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COPA DE 82

2a parte – “O debacle”

Marcos Fábio Katudjian

A nostalgia é um sentimento humano que tende a idealizar o passado. No futebol isso também acontece na lembrança de grandes equipes. A seleção brasileira que jogou a Copa da Espanha é um desses times, considerada uma espécie de bastião do futebol bonito e do futebol arte diante do pragmatismo e da ranhetice do chamado futebol moderno.

Eu adorava aquele time, e depois da nossa eliminação – e durante um bom tempo – gostava muito de ouvir elogios àquela seleção e mais ainda, de ouvir lamentos por não sido campeã do mundo. Eu me sentia amparado em minha desilusão, como um luto em que os parentes próximos ao falecido transmitissem suas condolências uns aos outros.

Ao longo dos anos, essa reverência foi ganhando cada vez mais espaço na mídia, de forma que quanto mais nos afastamos no tempo daquela Copa, mais aquele time é idealizado. Idealizado, eu diria, com certa falta de escrúpulos da imprensa especializada.

Por isso, eu gostaria nesse pequeno espaço, a partir de uma reflexão mais distanciada, de oferecer um contraponto à nostalgia que eu mesmo alimentei por tanto tempo.

Então, permitam-se dar um alerta de gatilho para os mais românticos ou ainda reféns daquele trauma: esse vídeo pode provocar reações adversas, como lágrimas, ranger de dentes e urticárias.

Já entenderam, né? Então vamos lá.

Em primeiro lugar, deve estar no topo de qualquer comentário, algo que os brasileiros têm muita resistência para fazer: reconhecer os méritos do adversário. E eu já posso ouvir alguém aí dizendo: “mas eu acho que a seleção brasileira era a melhor seleção daquela Copa”. E eu respondo: “e daí?” O Brasil podia até ter o melhor time, mas isso não garante nada no futebol. Não éramos um time perfeito, simplesmente porque isso não existe. Nem os times de Pelé eram perfeitos porque havia outros dez que não eram Pelé.

O fato é que a Itália tinha um grande time, possivelmente a melhor Azzurra de todos os tempos, e mereceu amplamente ganhar a Copa apesar de uma primeira fase medíocre.

Outra coisa difícil de admitir é que o Brasil tinha falhas, especialmente na defesa. Falhas que estavam claras desde o início. Se na primeira fase a Itália percorria um caminho doloroso de olhar para os próprios erros, a primeira fase do Brasil nos colocou no posto de queridinhos da imprensa e da torcida internacionais. E isso foi a nossa ruína, como acontece via de regra quando o sucesso nos coloca antolhos, viseiras que impedem que os erros sejam observados.

E aqui eu gostaria de chamar os românticos mais exaltados a colocarem os seus pezinhos no chão por um momento. Notem, o Brasil fez apenas cinco jogos naquela Copa. Foi eliminado numa fase equivalente às quartas de final. Daí eu pergunto: como se referir com tamanha devoção a um time que sequer passou pelas quartas de final? Só para citar outras duas seleções que marcaram época sem ter vencido a Copa, a Hungria de 54 e a Holanda de 74, ambas chegaram às finais e têm sido menos lembradas que a nossa seleção de 82.

E independente da fase em que foi eliminada, vamos dar uma olhada nessa campanha. Foram quatro vitórias e uma derrota. As vitórias foram contra a União Soviética, Escócia, Nova Zelândia e Argentina. E perdemos da Itália. Essa foi a campanha do Brasil em 82.

Pois eu pergunto: o que representavam esses adversários na ordem das coisas? Bem, a União Soviética era um bom time, liderados pelo meia Blokhin, com uma defesa sólida e um ataque e meio campo competentes, mas ainda assim, uma seleção europeia de segunda linha. Pois bem, o Brasil suou sangue para ganhar da União Soviética. E uma coisa que ninguém diz: o Brasil não teria vencido aquele jogo sem a ajuda da arbitragem, que deixou de marcar um pênalti escandaloso para os soviéticos aos 36 do segundo tempo quando o jogo estava empatado, um toque de mão intencional absurdamente claro do qual ninguém, absolutamente ninguém fala ou falou. O fato que ficou para a posteridade, na onda do pachequismo reinante foram os dois golaços do Brasil, na verdade, duas obras de arte que ofuscaram os enormes riscos aos quais o Brasil se submeteu durante todo o jogo. Uma análise fria daquela partida, um olhar mais competente do técnico, faria ver que naquele primeiro jogo estava o embrião do que aconteceu no Sarriá três semanas depois.

