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Fluminense

HERÓIS DOADORES

por Gerson Tzaravopoulos Gomes


Nosso parceiro, Gerson Gomes fez um gol de placa! Depois de perceber um grande déficit nos Bancos de sangue do país, começou a dirigir uma campanha chamada Heróis Doadores, que correrá todo o Brasil e consiste em incentivar a população a doar sangue.

Iniciada em Natal, no dia 14 de junho, a campanha conta com o apoio dos craques Zico e Júnior, que gravaram vídeos em prol da iniciativa. 

– Quem tem muito tem que dar a que tem pouco! Já dizia minha mãe! – reforçou Júnior.

Neste domingo, as ações serão no Estádio das Dunas, onde Flamengo e Fluminense se enfrentam às 16h. Vale destacar que o rubro-negro apóia a campanha e, antes da partida de hoje, a equipe entrará em campo com a mascote da campanha: a menina Duda, curada de Leucemia há um ano. 

Além disso, o Flamengo doará uma camisa autografada pelos jogadores para sortear entre os doadores, estenderá a faixa da campanha no centro do campo e os vídeos de Zico e Júnior apoiando a campanha será exibido nos telões. 

O próximo passo é trazer a iniciativa para o Rio de Janeiro. Atualmente, o número de doadores no Brasil está abaixo de 2%. O ideal é que 4% da população doe sangue regularmente! Vamos chegar lá!!

 

OS VINGADORES

por Zé Roberto Padilha

Felipe, meu neto, completou seis anos no sábado. Como ele ama o futebol em primeiro lugar, o Fluminense em segundo e o Atlético Mineiro em terceiro, tive que buscar inspiração para lhe comprar o presente, pois já ganhou todas as fitas do Playstation, tênis  e chuteiras diversas, camisas até da Copa da UEFA, bolas diversas e figurinhas do álbum do Brasileirão. Encontrei uma bola diferente, de Rugby e mandei embrulhar. Ao recebê-la, abriu um sorriso de criança diante de algo diferente, agradeceu e saiu para bater pelada no campinho do sítio com os amigos. Pelada de bola redonda do futebol brasileiro. Do pai, ganhou de presente uma ida no domingo à Volta Redonda para ver o Fluminense jogar.

Quando partiu, parti junto com as minhas lembranças da primeira vez que fui ao Maracanã ver o nosso tricolor jogar: 18 de dezembro de 1960. Tinha oito anos e era decisão do Campeonato Carioca. Público pagante: 98.099. Placar: América 2×1, com gols de Nilo e Jorge, contra um de Pinheiro. Voltei de lá tão fascinado, e contrariado, que pedi uma chuteira para o meu pai e, como Van Damme e Bruce Willys, prometi um dia ser jogador de futebol do Fluminense para nos vingar daqueles vermelhos. Ela, a vingança, demorou 15 anos e estava na ponta esquerda quando Rivelino, diante de 96.047 pagantes, desferiu uma bomba como Hiroshima que dizimou não o Japão, mas um País. O goleiro do América. Para a vingança ser completa, faltaram ao estádio apenas 2.052 torcedores.


Chegando ao Raulino de Oliveira, Felipe encontrou na sua estreia apenas 2.860 pagantes. Não viu de perto o duelo de Castilho, Pinheiro e Altair versus Calazans, Quarentinha e Nilo. O nosso ataque era  Maurinho, Valdo, Telê e Escurinho. Domingo, a disputa foi do Edson contra Fernandes, Gum marcando Ribamar. Em 1960, raros eram os passes errados, pois se a bola é que corria, não os jogadores, sua posse e uso era tratada com extremo carinho. Faltavam cinco minutos para terminar Fluminense x Botafogo e o “scout”da Globo já apontava 75 passes errados. Deve ter passado de um por minuto jogado. O próprio gol que decidiu a partida não saiu de uma jogada trabalhada. Saiu de um passe errado.

Quando acabou a transmissão, minhas memórias fizeram com o Felipe a viagem da volta. Fiquei a imaginar entrando no carro decepcionado, e no lugar de vir contando as obras de arte do Telê, o chute decisivo do Jorge, voltou calado perante a falta de inspiração do Salgueiro, que nem que se juntasse a Beija Flôr e a Mangueira, estaria a altura da camisa que foi do Gérson. E do Afonsinho. Fora Cícero e Scarpa, que poderiam vestir a 10 do Telê, se enfiando pelas pontas no lugar de centralizar suas jogadas, encostar no Fred, tabelar e procurar o gol. Que sempre será o grande momento do futebol.

