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Seleção Brasileira

CRISE NA CBF ABALA FUTEBOL BRASILEIRO, MAS TITE FICA FORTALECIDO

por André Luiz Pereira Nunes


Pela primeira vez, desde a ditadura militar, um presidente da república interferiu nas decisões da Seleção Brasileira a ponto do mandatário afastado da entidade que rege o futebol nacional ter lhe prometido demitir o vitorioso técnico Tite. A mencionada interferência fere o Estatuto da FIFA e poderia resultar na exclusão do país para a Copa do Mundo de 2022, no Qatar.

É sabido que o selecionado de Tite, de fato, não empolga. Porém, os números não mentem. Com 100% de aproveitamento, seria suicídio mandá-lo embora, algo que poderia acarretar na desclassificação da equipe para o Mundial. Sem contar que os jogadores apoiam incondicionalmente o seu trabalho. A safra infelizmente não é boa. A culpa não é do treinador.

O clima de descontentamento por parte dos atletas em disputar a Copa América é bastante grande. E o motivo principal não é a pandemia. A maioria está de férias e gostaria de utilizar esse período para descansar. O torneio, em comparação com as Eliminatórias, tem importância bem menor. O evento ter parado repentinamente no Brasil sem que houvesse qualquer conversa ou explicação também pesou para o elenco. A irritação foi tão grande que um grande boicote passou a ser uma hipótese plausível, embora não acredite que ocorra.

São notórios os casos de jogadores que ao longo dos anos pediram para ser dispensados de uma disputa de Copa América, mesmo se arriscando a desagradar o treinador e não serem mais lembrados. Romário é um dos exemplos mais lembrados. Em 2001, chegou a ser convocado por Luiz Felipe Scolari, mas irritou o treinador ao pedir dispensa da edição devido a uma cirurgia ocular e depois atuar em amistosos pelo Vasco. O preço foi bastante alto. O atacante ficou fora da lista para a Copa do Mundo do ano seguinte que foi vencida justamente pelo Brasil.

O interessante é que em meio a toda essa polêmica, surge na imprensa um providencial escândalo envolvendo o presidente Rogério Caboclo, acusado por uma funcionária de assédio sexual. O fato foi extremamente corroborado pela existência de gravações que já foram até exibidas em rede nacional pela Globo. Em se tratando de CBF nada disso é novidade. A instituição já soma quatro presidentes afastados do cargo: três por corrupção, além do atual. Seu sucessor, Antônio Carlos Nunes, conhecido como Coronel Nunes, era um dos vice-presidentes e acabou escolhido por ser o mais velho. Ele é acusado de ter colaborado com a ditadura militar.

A demissão de Tite agradaria a Bolsonaro e a seu preposto Rogério Caboclo. Mas quem manda mesmo na parada são os patrocinadores. O pool de empresas formado por Itaú, Ambev, Gol e Mastercard já havia demonstrado preocupação com as denúncias e desagrado quanto à demissão do técnico. A razão é muito óbvia. A crise é da CBF, não da Seleção. Para quem não sabe, mesmo sem apresentar um bom futebol, é a única do planeta a ter 100% de aproveitamento nos jogos realizados depois da paralisação por força da pandemia.

O treinador, portanto, tem respaldo total de patrocinadores e jogadores, os quais lhe dão apoio incondicional. Há quem considere ruim o trabalho de Tite porque o futebol não empolga, mas demiti-lo a essa altura seria irresponsabilidade demais. Também não vejo substitutos no momento à altura. Renato Gaúcho, o mais lembrado, não vive boa fase na carreira. Ao que parece, nesse jogo levaram a pior, seguramente, o presidente da república Jair Bolsonaro e o da CBF Rogério Caboclo, justamente os que não jogam mesmo nada!

ONDE ESTÁ O FUTEBOL DA SELEÇÃO?

por Paulo-Roberto Andel


Perdoem-me se sou um velho. O que sei é que a Seleção do meu tempo de garoto era diferente. Bem diferente. Não era um tempo fácil; afinal, o Brasil vinha “só” de um quarto e um terceiro lugar nas duas últimas Copas de então, 1974 e 1978 respectivamente. E muito antes disso meu pai já me abastecia com figurinhas de Félix, Carlos Alberto Torres e Pelé.

Brigava-se nos debates de bar por Falcão e Paulo Cezar Lima. Ou um jeito de colocar juntos Uri Geller e Zé Sérgio; Cerezo, Sócrates e Zico; Oscar, Amaral e Edinho. Em 1979 o Brasil já abria mão de Rivellino e Marco Antônio dentre outros, isso sem dizer de craques que nem tiveram chance na Seleção ou por ela passaram rapidamente. De cara, três nomes: Aílton Lira, Enéas e Dicá.

Parei para ver o jogo da Seleção nesta sexta-feira à noite.

Muitas vezes tentei estabelecer uma conexão entre a Seleção atual e aquela que aprendi a admirar. Não consegui.

