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RENATO, PERDOA-LHES, POIS NÃO SABEM O QUE FAZEM

30 / dezembro / 2024

por Marcos Vinicius Cabral

“É aquela coisa de amor e ódio. Se eles soubessem um pouco mais da vida do Renato, toda vez que ele entrasse em campo a torcida aplaudiria de pé”, disse Zico, ainda no vestiário do Maracanã na festa da 20ª edição do Jogo das Estrelas que aconteceu no sábado (28).

A declaração do maior ídolo do Flamengo era para responder ao repórter sobre as vaias direcionadas para o ex-camisa 7 rubro-negro.

Ora, se for para justificar a fala de Zico sobre amor e ódio, os torcedores não têm motivos algum para vaiar Renato Portaluppi.

Campeão da Copa União, em 1987, da Taça Guanabara, em 1988, e da Copa do Brasil, em 1990, pelo Flamengo, Renato encarnou como poucos a mística de “raça, amor e paixão” cantada pela torcida rubro-negra nas arquibancadas do Estádio Mário Filho quando vestiu o Manto Sagrado.

Boa parte dos que vaiam Renato Gaúcho certamente não viram o jogar. Nem ficaram sabendo por meio de pais e tios que o ex-ponta-direita foi o responsável pelo gol da classificação na vitória sobre o fortíssimo Atlético Mineiro de Telê Santana, no segundo jogo das semifinais da Copa União de 87. A partida foi no Mineirão e, além disso, Renato Gaúcho foi eleito o melhor jogador da competição.

Renato, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem.

Os mesmo torcedores que ano a ano vaiam Renato, não devem saber que na preparação para a Copa do Mundo de 1986, o ponta, mesmo chegando atrasado, entrou pelos portões da Toca da Raposa – Centro de Treinamento do Cruzeiro que era usado pela Seleção Brasileira – carregando Leandro enquanto alguns outros jogadores pularam o muro. Camaradagem, amizade e lealdade em uma única história.

O ato, de fato, custou caro a Renato que acabou não indo à Copa do Mundo no ano em que o camisa 7 voava.

Talvez alguns flamenguistas justifiquem a demonstração de desagrado coletivo pelo fato de que Renato não teve uma boa passagem quando dirigiu o Flamengo em 2021.

Mas os números não mentem: Renato Gaúcho é o segundo melhor técnico na era pós-Jorge Jesus com 72,8% de aproveitamento, ou seja, 24 vitórias conquistadas, oito empates e somente cinco derrotas. Jesus teve 81,6%.

Muitos neófitos rubro-negros não saibam que Renato chegou a ter 89,6% de aproveitamento pelo clube: em 16 jogos, obteve 14 vitórias, um empate e uma derrota. Os números, por mais irrelevantes que sejam para quem insiste em vaiar Renato, torna o treinador – atualmente desempregado e curtindo férias no Rio – como o técnico com o melhor início de trabalho na história do Flamengo, deixando para trás Sebastião Lazaroni e Jair Pereira (87,5% e 85,4% de aproveitamento, respectivamente).

Resta-me crer que as vaias toda vez que Renato Gaúcho pisa no gramado do Maracanã, seja dirigindo algum clube ou participando do Jogo das Estrelas, se devam ao gol de barriga marcado por ele no Fla-Flu de 95.

Uma baita injustiça!

Mas é preciso voltar no tempo e contar como chegavam Flamengo e Fluminense àquele 25 de junho de 1995.

O Flamengo celebrava o ano do centenário e tinha grandes jogadores. O principal deles era Romário, que chegou do Barcelona com status de melhor jogador do mundo após ser eleito pela Fifa no título da Copa do Mundo de 1994. Além dele, Branco também era uma das grandes figuras da equipe. Sem contar Sávio, um dos melhores jogadores do país na época.

Já o Fluminense convivia com salários atrasados e a chegada de Joel Santana no meio da campanha era a esperança dos tricolores que estavam com o grito de “campeão” entalado na garganta desde 1985. Renato era o destaque, mas aos 32 anos não gozava do melhor momento na carreira dentro de campo. Nos bastidores, o camisa 10 tricolor ajudava os que recebiam salário baixo e ajudava como podia.

O empate era do Flamengo, já que o time de Vanderlei Luxemburgo havia feito a melhor campanha no geral.

Mas nos Fla-Flus anteriores, o time das Laranjeiras levou a melhor duas vezes, na segunda fase: um 3 a 1 e, no turno do octagonal final, um 4 a 3. O outro jogo, na primeira fase, terminou empatado em 0 a 0.

Portanto, o último Fla-Flu daquele octagonal definiria o campeão. E foi o que fez Renato, ao marcar dois gols – um de barriga que foi creditado a Aílton na súmula pelo árbitro Léo Feldman – o camisa 10 tricolor silenciou boa parte dos quase 110 mil pagantes que eram maioria rubro-negros.

Renato, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem.

Mesmo que o gol de barriga seja o motivo para Renato ser vaiado todas as vezes que reencontra a torcida do Flamengo, já passou da hora de pararem com essas vaias.

O futebol agradece. Renato vai ficar feliz. As estrelas brilharão com mais intensidade no ‘mar negro’ ao entorno do Maracanã no jogo festivo do Zico. E o bom senso, perdido com as injustas vaias, vai voltar a prevalecer.

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1 Comentário

  1. André Junior

    Ignore-os Renato Gaúcho, são os legítimos possuidores do * Complexo de Vira-Latas * que não sabem o que dizem ou o que viram.

    Responder

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