Depois da União Soviética, o Brasil enfrentou a Escócia. O que dizer da Escócia na ordem das coisas do futebol? A Escócia é um futebol com o nível parecido com o da… Escócia, entendem? Se existe algum time mediano no futebol é a Escócia. A Escócia é uma seleção radicalmente mediana. E o Brasil ainda conseguiu tomar o primeiro gol daqueles cinturas duras. E por falar em bichos de goiaba, o Brasil terminou a primeira fase enfrentando um time semiprofissional, a Nova Zelândia, composto de padeiros, carteiros, marceneiros e jogadores de rúgbi, e o Brasil meteu quatro a zero.

No primeiro jogo da fase seguinte, sim, pode-se dizer que o Brasil foi testado. Jogou contra um gigante do futebol mundial e foi muito bem, ainda que se possa dizer que aquela Argentina era um time meio requentado, sem o mesmo viço da Copa anterior, o fato é que o Brasil fez três a um fora o baile.

Depois veio o jogo contra a Itália. Partida em que a defesa voltou a falhar bisonhamente repetidas vezes. Muita gente fala do pênalti do Gentile no Zico, e foi pênalti mesmo, mas ninguém se refere ao gol legal do Antognioni anulado pelo árbitro, o que seria o quarto gol da Itália.

Mas além dos aspectos técnicos e táticos há outro que me interessa ainda mais. Diz respeito à atitude da seleção ao longo da Copa e especialmente naquele jogo fatídico.

O fato é que o Brasil jogou sem demonstrar nenhum respeito ao acaso. E jogar sem respeitar o acaso no futebol é o mesmo que jogar sem respeitar os deuses. Eu me refiro aos deuses do futebol. Sim, porque eu não sei se Deus existe. Tem horas que eu acho que sim, horas que eu acho que não. Deus pode não existir, mas os deuses do futebol existem, quanto a isso não há sombra de dúvida. E só não conhece os caprichos desses deuses quem nunca foi vitima deles.

Contra a Itália, o Brasil não entrou para se classificar para a semifinal. O Brasil dava isso como certo. A classificação era apenas um objetivo burocrático a ser cumprido, algo como assinar a súmula. O objetivo era outro, o objetivo era dar espetáculo. E se vocês acham isso uma virtude, bem… os italianos também devem ter achado.

O Brasil jogou como se a vaga numa semifinal de Copa do mundo fosse algo menor, algo banal. O que importava era o virtuosismo de seu jogo. Ir para a semifinal era um objetivo reles, que estava aquém das suas possibilidades. Vocês tem um adjetivo para determinar esse tipo de comportamento? Eu tenho pelo menos dois: arrogância e soberba. E se você tem dúvidas a esse respeito, sugiro que assistam novamente pelo menos os minutos que sucederam o gol de empate do Falcão. O que se vê é gritante: um preciosismo egocêntrico raramente visto na história desse esporte.

E do outro lado, o que se via? Uma Itália execrada pela torcida e imprensa, com quem estava rompida. Um time que lambia as próprias feridas de uma primeira fase sofrível. Um time que exatamente por tudo isso, deixou tudo em campo naquele jogo, colocando o coração na ponta da chuteira em cada lance, em cada palmo do gramado, um time heroico, de muita entrega e valentia. Um David que não hesitou em comer grama diante de um Golias sobranceiro, impávido, colosso. E nesses mais de quarenta anos acompanhando o jogo, eu lhes digo: não há mitologia que mais deleite os deuses do futebol do que essa de David e Golias.

Enfim, é bom que se entenda de uma vez por todas: Jogar bem, jogar melhor nunca foi determinante de nada no futebol. Jogar com determinação, raça e profundo empenho muitas vezes está mais próximo da bem aventurança.

