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COM O DESTINO NAS MÃOS

19 / junho / 2020

por Alberto Lazzaroni


Rio de Janeiro, anos 50. A então capital da República era uma cidade bem diferente da que conhecemos hoje. Eram os anos subsequentes ao fim da Segunda Guerra Mundial e vivia-se a esperança de novos tempos. Tempos de paz e prosperidade.

Desde a sua fundação, a cidade sempre teve como característica marcante o fato de ser aberta ao mundo, de receber pessoas das mais variadas origens. E foi ali, no então aprazível bairro do Rio Comprido, que se estabeleceu um filho de imigrantes sírios. Seu nome? João Elias. Ou simplesmente Elias. Ou ainda Cachimbo, por conta do amigo inseparável.

Elias era uma figura ímpar. Sujeito alto, forte e decidido, não gostava de ficar esperando as coisas acontecerem. Ele ia literalmente à luta para realizar os seus objetivos. Era chofer de táxi. Ou melhor, era “O” chofer tamanha a seriedade com que encarava o seu ofício, o que inspirava todos à sua volta. Aqui vale lembrar um detalhe inusitado: à época os taxistas tinham que usar um uniforme, que era camisa branca e calça e gravata pretas. A camisa dele vivia furada por conta das brasas do cachimbo.


Apaixonado por futebol e com tamanha liderança, não tardou a buscar novos voos. O América FC, tradicional clube tijucano, abriu suas portas para ele e, com a mesma maestria com a qual guiava seu táxi, conduziu o time de veteranos a grandes conquistas. Mas Elias queria mais. Não deixava de pensar na família. Criou então um time de futebol de salão (hoje futsal) do qual faziam parte os três filhos. Os dois mais velhos eram realmente bons de bola mas o caçula não jogava nada. O que fazer? Deixar de fora? Nem pensar. Não titubeou: vai virar goleiro.

E aí o destino se encarregou do restante. Os dois mais velhos não deram sequência na carreira de jogador de futebol. Já o caçula é ninguém menos que o grande Nielsen Elias. As mãos que seguravam o volante inspiraram as mãos que seguravam a bola. Dois homens fortes. Dois homens de bem.

O destino estava literalmente em suas mãos.

Bate-pronto: essa coluna é uma declaração de amor de um filho para o seu pai. Serve para nos mostrar o quanto podemos ser inspiradores fazendo o simples, o básico, qual seja fazer sempre com amor. Obrigado Nielsen Elias por me dar essa oportunidade.

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