por Zé Roberto Padilha

Uma coisa é você ser torcedor de um clube que, vira e mexe, mereça ou não, se torna campeão. Um time que tem cumplicidade com os títulos.
Outra é você conseguir um lugar no seu time, e assistir, de perto, no banco de reservas, ele alcançar a mais improvável das conquistas, que foi o de campeão carioca de 1971.
O Botafogo, então assíduo fornecedor de craques para a seleção brasileira, um ano após Brito, Roberto Miranda, Jairzinho, Gerson e Paulo Cesar Caju alcançarem o tricampeonato, disparou na liderança do estadual carioca.
Abriram um mundo de pontos à frente do segundo colocado e o jornalista Raul Quadros, do Placar, convenceu PC a posar com a faixa de campeão com rodadas de antecedência. E ele o fez.
Só esqueceram da soberba, que é própria. Não do Botafogo, mas do ser humano. E do Fluminense, o então distante segundo colocado, e sua camisa sobrenaturalmente poderosa. E o Botafogo foi se perdendo nas últimas rodadas. Com todo respeito, até o Bonsucesso lhe concedeu insucessos.
E fomos para a última rodada com o Botafogo ainda em vantagem por jogar pelo empate. E aos 38 do segundo tempo, Ubirajara Motta, goleiro alvinegro, foi abalroado dentro da pequena área por Marco Antônio (foto) após a cobrança de um corner. Só o árbitro não viu.
A bola sobrou para nosso ponta esquerda, o Lula, que a colocou no fundo das redes. Não tinha VAR e o juiz foi perseguido até o túmulo pela torcida alvinegra.
Quando pego essa faixa, Campeão da Guanabara 1971, em meio às minhas recordações, não penso que ela foi imerecida. Estava no banco e tinha jogado toda a Taça Guanabara e meu time não tinha nada a ver com a soberba. Nem com a falha do juiz.
Era apenas uma outra prova, naquela ocasião, já como jogador, da intimidade com que o Fluminense historicamente tem com suas conquistas.
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