Volto a dizer, a seleção de 82 talvez tenha sido minha maior paixão adolescente. E me dói ter que desdizê-la. Se faço isso, é por perplexidade diante do culto exagerado àquele time. Um time que não teve a sabedoria e a humildade suficientes para transformar seu talento excepcional em resultado, coisa que a aborrecida seleção de 94 fez com muito menos potencial. Minha perplexidade é ver a forma condescendente e sentimentalóide com que a imprensa ainda hoje trata nossa participação naquela Copa.

E aqui entre nós, para mim isso diz respeito a vários outros aspectos do caráter nacional, onde – entre tantas outras mazelas – aprender com os erros do passado é tão raro e improvável.

COLAR ESPANHOL

por Rubens Lemos

Quando o técnico Luiz Enrique dispensou o talentoso meia Thiago Alcântara, filho do brasileiro tetracampeão Mazinho, reagi boquiaberto. Um raríssimo espécime criativo era excluído do desmotivado baile da Copa do Qatar.

Do espanto ao encanto. A Espanha demonstrou contra a Costa Rica o futebol digno da maior competição esportiva do planeta. Um jogo envolvente, de toques debochados e progressivos, de craques sem medo de devastar o adversário com repertório sinfônico.

Estava decretada a volta do Tik-Taka, o estilo que contagiou o mundo, nascido da poesia idealista do técnico Pep Guardiola. O futebol mostrado pela Espanha, em que pese a fragilidade do oponente, encheu os olhos de quem aprecia a técnica assumindo ares calientes de exuberância, como na música, nas artes plásticas e na literatura.

A Inglaterra e a França golearam seus rivais. Parabéns. A Espanha liquidou a primeira rodada com anos-luz de arrebatamento em meio ao equilíbrio apático do restante das equipes.

O time envolve o adversário, controla a peleja em colar de passes cheios de veneno e sempre em busca do gol. A marcação se perde em roda de bobo enquanto os jovens furiosos partem para cima querendo marcar e querendo mais. A Espanha pode até enganar, mas sua avant-première recebe, com louvor, o sinônimo da sedução.

GABIGOL É CAMISA 10!

por Elso Venâncio

Gabriel Barbosa, o Gabigol, tornou-se o grande ídolo do Flamengo. Figura popular, carismática, parece um torcedor no meio dos craques em campo. Isso mesmo, há uma espécie de elo entre os dois. A torcida joga com ele e Gabigol torce com a galera. Lembrando as conquistas, a importância e o peso que tem, superou gigantes – como Romário e Bebeto, citando apenas dois – e caminha para se aproximar dos maiores.

O goleador tem somente 26 anos, joga no clube há apenas quatro temporadas e vem quebrando recordes. Artilheiro dos dois últimos Brasileiros e da recente edição da Libertadores, o homem não para!

Ele se supera em jogos importantes, sendo absolutamente decisivo nas finais. Contra o Corinthians, adversário que na final da Copa do Brasil esteve perto de vencer no tempo normal, houve uma cena histórica no Maracanã. Decisão nos pênaltis, o centroavante caminha lentamente para fazer a cobrança, mira a arquibancada nervosa, ameaça erguer os braços e, então, seus olhos suplicam:

– Calma, galera! Vamos chegar lá!

Gabigol não gosta de ser poupado. Sem essa de entrar na conversa dos técnicos, que alegam o lado científico tentando demonstrar que são professores. O Santos de Pelé serve de exemplo: apresentava-se mundo afora a cada três dias numa época em que o futebol era muito violento e sequer havia cartões.

Na festa pelo título, no Centro do Rio, Gabi provocou os adversários ao vibrar como um torcedor apaixonado:

– Tite, eu já jogo numa seleção…

Outra dele:

– Enquanto uns comemoram por sair da série B, outros vibram com o tri da Libertadores…

Merecidamente, Gabigol herdou a mítica camisa 10 de Zico. Aliás, quando voltou da Europa, aos 21 anos, vestiu no Santos a 10 de Pelé. Arrascaeta ou Everton Ribeiro poderiam vestir essa camisa até porque, anteriormente, ao goleador cabia honrar a 9 – segundo Waldir Amaral, “camisa que tem cheiro de gol”. Naquela época, o craque do time, se jogasse do meio para a frente, usava a 10.

