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“UMA COISA JOGADA COM MÚSICA” – CAPÍTULO 62

16 / maio / 2024

por Eduardo Lamas Neiva

Após a festa do Simonal, que foi aplaudido de pé, o povo deu uma dispersada rápida e na primeira sobra de bola, João Sem Medo pôs a bola no pé e voltou às eliminatórias para a Copa de 1970.

João Sem Medo: – A seleção nunca se assustou. Lá como cá…

Sobrenatural de Almeida: – Cá, não, João! (dá sua risada medonha)

Todos riem.

João Sem Medo (rindo também): – Verdade. Mas, como eu dizia, tanto em Assunção, quanto no Maracanã, o Paraguai jogou retrancado. Ficamos no 1 a 0, em casa, por sorte deles, já que a bola pererecou bastante na porta do gol, ora batendo em qualquer um, ora com o goleiro defendendo.

Ceguinho Torcedor: – Invicta, com 23 gols a favor e somente dois contra, a seleção de Saldanha deixou de ser uma promessa, uma utopia. O escrete do João Sem Medo esmagou todas as resistências, inclusive dando olé nos campeões do mundo de então.

Idiota da Objetividade: – Em junho de 1969, no jogo de despedida do goleiro Gilmar, o Brasil derrotou a Inglaterra, no Maracanã, por 2 a 1, de virada.

Ceguinho Torcedor: – Naquele dia também tinha gente até no lustre do Maracanã. Por conta do jogo, a cidade suspendeu todos os pecados. Ninguém matou, nem roubou, nem traiu. Que eu saiba, não houve um único e escasso assalto. Todas as classes, profissões, ideologias, raças e idades se juntaram no Maracanã.

Garçom: – Vamos aplaudir Gilmar dos Santos Neves, que ali está. Levante-se, por favor, Gilmar!

Todos os aplausos vão para o grande goleiro da seleção que conquistou os títulos mundiais de 1958, na Suécia, e de 1962, no Chile.

Garçom: – Vamos ver um vídeo com os gols daquela partida, transmitida pela TV Cultura?

Todos concordam e Zé Ary põe o vídeo no telão do Bar Além da Imaginação.

Ao ver pela primeira vez ou rever aqueles lances, o nome de Tostão novamente ganhou muitos elogios entre o público presente. Mas Zé Ary voltou à jogada e comparou o público presente no Maracanã naquela partida com outro importantíssimo jogo.

Garçom: – Seu Ceguinho, contra o Paraguai foi ainda mais gente do que contra a Inglaterra. Eu fui ao Maracanã naquele dia.

Idiota da Objetividade: – Pagaram ingresso 183.341 pessoas em 31 de agosto de 1969 para ver Brasil 1, Paraguai 0.

Ceguinho Torcedor: – Uma multidão inédita! Veio gente de todos os estados para espiar as feras. O povo sabia que o Brasil tinha o seu escrete. Um time maravilhosamente unido, maravilhosamente irmão. O escrete jogava na base de uma solidariedade total. Não havia o caso de um jogador ressentido ou despeitado. Como um verdadeiro líder, João criou entre seus comandados uma consciência, uma estima, um nobilíssimo caráter. E por isso também foi campeão do mundo depois: porque tinha caráter.

Garçom: – Pelé e Tostão jogaram muito naquele dia.

Ceguinho Torcedor: – O melhor naquele dia podia ser Pelé, podia ser Tostão, mas para mim foi Edu. Ele era o único atacante que não fugia, que não corria do marcador. Pelo contrário, Edu é quem perseguia o marcador e o envolvia e o desintegrava. Seus dribles eram empolgantes. Ia até a linha de fundo e cruzava magistralmente.

Garçom: – Vamos ver lances daquele jogo, com imagens do Canal 100 e a  crônica do Nelson Rodrigues, o criador dos nossos quatro personagens que formam a mesa principal do nosso bar, na voz inconfundível de Paulo César Pereio, que se despediu no fim de semana passado do Mundo Material e em breve estará aqui com a gente também. Vamos prestar atenção que vale muito a pena!

A vibração no bar é igual ao dia do jogo.

Sobrenatural de Almeida: – Contra aquele time nunca joguei, porque dava muito gosto de ver. Ficava só admirando sentado à beira do gramado. E nem precisava atrapalhar o adversário.

João Sem Medo: – Achei que você não gostasse do que é bom?

Sobrenatural de Almeida: – Eu só gosto de participar do jogo de vez em quando, pra não vulgarizar meu trabalho. (dá sua risada medonha característica) Gosto de fazer umas artes em campo pra espantar e algumas vezes fazer o impossível se tornar possível.

Ceguinho Torcedor: – E aquela seleção fez o que parecia impossível em campo: o mais nobre futebol com arte. E com um apoio popular que nenhum outro escrete teve no Brasil, a seleção do João Sem Medo seria campeã do mundo em 70 com uma campanha ainda mais flamejante que a de 58.

Sobrenatural de Almeida: – O mais assombroso é que você disse isso no dia em que o Brasil se classificou para a Copa. Só errou na profecia quanto ao técnico.

Garçom: – Eram mesmo os reis da bola! E esse é o nome da música que vamos apresentar aqui no palco com o grande Moraes Moreira, relembrando os tempos de Novos Baianos. Vem pro palco, por favor, Moraes Moreira!  

Muito aplaudido, Moraes Moreira volta ao palco.

Moraes Moreira: – Obrigado, gente! Como o Zé Ary falou, esta é dos tempos de Novos Baianos, a gente jogava muita pelada e sempre adorou futebol. Até um disco a gente lançou chamado “Novos Baianos Futebol Clube”. Mas deixa de papo e vamos cantar, relembrando o Furacão da Copa e o Rei Pelé. Um abração, Rei!

Pelé acena sorrindo de sua mesa a Moraes Moreira.

Moraes Moreira: – Vamos nessa, moçada!

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Um gol desse não se perde!

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1 Comentário

  1. Ecio Tadeu Moraes Pedro

    Falam muito da bela e histórica campanha do Tri no México, em 1970, mas a façanha verdadeiramente épica da seleção brasileira foi justamente nas eliminatórias. Atropelamos quase todos os adversários nos jogos de ida e de volta.
    Nunca mais vi uma seleção, de qualquer país, ser tão superior e dominante como aquela de 1969.

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