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A GOLEADA VASCAÍNA

27 / julho / 2020

por Valdir Appel


Logo após a conquista do título carioca de 1970, o Vasco conseguiu uma excepcional vitória contra o Santos de Pelé, 5×1 no Maracanã, pelo Campeonato Brasileiro.

Este jogo fazia parte de um dos testes da então recém lançada loteria esportiva no país e o Santos era tão superior tecnicamente ao time do Vasco, que ganhadores do concurso fizeram apenas 12 pontos, errando exatamente este jogo.

No princípio dava a impressão de que a equipe santista massacraria a cruzmaltina. O Santos atacava e alugava meio campo, mas a cada contragolpe o Vasco marcava um gol, chegando aos 4×0 rapidamente.

O torcedor não acreditava no que estava vendo e muito menos o pessoal do banco de reservas do Vasco. Quando o Santos diminuiu o placar fazendo o seu gol, que seria o de honra, um dos reservas comentou:

– Vejam como o “negão” Pelé buscou a bola no fundo das redes! O Santos vai virar este jogo!

O zagueiro Joel Santana foi o primeiro a sentir a disposição de Pelé e levou uma cotovelada do Rei, num lance na lateral do campo, que aumentou o volume e deixou marcas para sempre no nasal do rapaz.

Mas, apesar de toda pressão santista, um gol vascaíno logo no início do segundo tempo matou o jogo e o ânimo do time do Rei Pelé.

Esta foi a única grande performance vascaína na competição.

O Vasco, paralelamente ao Campeonato Brasileiro, viajava e intercalava amistosos pelo país afora, usufruindo o prestígio de campeão carioca.

Os jogadores viviam em ritmo de festa com a complacência do treinador Tim.

Em um amistoso em Aracaju, à noite, o time atrasou na saída para o estádio, porque os jogadores não desciam para a recepção, envolvidos que estavam num jogo de cacheta.

Os quartos conjugados do hotel, davam passagem para reunir o maior número possível de atletas em volta de um colchão, onde as apostas corriam soltas. Alguns perderam o prêmio da conquista do Campeonato Carioca nesta viagem.

Após a partida, Tim liberou o grupo até o café da manhã.

Todos sem exceção foram para um bordel, que fecharam como se privado fosse. Houve quem dançasse tango, alguns transaram e outros apenas beberam.

Um deles deu volta olímpica no interior do bordel, nu em pêlo, enquanto duas “senhoras” se atracavam no quarto de onde ele saiu.

O craque afirmava que elas estavam brigando por causa dele.

Finalmente, todos conseguiram voltar ao hotel a tempo de arrumar as malas e tomar o café da manhã, fazer o check-out e seguir para o aeroporto.

Em pleno voo, os grupos de cacheta se formavam envolvendo assentos, obstruindo o serviço de bordo e o livre trânsito no interior da aeronave, causando constrangimento a passageiros e aos comissários de bordo.

O presidente João Silva teve que intervir, proibindo de vez a jogatina.

Vinte e quatro horas depois tudo, voltou à rotina em São Januário, exceto pela gonorréia que alguns jogadores trouxeram de lembrança do nordeste.

Colocados em quarentena pelo departamento médico, desfalcaram o time no jogo seguinte.

(Torneio Roberto Gomes Pedrosa, 1970)

 

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