por Elso Venâncio
O Jogo das Estrelas virou tradição no calendário do futebol brasileiro, especialmente do futebol carioca. É aguardado pelos rubro-negros e por torcedores rivais, que vestem a camisa do seu clube e vão ao Maracanã. A maioria da galera se programa, e vem gente de todo o Brasil. Isso ocorre também no cruzeiro anual “Emoções”, de Roberto Carlos, iniciado em 2005, um ano após o projeto vitorioso de Zico. O Rei da Música Popular Brasileira esclareceu numa coletiva: “Pelo menos 60% dos fãs são os mesmos. Quem vem, volta”.
No intervalo do 20° Jogo das Estrelas, no último sábado (28), Zico se emocionou com a homenagem feita a Adílio, na presença de familiares do amigo que se foi e com Andrade ao lado. Nas arquibancadas, vários pais apontavam ao gramado e diziam aos seus filhos, muitos deles no colo: “Aquele é o nosso rei”. Mais de 40 mil torcedores compareceram ao Maracanã, mesmo com reclamações de muitos que não conseguiram comprar ingresso pela internet.
Em idolatria, apoiado pela maior torcida do país, Zico supera Pelé. Ele liderou o maior time da história do Flamengo e conquistou títulos inesquecíveis, entre eles o do Campeonato Mundial, colocando os ingleses do Liverpool na roda, no dia 13 de dezembro de 1981. A vitória por 3 a 0 acabou sendo “modesta”, totalmente construída no primeiro tempo. Se o Flamengo não diminuísse o ritmo, poderia ter vencido por 4, 5 ou mais.
No site do Real Madrid, há um registro de que em 2024, após 122 anos de história, o clube conseguiu o seu maior número de títulos. Foram cinco conquistas na mesma temporada: Liga dos Campeões, La Liga, Supercopa da Espanha, Supercopa da UEFA e Copa Intercontinental. O Flamengo superou essa marca em 1981, faturando seis títulos, três deles num intervalo de três semanas. O calendário era ainda mais pesado do que hoje. Havia menos competições, mas o Campeonato Estadual tinha três turnos e ocupava todo o segundo semestre. Foi o caso do Estadual de 81, conquistado pelo Fla em dezembro, entre os títulos da Copa Libertadores da América e do Mundial. Antes, já havia sido campeão da Taça Guanabara, da Copa Punta del Leste e do Torneio Internacional de Nápoles. Sem contar que, no dia 8 de novembro, devolveu a histórica goleada de 6 a 0 imposta pelo Botafogo nove anos antes.
Para conquistar a Libertadores, o Flamengo precisou de três jogos finais. Após ter derrotado por 2 a 1 o violento Cobreloa no Maracanã, o time rubro-negro perdeu por 1 a 0 em Santiago. Houve, então, uma partida decisiva no dia 23 de novembro. Zico marcou duas vezes e garantiu o título inédito em Montevidéu. No dia 6 de dezembro, o Carioca foi conquistado com vitória por 2 a 1 sobre o Vasco, gols de Nunes e Adílio, em jogo que também teve como protagonista o folclórico Ladrilheiro. Com o Flamengo sendo campeão, o torcedor Roberto Passos Pereira invadiu o campo e motivou uma paralisação que esfriou o Vasco, interrompendo a pressão pelo empate que lhe daria o título carioca. Por fim, uma semana depois, o Flamengo venceu o Liverpool, tricampeão da Liga dos Campeões da Europa, por 3 a 0, em Tóquio, com dois gols de Nunes e um de Adílio. Era a conquista do mundo!
Ídolo também no Japão, Zico voltará ao país em junho de 2025, para promover o primeiro Jogo das Estrelas no exterior, em Hiroshima. Que o evento leve paz e alegria à cidade, que tanto sofreu, há 80 anos, com um bombardeio atômico com mais de 200 mil vítimas.
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