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CUTUCANDO ONÇA COM VARA CURTA

11 / maio / 2020

por Valdir Appel


O extinto Ceub, de Brasília, fazia boas apresentações no Campeonato Brasileiro de 1974. Vencera bem seu último compromisso e estava preparado para encarar o Santos, da Vila famosa, quarta-feira, no recém-inaugurado estádio Mané Garrincha.

Uma TV local promovia, às segundas-feiras, uma mesa redonda, onde discutia a rodada do Brasileirão, e o convidado bola da vez foi o recém-promovido a técnico, Cláudio Garcia, que encerrara no próprio Ceub uma brilhante carreira de jogador. Ainda desprovido das malícias do novo cargo, Cláudio foi presa fácil dos analistas do programa.

Perguntaram ao incauto treinador:

– Quem vai marcar Pelé?

Cláudio respondeu que Pelé não era mais o mesmo jogador, suas funções em campo agora estavam voltadas para a preparação das jogadas, finalizadas pelos atacantes Euzébio e Neném. 

Portanto, encarregaria aquele jogador que estivesse mais próximo do Rei o dever de marcá-lo. Cláudio não diminuía a genialidade do Pelé, apenas apontava mudanças em suas características.

Com a evidente intenção de promover o espetáculo, os jornais destacaram em suas manchetes no dia seguinte:


– Cláudio Garcia diz que Pelé não é mais o mesmo.

O público lotou o estádio para conferir as palavras do Cláudio. Em campo, o ponta-esquerda Edu virou-se para o lateral Rildo, com quem jogara no Santos, e disparou:

– Vocês estão fodidos e mal pagos! O negão, sozinho, vai dar conta do teu time. Ele tá uma fera com o teu treinador.

E foi o que aconteceu. Com jogadas geniais e um gol antológico, Pelé matou a pau, levando o seu time à vitória, apesar da primorosa atuação do Ceub.

As manchetes dos jornais de quinta-feira foram implacáveis:

– Cláudio Garcia tinha razão: Pelé não é mais o mesmo… está muito melhor!

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