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RICARDINHO: TRÊS GOLS E O PAGAMENTO DE UMA DÍVIDA

19 / dezembro / 2019

por Ivan Gomes


Há 15 anos, em 19 de dezembro de 2004, um domingo, o Santos vencia o Vasco por 2 a 1 em São José do Rio Preto, interior do Estado de São Paulo, e conquistava pela segunda vez o Campeonato Brasileiro, o primeiro em pontos corridos. A conquista ocorreu somente na última rodada, a 46ª, após um duelo de muitas rodadas de tirar o fôlego, contra o Atlético-PR. 

Àquela época o campeonato era disputado por 24 equipes. Ricardinho, ídolo do Corinthians, que em 2002 havia ido para o São Paulo e por desavenças se transferiu para o Santos neste ano, foi um dos principais nomes desta conquista. 

Ricardinho tornou-se um dos grandes nomes da conquista não somente pelos gols importantes que fez, mas sim por um que ele fez contra o Santos, em 2001, mais especificamente em 13 de maio. Ricardinho era um ídolo corintiano, camisa 10 e na data mencionada, jogava contra o Santos a segunda partida da semifinal do Campeonato Paulista daquele ano, no Morumbi. No primeiro jogo, empate em 1 a 1. Nova igualdade tornaria o Santos finalista e enfrentaria o Botafogo de Ribeirão Preto na decisão. 

Segundo a mídia, o Santos não vencia um “campeonato de expressão” desde 1984. Simplesmente ignoravam o Rio-São Paulo de 1997 e a Copa Conmebol de 1998. Todavia, com a gozação dos adversários, víamos naquela semifinal, a possibilidade de, enfim, voltar a sermos campeões.

A partida estava empatada, jogo equilibrado. Tudo nos fazia crer que avançaríamos para decisão, quando no último lance do jogo, Ricardinho recebe uma bola na entrada da área e aos 47 minutos e 45 segundos, do segundo tempo, com o árbitro tendo determinado três minutos de acréscimo, dispara um chute no canto, indefensável para Fábio Costa, e faz 2 a 1. Estávamos eliminados do Paulista.


Esse gol doeu demais! Em 2002, enfrentamos o Corinthians na decisão do brasileiro e vencemos, em um jogo histórico, com um time só de jovens. Em 2003, o Santos foi vice da Libertadores e vice do Brasileiro. No início de 2004 o Santos conseguiu manter Robinho e Diego. Leão seguia no comando da equipe desde 2002. Fracassamos no Paulista, não fomos tão bem na Libertadores, perdemos jogadores importantes, Leão foi demitido.

Após queda de nosso grande comandante, o Santos contratou Luxemburgo, trouxe Basílio, Deivid e uma das pessoas mais odiadas por nós, Ricardinho, nosso carrasco e algoz de 2001. Ricardinho, acredito eu, só não era mais odiado que Márcio Rezende de Freitas, árbitro, que em 1995 tirou nosso título de campeão Brasileiro.

Após início turbulento, o Santos se encontrou e com boa sequência de vitórias, cinco ao todo, brigava para chegar à liderança. Em busca de sua sexta vitória consecutiva, o peixe enfrentou o São Paulo na Vila. O Tricolor abriu o marcador. Deivid empatou ainda no primeiro tempo. O jogo arrastava-se para o empate, quando uma falta próxima à grande área, aos 46 minutos da etapa final, foi anotada. Ricardinho ajeitou a bola, ele, logo ele, que tanto odiávamos. Ajeitou a bola e com perfeição acertou o ângulo, a bola triscou na trave e entrou. Vencemos por 2 a 1. Com aquele tento, o ódio deu uma leve recuada.

Esse não foi um gol qualquer, foi o primeiro gol dele com nossa camisa. Após esse tento, vieram outros e o Santos terminou o primeiro turno como campeão. O segundo turno começou animador. Com alguns tropeços considerados normais para um campeonato tão longo. Em primeiro de setembro, pela quinta rodada do returno, o Santos vai a Caxias do Sul defender a liderança contra o Juventude. No segundo tempo, partida truncada, empatada em 1 a 1. 

Até que em uma bola foi lançada para Basílio, nosso atacante divide com o goleiro na entrada da área, o arqueiro consegue afastar e, mais próximo do meio campo do que da grande área, a bola cai no pé esquerdo de Ricardinho, que, de primeira, toca por cobertura e marca um golaço, 2 a 1.


O gol genial fez o ódio ficar ainda mais contido. Ricardinho fez outros gols, mas o que acabaria definitivamente com nosso ódio veio em 19 de dezembro. Mas antes disso, o Santos havia perdido a liderança para o Furacão, a mãe de Robinho havia sido sequestrada e o craque ficou fora por alguns jogos. 

Com quatro rodadas para o final, com o Atlético/PR um ponto à frente, o Santos somente empatou em 1 a 1 com o Paysandu, em Belém e o Furacão enfrentaria o já rebaixado Grêmio. O rubro negro abriu 3 a 0, era o nosso fim. Mas não sabemos de onde o tricolor gaúcho tirou forças e empatou a partida em 3 a 3.

Na penúltima rodada, o Santos enfrentaria o São Caetano, no Anacleto Campanella e o Furacão iria até São Januário para encarar o Vasco, que precisava vencer para fugir do rebaixamento. Nem um roteirista de Hollywood escreveria uma história tão incrível. O Santos fez sua parte e venceu, 3 a 0. O Atlético sucumbiu diante do Vasco, 1 a 0. O Santos era o novo líder e faria o último jogo em seu mando.

Dias antes da partida, após mais de um mês, a mãe de Robinho voltava para casa. O Santos, punido com perda de mando, faria o jogo em São José do Rio Preto. O Atlético do Paraná enfrentava o Botafogo, em Curitiba.

A rodada começava com o Santos campeão. Mas como só dependíamos de nós, o time foi para cima. Chances foram criadas e desperdiçadas. Mas com quase cinco minutos, Ricardinho, o algoz, o carrasco de 2001, cobra uma falta perfeita e joga no canto do goleiro, 1 a 0. A partir dali sabíamos que o título era nosso. Elano fez o segundo. O Vasco diminuiu no segundo tempo, mas ficou nisso. 

Ricardinho, de carrasco a herói em três gols. E que três belos e importantíssimos gols. Não esqueceremos 2001, mas não te odiaremos nunca mais. Obrigado.

 

 

 

 

 

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