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E-SPORTS

25 / maio / 2020

por Wendell Pivetta


O sonho de vestir o manto da canarinho se tornou real.

Em tempos de distanciamento social, complicações para se exercitar, e se comunicar com o mundo lá fora, o E-Sports tem se tornado cada vez mais uma salvação psicológica.

Especialistas em Psicologia Esportiva para Esportes Eletrônicos ressaltam o papel dos games no confinamento por conta da pandemia de coronavírus. Os estudiosos alegam que o videogame cria laços de amizades entre as pessoas, auxiliando contra fatores muito críticos dessa pandemia, como a solidão e os índices de depressão.

Para entendermos mais sobre este artifício presente nos tempos modernos, conversei com o atleta virtual Maykon Kjellin. Catarinense, comemora sua recente convocação para jogar na seleção brasileira, na lateral esquerda. E ele começa contando sobre sua inclusão neste mundo:

– Sempre fui um amante de jogos eletrônicos, desde o atari, passando por Megadrive, super Nintendo, PS1, PS2, PS3 até que cheguei no Xbox 360 e hoje estou na nova geração das plataformas que é o Xbox One Primeiramente comecei na modalidade X1, que é um contra um online controlando o time todo, mas quando descobri o Pro clubs em fevereiro de 2019, foi paixão na hora. Cada jogador controla seu único jogador dentro de campo, após falhar sendo um meia armador e meia esquerda (risos), achei meu lugar como lateral esquerdo, sendo inclusive agora convocado para a seleção.

Seu futebol com a bola no pé nunca foi o mais glorioso, agora se tratando dos consoles, o cara arrebenta. Celebra inclusive um ponto especial em sua carreira virtual:

– Ser convocado pra seleção foi algo que tirou fortes emoções. Fortes emoções porque eu troquei de clube, no e-sports recentemente, saí do Gorillas e fui pro Varzelona, time que me revelou. Inclusive foi o primeiro time competitivo da modalidade no ano em que comecei, e eu não esperava porque a primeira vez que eu fui convocado foi para amistosos contra o Chile. Ganhamos duas partidas e antes de sair a convocação, fomos avisados, dias antes, e agora com a Super Copa das Américas não teve esse aviso prévio. Então eu tava lá, assistindo a live do manager e saiu a lista do goleiro, saiu zagueiro, e chegou nos laterais. E no primeiro anunciado fui eu. Cara, eu não acreditava, recebia áudios de amigos meus do e-sports, e foi um sentimento bem complexo porque era algo que eu não esperava, fiquei feliz de ter acontecido, vou jogar com grandes amigos meus, que jogaram comigo na antiga equipe, vou jogar com caras que nunca tive a oportunidade de jogar e eu admiro pra caramba. Então tem uma semelhança sim com o futebol real porque a gente treina pra caramba, estuda tática, estuda jogada ensaiada, se dedica em dias da semana treinando…. Então, a gente chegar a uma seleção no meio de tanto jogador bom que tem na individualidade é surreal. Tem essa semelhança com o futebol real porque o pessoal, dependendo do assunto, eles não são comunicados, né, igual Copa do Mundo, eles sabem pela TV. Vão ali acompanhar a coletiva do técnico e o cara não acredita que o nome do cara tá ali.

O cara é fã do bom Rock N’ Roll, amante da música pesada, e assim como David Bowie, é um camaleão esportista quanto ao seu lado torcedor:

