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“UMA COISA JOGADA COM MÚSICA” – CAPÍTULO 55

28 / março / 2024

por Eduardo Lamas Neiva

Após a apresentação de Teixeirinha e Mary Terezinha, a semifinal da Copa de 62, entre Brasil e Chile, voltou à mesa de debates.

Ceguinho Torcedor: – Garrincha foi mais uma vez a figura do jogo, a maior figura da Copa do Mundo, e naquele momento a maior figura do futebol brasileiro desde Pedro Álvares Cabral. Quando eu dizia que Garrincha era varado de luz como um santo de vitral, os idiotas da objetividade torciam o nariz.

Idiota da Objetividade: – Eu não, eu não. Só me atenho aos fatos.

Ceguinho Torcedor: – Se desminto os fatos, pior pros fatos. Mas faltava a Garrincha um toque de martírio. O lívido, o gelado árbitro o expulsou com a hedionda conivência do bandeirinha uruguaio Esteban Marino. Amigos, como é linda a vitória roubada.

Garçom: – Há quem ache que é melhor ganhar roubado.

O povo do bar iniciou um burburinho, por causa da afirmação de Zé Ary, logo cortado pelo Ceguinho Torcedor, que não deixou a bola sair de seu domínio.

Ceguinho Torcedor: – O juiz gatuno deu ao nosso feito uma dimensão mais comovida e mais deslumbrante. Com essa vitória do homem genial do Brasil fomos à final. E com Garrincha.

Garçom: – Seu Ceguinho e amigos, nosso grande Mané Garrincha, que ali se encontra pra nossa honra, foi homenageado musicalmente das mais diversas formas, como já demonstramos aqui neste palco.

João Sem Medo: – Merecidamente!

Garçom: – Sem dúvida alguma, seu João. Mas, além da música, também no cinema. Teve o documentário “Garrincha, alegria do povo”, do diretor Joaquim Pedro de Andrade, nos anos 60, e “Garrincha, Estrela Solitária”, de 2005, dirigido por Milton Alencar e baseado no livro “Estrela Solitária – um brasileiro chamado Garrincha”, de Ruy Castro. A trilha sonora deste filme foi composta e executada pelo saxofonista Leo Gandelman.

Ceguinho Torcedor: – Zé Ary, você incorporou o Idiota da Objetividade?

Todos riem.

Garçom: – É, seu Ceguinho, acho que sim, com todo respeito ao seu Idiota. Mas as informações são importantes.

Ceguinho ri, mas concorda com o garçom.

Idiota da Objetividade: – Você foi muito bem, Zé Ary. A informação é fundamental!

Garçom: – Sem dúvida! Mas vamos ouvir aqui no nosso som a música de abertura do filme “Garrincha, Estrela Solitária”, de e com Leo Gandelman.

Todos curtem muito a música, com alguns se lembrando do filme estrelado pelo ator André Gonçalves, que fez o papel de Garrincha, e comentando cenas que se lembravam. Quando houve uma breve pausa nas conversas paralelas, Idiota foi objetivo e recomeçou o papo da mesa.

Idiota da Objetividade: – Na final, disputada no dia 17 de junho de 1962, no Estádio Nacional de Santiago, o Brasil derrotou por 3 a 1 a Tchecoslováquia, a quem já havia enfrentado na primeira fase e empatado sem gols. Masopust abriu o marcador para os tchecos, aos 14 minutos de partida, mas Amarildo empatou dois minutos depois. No segundo tempo, Zito marcou de cabeça, aos 23, e Vavá fechou o placar, após falha do goleiro Schrojf, aos 32. O Brasil jogou a final com Gilmar, Djalma Santos, Mauro Ramos (o capitão), Zózimo e Nilton Santos; Zito e Didi; Garrincha, Amarildo, Vavá e Zagallo.

João Sem Medo: – E como não poderia deixar de ser, Garrincha foi eleito o melhor jogador daquela Copa.

Garçom: – Garrincha merecia ainda mais homenagens!