Ao contrário de muita gente, gosto pessoalmente de Tite e achava que seu trabalho vitorioso em clubes poderia fazer a Seleção avançar. Até aqui não deu. Mas é bom que se diga: os rumores que hoje cercam o treinador nada têm a ver com o campo, mas sim por sua oposição à Terra plana.

O Brasil venceu. Para consolidar sua vitória no fim do jogo, precisou de um pênalti batido duas vezes: o goleiro tirou os pés da linha na primeira cobrança, feita de forma ridícula por Neymar, chegando a ser constrangedora. Na repetição, a batida saiu correta e aí Neymar “calou os críticos”…

O Brasil venceu. É líder nas eliminatórias, com cinco vitórias em cinco jogos. No pragmatismo, números impecáveis. Nas apresentações, um futebol opaco e burocrático. Certamente manterá a condição de única seleção do mundo a figurar em todas as Copas do Mundo, mas talvez aí esteja o verbo que nos atordoa há quase vinte anos: figurar.

É impossível alguém achar que o quarto lugar no Mundial de 2014 tenha sido exitoso, dados os fatos evidentes.

Pode ser que os mais jovens ainda encontrem encantamento no futebol de jogadores como Gabigol (um sucesso nacional), Paquetá e outros, mas toda vez que os vejo tenho sempre a impressão de um toque a mais, uma firula a mais que não produz, uma espécie de futebol pernóstico que em nada honra o nosso passado. Neymar, a referência maior, o grande artilheiro, alterna boas jogadas com momentos escabrosos, vide ontem. Salve-se a luta incessante de Richarlison, premiada com um gol.

Será que velhos como eu nunca mais vão ver uma Seleção Brasileira capaz de orgulhar o povo por conta de seu futebol coletivo e individualidades? Não precisa ser Rivellino, Pelé e Gerson, nem Sócrates e Falcão: pode ser Rivaldo, Ronaldo e Ronaldinho mesmo. Já seria demais.

Por enquanto, orgulho mesmo só nas palavras de Casemiro depois do jogo diante do Equador. Tomara que, na tomada de posição, a Seleção Brasileira se reencontre com seu povo. Dentro de campo, tudo ainda parece muito distante.

Sobre Rogério Caboclo, vale a máxima do Barão de Itararé: “De onde menos se espera é que não vem nada mesmo”.

@pauloandel

OS CALOUROS DA SELEÇÃO DE 1981

por Paulo-Roberto Andel


Há exatos 40 anos, completados em 03 de maio, terminava o Campeonato Brasileiro de 1981. Pela primeira vez na história, o Grêmio se sagraria campeão ao vencer o São Paulo dentro do Morumbi por 1 a 0, com um golaço de Baltazar.

No mesmo dia, pelo placar eletrônico do próprio Morumbi logo após a partida, Telê Santana anunciaria a convocação dos jogadores para a Seleção Brasileira que disputaria três amistosos importantes, contra selecionados de expressão: Inglaterra, França e Alemanha. Avesso à imprensa, no dia seguinte Telê daria uma entrevista coletiva sobre o elenco convocado.

Se olharmos a lista dos 18 convocados, chegamos à conclusão de que, salvo raríssimas exceções, o grupo só tinha jogadores de, no mínimo, alto nível.

As duas surpresas positivas da convocação eram o goleiro Paulo Sérgio, do Botafogo (ex-Americano e Fluminense) e o volante Vitor, do Flamengo. Ambos teriam sua primeira chance com a famosa camisa amarelinha. Paulo Sérgio vinha de uma grande campanha com o Botafogo, parada nas semifinais do Brasileirão contra o São Paulo numa partida muito tumultuada. E Vítor tinha ficado nas quartas de final contra o próprio Botafogo de Paulo Sérgio, num 3 a 1 histórico pelo golaço de Mendonça driblando Júnior.

Outra curiosidade: embora fosse um jogadoraço, Vitor era reserva de Andrade no Flamengo, um fato inusitado – mas não inédito em se tratando de Seleção. Na Copa de 1954, Castilho foi para a Copa do Mundo como goleiro titular do Brasil e seu reserva era Veludo, também seu banco no Fluminense.

Aquela semana de 40 anos atrás seria promissora para o Grêmio: o time gaúcho iniciava uma sequência de triunfos que o levaria ao vice-campeonato brasileiro em 1982, ao título da Copa Libertadores de 1983 e ao Mundial de Clubes no mesmo ano. Uma época de glórias para o clube.

Já a Seleção Brasileira faria uma campanha maravilhosa na excursão europeia, vencendo Inglaterra, França e Alemanha em seus domínios, também credenciando-se à conquista da Copa do Mundo da Espanha em 1982. Mas o time dos sonhos acabaria nocauteado no Sarriá, muita coisa mudaria no esporte bretão e o Brasil ainda iria esperar 12 anos para o sonhado grito do tetra.

Paulo Sérgio e Vítor, os calouros da Seleção, brilhariam intensamente no futebol carioca pela década de 1980.

PAGAR PARA VER A SELEÇÃO?