Hoje em dia vestir de 1 a 11 não indica mais quem é titular ou não. Cada jogador tem seu número de preferência, que vai do 1 e passa do 40, 50, um negócio sem pé nem cabeça. Mas Gabigol foi o escolhido para usar a 10 porque é alguém que se posiciona, se comunica, ao contrário da estrela uruguaia e de Everton, que são tímidos.

Antes da homenagem, Gabi avisou:

– Vou pedir autorização ao Zico.

Mesmo tendo limitações (perna direita, dribles e cabeçadas), como não sentir essa energia que ele passa em campo, além das festas que comanda no gramado após as vitórias e títulos, regendo e empolgando a ‘Nação’ no Maracanã?

Um paulista que virou carioca da gema. E rubro-negro de coração!

COPA DESCARACTERIZADA

::::::: por Paulo Cézar Caju ::::::::

A Copa do Mundo começou, mas confesso que ainda não me acostumei com o fato de ser no fim do ano. Na verdade, o que eu nunca vou conseguir me acostumar – e muito menos aceitar – é o preconceito e a violação dos direitos humanos. Como o próprio nome diz, a Copa do Mundo é um evento mundial, que reúne diversas culturas e resulta em uma linda festa. Na atual edição, no entanto, predomina um clima sombrio, com liberdade restrita, sobretudo das mulheres.

Recentemente, foi notícia pelo mundo inteiro a morte de Mahsa Amini, de 22 anos, espancada brutalmente após ser abordada pela polícia moral do Irã por não estar usando seu véu de maneira adequada. Já falei aqui na coluna algumas vezes que não achei uma boa escolha o Catar sediar o Mundial e só agora a ficha e as máscaras estão caindo. Respeito qualquer cultura, mas não dá para aceitar criminalizar a homossexualidade, por exemplo.

Se já não fosse o bastante, li que o Catar gastou mais de US$ 229 bilhões para sediar a Copa do Mundo 2022. Para se ter uma noção dos valores, a Rússia gastou US$ 11,6 bilhões em 2018, o Brasil US$ 15 bilhões em 2014 e a África do Sul US$ 3,6 bilhões quatro anos antes. A impressão é que a FIFA está interessada somente em encher o bolso dos dirigentes e fiquei indignado ao saber que milhares de trabalhadores imigrantes morreram durante as obras para o Mundial por estarem submetidos à condições desumanas. Sabe qual é o pior? Os jogadores, donos do espetáculo, no centro dos holofotes, não se manifestam, não opinam, não fazem nada para mudar essa cultura desprezível da maior entidade do futebol mundial. Lamentável!

Sobre a competição em si, confesso que esperava outra postura do Catar diante do Equador. Parece que foi o primeiro anfitrião na história a perder na estreia da Copa do Mundo. O Brasil estreia na quinta e não pensem que será um jogo fácil contra a Sérvia. Aliás, nem contra a Sérvia, nem contra a Suíça, que jogam um futebol defensivo, agressivo e preparado. Vale destacar que o jogo de estreia é importantíssimo para adquirir confiança, ainda mais que nosso plantel reúne diversos jogadores jovens, que nunca participaram do maior torneio do planeta! Ao contrário do que muitos pensam, estou na torcida pelo Hexa!

Pérolas da semana:

“Medir a altura das linhas para chegar com intensidade no último terço do campo, antes da subida da linha de três ou da descida da linha de 4”.

“Com a perna invertida, o jogador de beirinha faz a diagonal por dentro e ativa o conceito de jogar para dar uma identidade ao time com consistência, chamar a marcação e centralizar o time propositivo”.

MELHOR DO MUNDO

por Rubens Lemos

Aos gritos de “fica, fica, fica!”, Pelé dava a volta olímpica com o gramado do Maracanã cercado de meninos uniformizados em trajes dos maiores clubes nacionais. Pelé, nu da cintura para cima, chorava e simbolizava o fim de uma era: a do país melhor do mundo no futebol. O Brasil foi número 1 enquanto seu camisa 10 reinou por 14 anos no escrete.