Eram 20h30 quando chegou de Volta Redonda. Liguei para ele: “E aí? Gostou, Felipe?” Mais ou menos, respondeu. E devolveu: “ Vô, tem escolinha de futebol americano em Três Rios?”. Pelo visto, meu neto veio da estréia querendo se vingar também. Não do América ou do Botafogo. Mas do futebol brasileiro. 

UMA TARDE INESQUECÍVEL

por Mauro Ferreira

Era mais uma das muitas tardes de domingo, de um Vasco X Fluminense (3×0 para o meu Fluzão!!!). Na preliminar, dois combinados de pouco afeitos aos gramados. Peladeiros, sim, com muita honra!!! De um lado, um bando de artistas. Nuno Leal Maia e Evandro Mesquita capitaneavam. Do outro, uns pernas-de-pau, cronistas esportivos, mestres na arte de criticar os que jogavam futebol muito – muito, mesmo – mais que eles. No final, goleada do time dos artistas. Informação obviamente escamoteada dos jornais do dia seguinte.

Foi um domingo particular, de muitas histórias. Eu e Bocage dividimos o gol. Comecei como titular e a geral do Maraca fez nosso treinador me tirar do jogo logo no início do segundo tempo, depois de mais um “frangaço”. Tino Marcos, na lateral-esquerda, terminou o primeiro tempo com os lábios esbranquiçados pela saliva da falta de fôlego. Sequer conseguia andar. Meinha (Giuseppe Amato) e o saudoso Jorge Nunes eram os mais – digamos – lúcidos. O resto não ajudava em nada. Mair Pena Neto, Luís Augusto Nunes, Iata Anderson, Vicente Sena, Márcio Tavares, Paulo César Vasconcelos, Ari Gomes, Pierre Carvalho (Capitão Gancho), formavam o restante do time.


O duelo entre artistas e cronistas entrou para a história

Na foto, ainda estão algumas lendas jornalísticas que não “adentraram ao gramado”: Oldemário Touguinhó, Sérgio Paulhinha, Tarlis Batista (aquele que assegura ter tido um colóquio com a atriz Bo Derek), Mario Derrico, Newton Zarani, Sinval e, perdoem-me, não lembro o nome dos demais.

Foi uma tarde inesquecível!!! Jogar na grama sagrada do Maracanã é para poucos. Pagar um mico monumental, também. A foto não mente. Quanto à história do jogo, ah, isso a gente deu um jeitinho…

LEVIRDADE, LEVIRDADE, ABRE AS ASAS SOBRE NÓS

Zé Roberto


Foto: Divulgação/Fluminense F.C.

Foto: Divulgação/Fluminense F.C.

Não pela campanha do seu time no estadual e na Liga, porque não acredito em magias de quem pega um esquema montado na pré-temporada por outro treinador. Muito menos, pela sua coragem de enfrentar os desmandos do “dono do time”, o Fred. A melhor contribuição de Levir Culpi ao Fluminense, e ao futebol brasileiro, foi retornar ao banco de reservas. Permanecer ali sentado, quietinho, deixando o talento aflorar dos pés e da imaginação dos seus comandados.

Nossos grandes treinadores, entre eles Zagalo, Pinheiro, Parreira, Coutinho e Evaristo de Macedo jamais levantaram do seu banco de reservas para inibir seus artistas. Eram diretores de uma peça teatral ensaiada durante a semana que domingo precisava da liberdade de improviso. Da inovação. Neste palco outrora sem gritos, com respeito à criação, sem os berros do Jorginho, os assobios do Tite, gestos teatrais do Muricy, passarela para os lançamentos da grife da filha do Dunga, fluía a capacidade inesgotável dos nossos gênios da bola. Não tiques, manias, toques expostos dos seus comandantes.

Certa vez, num Fla-Flu, Carlos Alberto Torres, lateral tricolor, levou uma pancada e saiu de campo. Jogando pelo Flamengo por aquele setor, corri em direção ao Luizinho pedindo que ocupasse aquele vazio. Certamente Miguel iria sair para a cobertura e poderia abrir espaços para as arrancadas do Zico. Quando levantei a cabeça, Dirceuzinho, ponta-esquerda tricolor, já ocupara aquele lugar. Atravessara o campo na velocidade da sua inteligência em pensar o futebol como um todo. Embora rara, aquela atitude, quando emergia por puro instinto, deixava ali exposta a vocação daqueles que se tornariam grandes treinadores. Quem fazia apenas o seu e cumpria à risca sua função, poderia até ser auxiliar técnico. Como o Murtosa, o Marcão e o Dunga.