:::::::: por Paulo Cézar Caju ::::::::


Quando eu era pequeno me lembro claramente dos mais velhos se mobilizarem para assistir uma partida da seleção, mesmo os amistosos. Desde cedo, as resenhas aconteciam nos bares e ruas. Quem seriam os titulares, quem eram os destaques do time adversário? O clima era contagiante. Qual time teve o maior número de jogadores convocados? Normalmente, Botafogo, Cruzeiro e Santos venciam. Vasco teve uma época que cedeu vários. Quando o jogo era fora do Rio os radinhos de pilha não desgrudavam das orelhas.

Mesmo no trabalho, o torcedor dava seu jeito de ouvir. Na tevê, Bombril da ponta da antena para melhorar a imagem. Os locutores triplicavam a emoção e eram especialistas em palpitar nossos corações. Anos mais tarde, já profissional, acompanhei as ruas sendo pintadas e enfeitadas. Ontem, à noite, me liga um amigo, Guilherme Meireles, perguntando onde estava sendo exibido Brasil x Uruguai, jogo das Eliminatórias. Vou repetir, Brasil x Uruguai, clássico internacional, de lendária rivalidade.

Pouco me importa se eu não dou ibope para essa seleção, mas muitos torcedores gostam e deveriam ser respeitados. Zapeei pelo Sportv, Fox, ESPN, Band Sports, Globo, Record, TNT, SBT, PDT, PSOL, LSD, o escambau. Libertadores passa no SBT e outro dia um jogo da seleção foi transmitido pela TV Brasil. Os jogos do Athletico Paranaense ninguém consegue ver, os do Flamengo depende, uma avacalhação total.

Retornei a ligação para Guilherme perguntando se ele havia desvendado o mistério. Parece que a Globo não se acertou com a empresa dona dos direitos desse jogo, respondeu ele. Até aí, tudo bem. Mas em qual canal está passando? “Sei lá, um setencentos e tal, mas só pagando…”. Peraí, pagar para ver essa seleção, vou continuar vendo Animal Planet, disse e desliguei. É como comentou acertadamente Wilker Bento, um leitor da coluna: Não importa se a seleção é boa ou ruim, mas se é apaixonante. E essa está longe de nos emocionar e encantar.

COUTINHO’S BOYS X MARADONA

por Luis Filipe Chateaubriand


Na Copa América de 1979, calhou que Brasil e Argentina ficaram na mesma chave ainda na primeira fase. Então, os reflexos da “Batalha de Rosário”, na Copa do Mundo de 1978, ainda eram muito nítidos. 

Nesse contexto, Brasil e Argentina jogaram no Maracanã. O Brasil, do técnico Cláudio Coutinho, formou com: Leão; Toninho, Amaral, Edinho e Pedrinho; Carpegiani, Zenon (Batista) e Zico; Tita, Palhinha (Juary) e Zé Sérgio. 

Já no início do jogo, antes dos cinco minutos, Zé Sérgio faz brilhante jogada pela esquerda, driblando vários jogadores e o goleiro e cruza rasteiro, para Zico tocar para o gol vazio. 

Brasil 1 x 0. 

Em desvantagem, a Argentina vai à frente perigosamente, deixando espaços para o contra-ataque brasileiro, também perigoso. 

O jogo fica disputado e interessante. 

Por volta de 30 minutos da primeira etapa, Edinho faz lambança – dá um passe lateral em frente à sua grande área –, um oponente rouba a bola e toca para Corsia fazer o gol.

Igualdade em 1 x 1. 

Um tanto perturbada pelo gol que sofreu, a Seleção Brasileira passa o resto do primeiro tempo sendo dominada pelos hermanos, embora crie alguns lances de perigo. 

Começa o segundo tempo e a Argentina, sem tomar conhecimento de que joga nos domínios adversários, toma conta do jogo, embora haja lances de perigo do Brasil. 

No entanto, antes dos dez minutos da etapa complementar, Tita faz bela jogada no lado direito da área, tabela com Zico e, já dentro da área, mete de trivela, encobrindo o goleiro argentino. Golaço digno do craque que Tita foi! 

Brasil 2 x 1. 

De novo, os argentinos partem em busca do empate, oferecendo campo aos brasileiros nos contra-ataques. Boas oportunidades se sucedem de lado a lado. O placar, no entanto, permanece inalterado em 2 x 1, em um grande jogo! 

Do lado brasileiro, à exceção de Edinho, que fez partida abaixo de sua capacidade, todos atuaram bem. 

Amaral, Pedrinho e Zé Sérgio se destacaram. 

O grande destaque, contudo, foi Tita, que, muito novo, estreava na Seleção. Fazer golaço na estreia não é para qualquer um mas, além disso, fez ótimas jogadas e mostrou muita disposição. 

No lado argentino, viu-se um bom time, já comandado por um jovem de 18 anos chamado Diego Armando Maradona. O cara distribuiu jogo, lançou genialmente, chutou em gol com precisão. El Pibe arrebentou em seu debut no Maracanã. 

Enfim, jogo lindo, digno de ser lembrado.

Luis Filipe Chateaubriand é Museu da Pelada!