jair da Costa (Brecha), Euzébio, Pelé e Edu.

A Portuguesa, comandada pelo experiente Otto Glória, entrou em campo com Zecão, Cardoso, Pescuma, Calegari e Isidoro; Badeco e Basílio; Xaxá, Enéas (depois Tatá), Cabinho e Wilsinho, escalada pelo experiente Otto Glória.

Tanto o público já citado, de 116 156 pessoas , quanto a renda, de 1,5 milhão de cruzeiros, foram recordes no Estado de São Paulo, superando a final do Paulista de 1971, em que o São Paulo bateu o Palmeiras por 1 a 0 diante de 103 887 torcedores e renda de  913 196 cruzeiros.

Santos no ataque 

A partida iniciou com o Santos tentando marcar um gol rapidamente. O Alvinegro dominou a partida e foi muito mais ofensivo que o time da capital. O Rei Pelé mandou três bolas na trave, mas o placar insistiu em permanecer 0 a 0 e o jogo foi para a prorrogação.

No tempo extra a Portuguesa equilibrou a partida e teve uma grande oportunidade no finzinho, com Basílio, mas Cejas conseguiu defender. Com a falta de gols, a partida se encaminhou para a decisão por penalidades.

Os cinco cobradores escolhidos do Santos foram Zé Carlos, Carlos Alberto, Edu, Pelé e Léo Oliveira. Os da Portuguesa, Isidoro, Calegari Wilsinho, Basílio e Tatá.

Zé Carlos bateu primeiro e o goleiro Zecão fez grande defesa. Isidoro inaugurou as cobranças da Portuguesa e Cejas manteve o 0 a 0 no placar, saltando para tirar a bola do ângulo.

Enfim a rede balançou na tarde daquele domingo. Carlos Alberto colocou no canto esquerdo, rasteiro, e fez 1 a 0. Calegari chutou fraco, no canto direito, e  Cejas fez mais uma defesa.

Edu fez 2 a 0 para o Peixe após cobrar com violência, no lado direito, e a Portuguesa errou seu terceiro pênalti quando Wilsinho acertou o travessão. Após esse terceiro erro do time paulistano, o goleiro Cejas começou a vibrar e contagiou seus companheiros e a torcida. Empolgado com a comemoração do time santista, o árbitro Armando Marques encerrou a partida, declarando o Alvinegro campeão.

Mas cada equipe havia cobrado três penalidades, portanto, restavam ainda duas cobranças para cada lado. Se o Santos errasse as duas e a Portuguesa acertasse as suas duas, a decisão ficaria empatada em 2 a 2.

O erro não foi identificado por nenhum atleta ou dirigente, e o Peixe comemorou o título como legítimo campeão. Já no vestiário a diretoria da Portuguesa foi alertada e antes que obrigassem a equipe a voltar ao campo, a delegação da Lusa rapidamente entrou no ônibus e seguiu em direção ao Canindé.

Erro matemático?

Ao sair do Morumbi, acusado de ter cometido um “erro de direito”, Armando Marques se justificou:

Não foi um erro de direito. Foi um erro matemático. Pensei que o Santos tinha uma vantagem matemática insuperável sobre a Portuguesa. A culpa foi toda minha. 

Cogitou-se marcar uma nova partida, mas três dias depois já começaria o Campeonato Brasileiro. A Portuguesa também ameaçou pedir a anulação do jogo. Sem datas para uma nova decisão, os dirigentes dos clubes e o presidente da Federação Paulista de Futebol, José Ermírio de Morais, decidiram lá mesmo nos vestiários a divisão do título.

Armando Marques teve seu erro “matemático”, mas a verdade é que as chances matemáticas do time santista perder a decisão por pênaltis, se ela continuasse, eram baixíssimas. Os dois batedores restantes do Peixe eram Pelé e Léo Oliveira. O Rei tinha um aproveitamento excelente em pênaltis, e Léo Oliveira era o cobrador oficial. Ambos teriam que perder seus pênaltis, e Basílio e Tatá teriam que superar Cejas, que já havia defendido duas cobranças.

Portanto, Santos e Portuguesa foram os campeões paulistas em 1973, repetindo o ano de 1935, quando ambas as equipes também foram campeãs paulistas, mas cada uma por uma liga diferente: o Santos pela Liga Paulista de Futebol (LFP) e a Portuguesa pela Associação Paulista de Esportes Atléticos (APEA).

TAGS: Geral | Santos

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