por Eduardo Lamas Neiva
O título do Atlético Mineiro em 1971 não sai de campo e Ceguinho Torcedor rola a pelota.
Ceguinho Torcedor: – João e demais amigos, deixa eu contar uma história curiosa. Na véspera daquela final, fui ao Bigode do Meu Tio, um bar que existia lá do Rio, e um rapaz se levantou de uma mesa próxima. Reconhecera-me e veio perguntar: “Quem vai ser o personagem da semana”? Virei-me: “Mas o jogo é amanhã?”. O outro insistiu: “Mas você não é profeta?”
Todos riem.
João Sem Medo: – Viu, Ceguinho, fica alardeando seus poderes…
Ceguinho Torcedor: – Pois é, João. Achei graça, fechei os olhos e disse, impulsivamente: “Dario”. Era uma brincadeira, isto é, uma aparente brincadeira. Sem querer e sem saber, eu estava acertando no centro da mosca.
Sobrenatural de Almeida: – Assombroso! hahaha
João Sem Medo: – Sua aposta foi tão certeira quanto a cabeçada do Dadá.
Todos concordam e há um burburinho na plateia, que logo se silencia para continuar ouvindo o profeta.
Ceguinho Torcedor: – Não raro, Dario dava uma sensação de força da natureza, como se chovesse, ventasse, trovejasse, relampejasse. Na hora do gol estava sempre no lugar certo.
Idiota da Objetividade: – Ele fez 15 gols e foi o artilheiro do campeonato.
Ceguinho Torcedor: – Na finalíssima, ele não encontrava uma abertura fácil para a sua penetração. E, no entanto, foi ele que no momento justo enfiou uma prodigiosa cabeçada e ganhou a partida. Todo time do Atlético brilhou, é certo. Mas vamos e venhamos: Dario merecia naquele dia que o carregassem numa bandeja, e de maçã na boca, como um leitão assado.
Risadas gerais.
Garçom: – Dario merece, então, nossa homenagem musical, não é verdade?
Todos concordam e aplaudem.
Garçom: – Procurei arduamente pelo áudio da música “O futebol de Dadá”, de Paulinho Pedra Azul e Marcelo Jiran, mas não encontrei. Porém, temos aqui e vamos pôr no som “Rei Dadá”, de Moreira Júnior e Nino. Divirtam-se que a música é muito boa!
Ouça a música:
Muitos dançaram e até cantaram em coro a música em homenagem a Dario. Depois houve uma certa dispersão, um respiro pros convidados especiais do bar “Além da Imaginação”. Após a pausa, Idiota da Objetividade reabre o papo com a deixa sobre as origens do Campeonato Brasileiro.
Idiota da Objetividade: – Com o reconhecimento pela CBF em dezembro de 2010 dos campeões da Taça Brasil e da Torneio Roberto Gomes Pedrosa como campeões brasileiros, o Bahia passou a ser o primeiro detentor do título, em 1959.
João Sem Medo: – A CBF misturou alhos com bugalhos. Mas aquele título do Bahia foi merecido.
Sobrenatural de Almeida: – O tricolor baiano venceu o Santos de Pelé na final, uma grande glória.
Ceguinho Tricolor: – Glória eterna! Eu fui ao Maracanã na partida final. Foi um grande carnaval. Lembro da torcida batucando e cantando “Baiano burro já nasce morto”.
Músico: – Ah, então vamos tocar essa, não é, Zé Ary?
Garçom: – Sim, claro! Vamos chamar aqui ao palco o alagoano Luiz Wanderley, autor deste forró porreta em homenagem aos baianos!
Luiz Wanderley sobe ao palco, agradece os aplausos gerais e mete bronca no rastapé.
A turma toda, mais uma vez, dançou e se divertiu com Luiz Wanderley. Aplaudido, ele desceu do palco cumprimentou nossos quatro debatedores – ou contadores de causos futebolísticos – e retornou à sua mesa, onde foi recebido efusivamente.
Fim do Capítulo 34
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Sensacional como sempre!
Agradeço muito, meu amigo e parceiro. Volte sempre. Abração.