A tarde do empate por 2×2 com a Iugoslávia, a 18 de julho de 1971, diante de 138.573 pagantes no estádio, sinalizou para o futuro da seleção como de elite, mas sem soberania. Pelé saiu para a entrada do gorducho Claudiomiro, paradoxo monumental a escrever em letras de vento: o retrato passava a ser o do substituto. O jogo terminou em 2×2.

O ufanismo do regime de exceção impunha o futebol como válvula de escape para a efervescente e dolorosa conjuntura política sem democracia, portanto Pelé desagradou e muito o Regime Militar, tanto que o General Presidente Garrastazu Médici, contrariado com a saída do principal item do cardápio da propaganda popular, faltou, contrariado, ao jogo contra os iugoslavos.

É maldade com os garotos de agora, os que enchem bancas de revistas em busca de figurinhas para álbuns da Copa do Qatar, insistir que o Brasil pratica o futebol mais bonito ou insuperável do planeta. Mentira. Fraude.

Com Pelé, que estreou aos 16 anos na derrota de 2×1 para a Argentina, gol dele, a 7 de julho de 1957 também no Maracanã, o Brasil ganhou três dos cinco mundiais conquistados. Pelé jogou quatro e estava nos três títulos, fulgurante em 1958 e 1970 e contundido no segundo jogo de 1962. Em 1966, Pelé caçado e, em controversa final com os alemães, os ingleses foram únicos a ganhar com o Rei em atividade.

Depois da volta olímpica de Pelé, o torniquete foi apertando. O Brasil ganhou duas Copas. Em 1994 e 2002. A Alemanha, papou três: 1974, 1990 e 2014. A Itália, duas: 1982 e 2006.

A Argentina, também dois canecos: o de 1978, vergonhoso, escandalosamente corrupto no suborno aos peruanos que abriram as pernas aos albicelestes que precisavam de 6×0, conseguiram e fariam 16 se fosse necessário.

Em 1986, a Argentina se redimiu à humanidade e ao esporte apresentando o semideus Maradona em desempenho impecável, driblando e abrindo clareiras com seu pé canhoto, gols dignos da pena de Jorge Luís Borges, o maior escritor portenho.

Emergente, a França conquistou sua primeira taça em casa em 1998, naquela lambança provocada pela convulsão de Ronaldo Fenômeno e pelo apagão psicológico do time de Zagallo, massacrado por Zidane num 3×0 de fechar a conta, sem direito a despedida.

Em 2018, deu França de novo. A Marselhesa tocava, também, pela segunda vez. Comandada pelo enjoado craque Mbappé, impressionante pela técnica veloz ou pela rapidez habilidosa.

A Espanha do lindíssimo tike-taka, o toque de bola envolvente e digno da arte brasileira dos anos dourados de Didi, Gerson, Rivelino, Zizinho, Zico, Falcão e Sócrates, impôs um ciclo lindo em 2010, pondo os adversários no ridículo, em roda de bobo, nos toques rápidos e deslocamentos de atordoar. Pena que fracassou feio quatro anos depois, time envelhecido e pedante.

A importância de Pelé é incontestável. Nada será igual a Ele. O Rei será Ele enquanto vida existir sobre a terra, embora sua natureza seja da amplidão divina. De carne é o Edson. De fascinação, é Pelé.

O Brasil, tendo Pelé, esmagou a França em 1958 por 5×2, a Suécia por igual escore, humilhou a Inglaterra, o Uruguai e a Itália em 1970. Sem ele, quase não vence o Zaire em 1974. Sem Pelé, qualquer concorrente requer os cuidados que ele pulverizava aos dribles e gols de placa.

O Brasil, ao contrário do que possa parecer, não deve desanimar. Tem um bom time. E a chance, maior que a dos últimos três torneios, no mínimo, de tentar, ao menos, se igualar aos alemães na liderança do grupo coeso e coerente dos campeões sem superioridade incontestável.