Garrincha (de sua mesa): – Muito obrigado, meu amigo Zé Ary.

Zé Ary acena sorridente pro Mané, que retribui o carinho.

João Sem Medo: – Você tem razão, Zé Ary. O que fizeram com o Garrincha foi o mesmo crime que cometeram contra Pelé. Mané chegou a levar seis infiltrações no joelho pra fazer seis jogos pelo Botafogo na Itália, em 65.

Garrincha olha pra Pelé, que só faz um gesto de concordância com a cabeça.

Idiota da Objetividade: – Depois do Botafogo, Garrincha jogou no Corinthians; na Portuguesa Santista; no Junior de Barranquilla, da Colômbia; no Flamengo; no Red Star 93, da França, e no Olaria, onde encerrou a carreira em 1972. Depois ele ainda fez jogos de exibição ao lado de outros ex-jogadores no time do Milionários até 1982.

Garçom: – A grande fase do Mané foi mesmo no Botafogo, né?

João Sem Medo: – Sem dúvida alguma. Mas como falei, arrebentaram com ele.

Idiota da Objetividade: – O último jogo do Garrincha pelo Botafogo foi contra a Portuguesa da Ilha do Governador, em 15 de setembro de 1965, pela primeira rodada do Campeonato Carioca. A partida foi realizada no antigo estádio de General Severiano e o Alvinegro venceu por 2 a 1.

Garçom: – Na despedida dele eu fui ao Maracanã e fiquei com os olhos cheios de lágrimas quando ele deu a volta olímpica. Vou aproveitar a presença dele aqui pra fazer uma declaração: Garrincha você foi, ou melhor, você é um grande ídolo meu, mesmo eu não sendo botafoguense.

Mané Garrincha se levanta novamente e agradece e ambos são aplaudidos.

Idiota da Objetividade: – Em 19 de dezembro de 1973, no Maracanã, Garrincha se despediu do futebol num amistoso que ficou conhecido como o Jogo da Gratidão. A renda foi toda para ajudar Garrincha, que passava por sérias dificuldades financeiras. A seleção brasileira formada em sua maioria por jogadores da Copa de 70 derrotou um combinado de estrangeiros, quase todos em atividade no Brasil, por 2 a 1. Mais de 130 mil torcedores compareceram para dar adeus ao Anjo das Pernas Tortas, que saiu de campo aos 30 minutos de jogo para a sua última volta olímpica no gramado do Maracanã.

Ceguinho Torcedor: – Foi uma festa maravilhosa. Uma festa que nenhum outro jogador havia recebido em qualquer tempo, em qualquer país. E houve duas festas: primeiro, a de Mané; segundo, a nossa. A nossa porque estávamos felizes com a nossa própria felicidade. Devíamos muito a Garrincha.  A alegria que ele nos deu, durante anos, não tem preço. Mas, fosse como fosse, juntamo-nos para dizer obrigado. Simplesmente, obrigado.

Mané Garrincha chora de emoção e recebe muitos aplausos e abraços.

Garçom (também muito emocionado): – Como a emoção já toma conta de todos aqui, vamos chamar ao palco Noite Ilustrada pra mais uma homenagem ao grande Mané Garrincha.

Muito aplaudido, Noite Ilustrada vai ao palco.

Noite Ilustrada: – Muito obrigado. Todo o meu respeito a você, Mané Garrincha. Todo o meu respeito e toda a minha admiração. Vamos de Balada nº 7 (Mané Garrincha), esta belíssima música de Alberto Luiz que também fez muito sucesso na gravação de Moacyr Franco.

Músico: – São duas versões bem diferentes, mas igualmente lindas.

Garçom: – É verdade!

Noite Ilustrada: – Muito obrigado. Vamos lá!

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1 Comentário

  1. Ecio Pedro

    Meu caro, muitos dizem que Garrincha foi melhor que Pelé, um exagero…
    Outra coisa, Garrincha merecia terminar a carreira jogando num grande clube e não no Olaria.
    Mas eram outros tempos…
    Um abraço!!

    Responder

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