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EU, LAZARONI, A POCHETE E OS PASTORES ALEMÃES | PARTE 2

28 / maio / 2020

por Nielsen Elias (@nielsen_elias)


2º CAPITULO 

Ainda em Bruxelas, como haveria um espaço entre os jogos da eliminatórias.

Lazaroni resolveu ir até Portugal para acompanhar o jogo entre o clube do Porto x Benfica. Afinal de contas, pelo menos quatro jogadores estavam na sua lista para a Copa do Mundo, que eram, Ricardo Gomes, Mozer e Valdo pelo Benfica e Branco pelo Porto.

Já no aeroporto de Lisboa, fomos recebidos pelo empresário Manoel Barbosa, que na ocasião tinha um certo prestígio na Europa, em especial em Portugal.

Manoel Barbosa era um Benfiquista ferrenho e naquele momento tinha colocado os três jogadores nos encarnados, como chamam os torcedores do Benfica.

A rivalidade era bem acentuada entre as torcidas.

E essa partida aconteceu no antigo Estádio das Antas, pertencente ao Porto.

Fomos de carro, de Lisboa a cidade do Porto.

Levamos quase três horas para chegar.

O movimento era muito grande de torcedores, não só no entorno, como dentro do estádio.

Carro estacionado e o convite nas mãos. 

Lazaroni, eu, Manoel Barbosa e seu segurança subimos a rampa que tinha uma placa que indicava: camarotes.

Pelo caminho, percebemos que alguns torcedores do Porto demonstravam um certo descontentamento com a presença do Manoel Barbosa, mas como ele era torcedor do Benfica, consideramos  situação normal, que acontece na maioria dos países.

Entramos numa pequena fila para passarmos pela roleta. 

O primeiro foi o Lazaroni que não teve qualquer problema para entrar, até porque naquela altura já sabiam da sua presença na cidade para assistir ao clássico, tudo bem natural.

O segundo fui eu, que da mesma forma que o Laza, entrei normalmente. 

E logo após de mim, vinha o Barbosa.

Eu e Lazaroni paramos para esperar por ele.

Mas, quando o Manoel Barbosa chegou bem perto da roleta, de repente, surge uma mão e bate no peito dele com uma certa violência , e diz:

– Você aqui não entra!!!!     

Levamos um grande susto com aquela reação inesperada. Não entendíamos o que estava acontecendo… Por outro lado o Barbosa também não fez por menos. Com o ingresso na mão, bradava enraivecido que iria entrar de qualquer maneira e que além de tudo estava acompanhando o mister da seleção brasileira e aquilo era um desrespeito! Uma grande confusão se formou de imediato. 

E rapidamente fomos conduzidos ao nosso camarote, mesmo argumentando que gostaríamos de esperar o Manoel Barbosa, afinal era o nosso cicerone.

Com a argumentação que tudo logo seria resolvido e que não nos preocupássemos, nos  conduziram até o camarote.                                            
Jogo pra começar e nada do Manoel…

O estádio estava lotado!!

Acaba o primeiro tempo, mas ele não aparece… essa altura achávamos que estava em algum lugar reservado para os torcedores do Benfica.

Finalmente, o jogo termina em 0x0, e nada dele aparecer…

Fomos convidados para descer ao balneário (é assim que os portugueses chamam os vestiários).

Já no balneário, encontramos com todos os jogadores, em especial os brasileiros e ficamos conversando por um bom tempo.

Os jogadores do Benfica vão para o ônibus para retornar a Lisboa. 

E continuamos o papo com o Branco, que nos leva para o estacionamento, onde sua esposa o espera com seu carro.

No trajeto até o carro, verificamos que o estacionamento está praticamente vazio e o carro do Manoel Barbosa não está por lá.

Contamos o ocorrido ao Branco, que nos diz que os dirigentes do Porto odeiam ele por suas declarações contra o Porto.

Falamos mais sobre o jogo, que achamos um pouco violento, com o que o Branco concorda e tira da bolsa a caneleira que se usa em Portugal, como uma forma de confirmar o nosso sentimento em relação à partida.

Me surpreendo com a caneleira, pois não é nada convencional. É um tipo bem diferente. A começar que é feita sob medida em loja de ortopedia. 

O material é bem leve e ela se encaixa na perna, se prendendo na panturrilha. Seu tamanho também é bem diferente, ela vai da base do joelho até quase o calcanhar, dessa forma protege por inteiro a tíbia. Sensacional!!!

A nossa preocupação aumenta não só com o Manoel Barbosa e também como retornaríamos para Lisboa? 

Menos mal, porque estamos com o Branco e ele poderia nos socorrer. 

Papo vai e papo vem, surge um mensageiro com um recado.

Ele pergunta:

– O senhor é seu Sebastião!?

Laza, com a cabeça faz um sinal positivo.

Após a confirmação, ele diz:

– Seu Barbosa está esperando o senhor no restaurante tal…

Ficamos mais aliviados e o Branco se oferece para nos deixar lá. E emenda:

– Só posso levar, infelizmente não poderei ficar… vocês sabem como é, né!?

Era restaurante grande e com estilo bem antigo, decorado por barcos e redes de pescar. 

Sua especialidade era frutos do mar!

Entramos, e logo avistamos o Barbosa sentado à mesa e atrás, em pé, seu fiel escudeiro.

Ao nos aproximar, vimos um Manoel bem destroçado…

Sentamos à mesa e já havia uma garrafa de vinho aberta.

A aparência dele era a pior possível, parecia que tinha saído de uma garrafa. Cabelo em desalinho, seu paletó todo amassado. 

No pé só um sapato.

Seu rosto estava marcado com algumas manchas vermelhas, mas o que mais chamou a minha atenção foram seus óculos Cartier. A lente esquerda estava pra baixo, enquanto a direita estava pra cima…  Os óculos estavam completamente tortos!!!

A gente meio perplexo com toda aquela situação não sabia o que dizer…

Então, ele quebra o silêncio e fala:

– Olha o que aqueles bárbaros fizeram comigo… me bateram à beça!! 

Eu e Laza balançamos a cabeça, quase ao mesmo tempo!

E ele continuou falando de forma resignada:

– Sabe de uma coisa mister!? Poderia ter sido uma tragédia….

A sorte que meu segurança é muito calmo e não reagiu…

– Ainda bem, mister!!!! Ainda bem… 

 E finalizou…

No próximo capítulo, estaremos no leste europeu, países com o regime comunista.

Lembrando que o muro de Berlim está preste a cair…

Até!

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