por Elso Venâncio

O ídolo de Pelé foi Zizinho. Com 16 anos, o futuro Rei do Futebol estreava na Seleção Brasileira contra a Argentina, em 1957, pela Copa Roca. No fim do jogo, encontrou Zizinho no hall de entrada do Maracanã.
— Seu Zizinho, sou seu fã. Aprendo com o senhor e imito suas jogadas — disse Pelé.
— Garoto, você aprendeu demais — retrucou, sorridente, o Mestre Ziza.
Zico, por sua vez, idolatrava Dida, um meia alagoano veloz, que jogava com a camisa 10 e por muitos anos foi o maior artilheiro do Flamengo. Goleador nas décadas de 1950/60, com 244 gols, só foi superado pelo próprio Zico, que marcou 509 nas décadas de 70/80.
Quando garoto, o maior ídolo da nação rubro-negra corria nas peladas no bairro de Quintino, onde nasceu, dizendo aos outros meninos que era Dida. “Eu queria ser o 10 do Flamengo por causa do Dida”, confessaria mais tarde.
Levado pelo pai, Seu Antunes, Zico tinha oito anos quando viu Dida jogar contra o Corinthians, em 1961, pela decisão do Torneio Rio-São Paulo. O Flamengo venceu por 2 a 0, no Maracanã, com um gol do ponta Joel e outro de Dida, o craque do jogo.
Mais do que realizado no seu sonho de defender o clube do coração, Zico teve o auge da carreira no início dos anos 80, quando conquistou três Campeonatos Brasileiros, uma Copa Libertadores da América e um Mundial de Clubes. Isso sem falar nos tradicionais torneios na Europa, como o Troféu Cidade de Palma de Mallorca, que já havia conquistado em 1978, com seu Flamengo desbancando o Real Madrid na final, e o bicampeonato no Ramón de Carranza, em 1979 e 1980.
Revelado pelo CSA, Dida também construiu uma louvável galeria de títulos no Flamengo. Virou lenda ao marcar quatro gols contra o America, na vitória por 4 a 1 que garantiu o segundo tricampeonato estadual do clube, em 1955. Também conquistou o Campeonato Estadual de 1963 e teve a honra de ser campeão do mundo pela Seleção Brasileira, em 1958, na Suécia, atuando como titular na vitoriosa estreia contra a Áustria, por 3 a 0. Pelé estava contundido, após ser atingido deslealmente pelo lateral Ari Clemente, do Corinthians, em amistoso no Pacaembu, três dias antes do embarque para a Copa.
Craque do Flamengo por nove anos, Dida se desentendeu com o treinador Flávio Costa e acabou negociado com a Portuguesa de Desportos. Ficou por lá em 1964 e 1965, antes de também se tornar ídolo do Atlético Júnior, de Barranquilla, na Colômbia. Ao pendurar as chuteiras, se tornou auxiliar-técnico, nas categorias de base do Flamengo.
Edvaldo Alves de Santa Rosa, o Dida, faleceu no dia 17 de setembro de 2002, vítima de insuficiência hepática e respiratória. Em 2020, foi eleito o quarto maior ídolo da história rubro-negra por jornalistas de “O Globo” e “Extra”.
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