Quando o Édson entrou e recebeu a bola do jogo, aos 23 minutos do segundo tempo, percebeu um zagueiro do Voltaço vindo em sua direção. E o Osvaldo, livre, penetrando às suas costas. Neste milésimo de segundo o jogador, o ator, o cantor, precisa de todos os recursos que os conduziram até ali. A capacidade com que superaram peneiras, barreiras, concorrências para, sem nepotismo, fisiologismo ou o auxílio de cotas, estar honrando aquela camisa. Um berro ali no momento da decisão estragaria tudo. E do banco veio, felizmente, o silêncio. E na liberdade concedida de expressão, ele avançou e decidiu por si mesmo a partida.

Obrigado, Levir Culpi, por voltar ao banco e assistir o seu trabalho ser coroado pelo improviso. Sua consagração, ou o retorno aos tablados para novos ensaios, dependerá da iluminação de cada Antonio Fagundes, cada Magno Alves que você devolveu a liberdade para voar. 

OBRIGADO, MESSI!

O inesquecível Zé Roberto, ponta da Máquina Tricolor, reclama da falta de talentos no futebol atual e elogia Messi, sempre ele!   

 Por Zé Roberto

Sabe aquele cachorrinho que cresceu esperando que lhe atirassem um pedaço de carne? Quando a carne não vinha, mais que a fome, vinha junto a depressão. E é assim que brasileiros e argentinos cresceram: esperando que nos atirassem, ao vivo ou pela televisão, um pedaço da obra de arte do seu futebol. O Brasil produziu os maiores jogadores destros do mundo: Pelé, Zizinho, Didi, Evaristo, Zico, Romário e os Ronaldos. A Argentina, os maiores canhotos: Maradona, Passarela, Kempes, Ramon Diaz, D’Alessandro, Conca e, agora, Messi. Rivelino, Gérson, Tostão, Ardiles, Tévez e Di Stéfano, exceções, nasceram na divisa. Perto de Uruguaiana. Há algum tempo, estamos com fome, deprimidos, só nos atiram bifes. E carnes de terceira.

Diante de tanto talento inebriante, servidos por várias gerações, nos tornamos viciados em futebol arte. Perambulamos pelos bares, depois da novela, pelos canais Premiére, copo de cerveja à mão a procurar comida. Por ali, temos encontrado rações com o sabor das falhas do Henrique, saídas de bola vencidas do Wallace, penetrações insossas do Márcio Araújo e conclusões sem sal do Riascos. Vamos aos estádios com a boca seca, o coração batendo, emoções afloradas do mesmo jeito com que os americanos se dirigem a Cabo Canaveral. Por lá, obtiveram suas maiores conquistas. Querem rever a Apolo subir, como Dadá Maravilha elevava seus pés diante dos beques, e lá respirar Neil Amstrong. Rever a nave Columbia. A conquista da lua. Nós, brasileiros e argentinos, juntos conquistamos a posse de uma outra cobiçada lua, de couro ou sintética, e não foram poucas. Somadas trouxemos para a Terra sete Copas do Mundo e cinco vice-campeonatos.


Ultimamente, vagando sem a nicotina do drible, que ninguém mais ousa dar, tocam a bola de primeira, estilo “tic-tac”, sem o álcool do domínio, com a garrafa esférica escorregando no peito, das coxas e da ponta das chuteiras, estávamos a procura da CBA (Carentes da Bola Anônimos) quando assistimos Lionel Messi nos conceder, na última quarta-feira,  um banquete contra o Arsenal.

Não tanto pelos gols, um salmão com molho de maracujá, mas pela raça com que ele atravessou o campo, aos 40 minutos do segundo tempo, para realizar a cobertura do Daniel Alves. Não tanto pelo pênalti, magistralmente batido, um filé com fritas com molho madeira, mas porque não desperdiçou uma só gota do suor do seu talento a reclamar. Apenas jogou, dominou, passou, driblou e partiu em velocidade em direção ao gol. Seu exemplo e postura estão fazendo Suarez parar de morder, Neymar de fazer gracinhas, como lençóis e canetas inúteis e para trás. Sendo assim, à procura da cura, passaremos, brasileiros e argentinos, a segui-lo como apóstolos pelas tardes na telinha, seja na Liga dos Campeões, seja no Campeonato Espanhol. A procura da cura já começou e tem lema: evite o primeiro gole, digo, primeiro lance do futebol carioca.