– Hooo se lembro, eu lembro vagamente assim que eu era muito novo, mas meu pai era colorado e meu avô é flamenguista. Eu nasci em 1991 e na Libertadores de 1996 que o Grêmio tava moendo. O meu pai e o meu avô estavam aqui em casa assistindo, e dizem eles que o Grêmio tava moendo, vencendo, e na nossa casa sempre tivemos uma filosofia de torcer para os brasileiros, independente de rivalidade futebolística, e começaram a torcer pelo Grêmio, gritaram quando teve gol e meu pai disse que eu comecei a gritar ali junto. Aí deu mais alguns meses e ganhei a camiseta do tricolor gaúcho pelo meu tio e aía paixão começou, só que o amor não ficou só no Imortal. Quando conheci o Real Madrid na época dos galáticos, entre 2000 e 2004, foi amor à primeira vista. Sou madrilenho, gosto do Real pra caramba, futebol inglês gosto muito do Liverpool de 2004, são os times que eu mais acompanho. De vez em quando estou aqui na minha namorada e começamos a assistir um Botafogo x Madureira, adoro futebol. Adoro futebol de várzea, principalmente o amador, futebol pra mim é tudo. Teve um tempo em que eu jogava bola, disputava campeonato, então é um dos hobbies que mais gosto é o futebol. E durante a pandemia a coisa que mais me faz falta é assistir um futebolzinho, tranquilo, tomando aquela cerveja gelada, churrasquinho. Sem dizer que era um dos momentos que eu via a minha família se reunir, era pra ver jogo de futebol da seleção, finais de times, então é algo bem característico que está na minha vida.

E os objetivos de um jogador virtual? Até que ponto elas se tornam semelhantes da vida real? Maykon nos conta apresentando seus sonhos na carreira:

– Então, a gente tem diversas federações aqui, e o objetivo é chegar nos times de elite. Tem os times de série A, B, C e D da principal federação que se chama CPN, e tem a ICL Game, sendo duas federações fortes. E atualmente estou trabalhando para subir a um time de elite. Daí é time que trabalha com remuneração, tem patrocínio, disputa os principais campeonatos, inclusive com campeonatos presenciais sendo desenvolvidos em São Paulo e no Rio de Janeiro. Atualmente estou em um time muito bom, e essa meta é mais a longo prazo mesmo. A meta é essa, evoluir e futuramente ver o e-sports, jogo eletrônico, mais valorizado. Já temos por exemplo o League Of Legends que é um jogo bem valorizado, com vários patrocinadores, vários campeonatos bem remunerados, muitos times também, dando para sobreviver do jogo. O bacana disso é que a gente já tá vendo clubes investindo nessa área. Já temos o time do Flamengo no LoL, times do Fluminense no Pró-Clubs mesmo, no próprio 1 contra 1 do FIFA, controlando o time todo, temos brasileiros representando o Sporting de Portugal, que é o Wendel Lira, ele que era jogador profissional, ganhou o Puskas, e hoje é jogador profissional de FIFA do PS4. Ronaldinho Gaúcho é um cara que investe no E-Sports, tendo vários jogadores que ele patrocina. Então já estou vendo que jogos eletrônicos são o futuro para quem nunca conseguiu ser jogador profissional por exemplo, quem queria ser piloto e nunca conseguiu tem o Fórmula-1 online que também já está crescendo um monte, assim como tem jogos de luta. A gente só tem que ter mais profissionalismo dentro do E-Sports e objetivos.


Jogar é divertido, monta amizades, mas um bom sonhador também tem aquela meta de viver do video-game, e aqui tem um bom método para iniciar a meta:

– Com certeza. Uma das melhores maneiras de ser remunerado no E-Sports hoje em dia é sendo Streamer. O Streamer além de conseguir patrocínio, o público que acompanha os vídeos, a rotina de gamer, podem também contribuir virando sócio pra ter mais vídeos. Eu sou muito de acompanhar streamers. Mas não me prendo só no FIFA, também gosto de assistir Euro Truck, League Of Legends por mais que eu não jogue, mas gosto de ver. É tipo eu que sou músico do rock/metal também gosto de assistir algumas coisas do sertanejo para tentar agregar na minha experiência que eu possa fazer. Ver outros jogos e tentar trazer ao meu jogo itens como a organização, a estrutura. Então acho que uma das melhores maneiras em ser remunerado pra isso é ser Streamer ou YouTuber. Acredito que futuramente terei estrutura para produzir vídeos também.

E assim encerramos nossa conversa, com o atleta que respira futebol. Antes mesmo desta pandemia. o amigo Maykon já atuava no E-Sports. Instrumentista, toca sua bateria na banda Dark New Farm e é redator chefe do Blog O Subsolo, sincronizando música e futebol, algo que torcida e time combinam tão bem.

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