por Victor Kingma
Na segunda metade da década de 50, o Brasil vivia uma fase de euforia. O projeto desenvolvimentista do presidente Juscelino Kubitschek prometia crescimento de cinqüenta anos em cinco. A era JK foi uma fase áurea de desenvolvimento do país. Naquele período, entre tantas outras realizações, podemos destacar a expansão da malha rodoviária, a construção de hidrelétricas e a implantação da indústria automobilística e naval no país. Além da construção de Brasília, a nova capital.
No rastro do otimismo que o Brasil vivia naquele tempo, movimentos artísticos e culturais apareciam nos quatro cantos do país.
Vivíamos os famosos “Anos Dourados.”
Em Copacabana, no Rio de Janeiro, a então capital do Brasil, um grupo de músicos e compositores, entre os quais Ronaldo Bôscoli, Roberto Menescal, Antonio Carlos Jobim e Vinícius de Moraes, costumavam se reunir na casa dos pais da cantora Nara Leão, preocupados em criar um novo ritmo, que melhor combinasse com seus estilos de vida e formação musical. Sonhavam unir a alegria da música e do samba brasileiro com a harmonia do Jazz americano.
Certo dia, em 1957, Menescal recebeu a visita de um rapaz que não conhecia e que se apresentou como João Gilberto. Esse pediu um violão e disse que precisava mostrar uma nova batida que havia criado. Um jeito totalmente novo de tocar violão.
Impressionado, Roberto Menescal foi imediatamente mostrar a novidade aos amigos. E a batida diferente do violão de João Gilberto era exatamente o que faltava para ser criado o estilo musical que tornaria a música brasileira conhecida internacionalmente. Assim surgiu a Bossa Nova.
Em diversos esportes tivemos um período de glórias com o surgimento de estrelas como Maria Ester Bueno, no tênis, e Éder Jofre, “o Galo de Ouro”, no boxe – que acabaria conquistando o cinturão da categoria em 1960, numa épica luta contra o mexicano Eloy Sanches.
No basquete o Brasil conquistaria o inédito título de campeão mundial, em 1959, no Chile, com uma histórica seleção, onde se destacavam os astros Wlamir e Amaury.
E no futebol?
No futebol, o Brasil vinha de duas grandes frustrações nas Copas anteriores: a tragédia da derrota de 2 a 1 para o Uruguai em 1950, em pleno Maracanã, diante de 199.854 torcedores, o maior público das história do futebol, e a queda por 4 a 2 nas quartas de final em 1954, na Suíça, diante da histórica seleção húngara, de Puskas.
Mas, no rastro das energias dos “Anos Dourados”, o Brasil, finalmente, se tornaria campeão mundial pela primeira vez, em 1958, na Suécia.
Além da inédita conquista, com uma das maiores seleções da história, o futebol brasileiro assombrou o mundo ao apresentar um menino de 17 anos, que se tornaria o maior jogador de todos os tempos, o rei do futebol, que seria eleito futuramente o atleta do século XX.
Ao lado do menino Pelé, entre tantos craques consagrados como Didi, Nilton Santos, Zito, Bellini e Gilmar, o mundo do futebol conheceu também Garrincha, “o anjo da pernas tortas”, o maior ponta direita e o maior driblador que já passou pelos gramados.
E a magia daquele time tinha uma incontestável explicação: jamais uma seleção conseguiria escalar no mesmo time dois craques tão espetaculares como Garrincha e Pelé. A prova disso é que sempre que atuaram juntos, em 40 partidas e sempre pela seleção brasileira, eles nunca foram derrotados.
Os deuses do futebol foram generosos com os gênios da bola.
Naquele tempo era assim…
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