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OS INCRÍVEIS POMPEIA E VERMELHO, OS “ACROBATAS” DO FUTEBOL

15 / janeiro / 2020

por Victor Kingma


Nos início dos anos 60, o Bangu e o América tinham grandes times e vários craques desfilaram pelos gramados defendendo suas gloriosas camisas, como Djalma Dias, Leônidas e Amaro, pelo América e Zózimo, Roberto Pinto e Paulo Borges, pelo Bangu.

Entretanto, os saudosistas, como eu, devem se lembrar de dois jogadores, que, embora não fossem os astros das suas equipes, faziam a alegria das torcidas pelas acrobacias que faziam em campo: o goleiro americano Pompeia e o ponteiro banguense Vermelho.

Pompeia, que havia trabalhado em circo e sonhava um dia ser trapezista, era um espetáculo à parte com seus voos espetaculares, o, que, aliás, lhe rendeu o apelido de “Constellation”, aeronave famosa da época. Já o arisco ponteiro banguense tinha uma característica peculiar: cruzar as bolas e até bater escanteios, de letra. A torcida ia à loucura com as peripécias dos dois jogadores.

Certa vez, num jogo América e Botafogo, Pompeia foi fintado pelo endiabrado Mané Garrincha que partiu sozinho na direção ao gol para entrar com bola e tudo.


A torcida botafoguense se levantou para comemorar o gol, em mais uma diabrura do seu ponteiro, quando, inesperadamente, o elástico arqueiro do América deu um salto acrobático para trás e pegou a bola nos pés de Garrincha, em cima da linha.

Enquanto as torcidas dos dois times aplaudiam o lance, os dois artistas da bola se abraçavam, e, às gargalhadas, se divertiam pela jogada inusitada que acabavam de protagonizar. 

Em outra oportunidade, acontecia no Rio o tradicional torneio início, evento com vários jogos de 20 minutos, que marcava o começo dos campeonatos regionais. Os times que venciam as partidas iam prosseguindo na competição.

Em um jogo do Bangu, toda vez que havia um escanteio em favor do time, a torcida em coro pedia para Vermelho efetuar a cobrança. Era uma festa no Maracanã.

De repente aconteceu um pênalti para a equipe banguense. O cobrador, Ocimar, se preparava  para bater quando, assim que o juiz apitou, Vermelho tomou a frente e executou a cobrança, de letra, convertendo a penalidade, para delírio do público presente.


Nesse mesmo torneio, que não tinha tanto compromisso, pois servia para apresentar as novidades dos times para a temporada, Bangu e América se enfrentavam. 

Quase no final do jogo acontece um corner a favor do Bangu. Vermelho bate de letra e executa mais uma vez a sua inusitada jogada. A bola vai no ângulo. O ponteiro parecia tentar um gol olímpico. 

Pompéia, então, salta e faz mais um de seus voos acrobáticos para efetuar a defesa. Um detalhe: em vez de segurar a bola, como tinha feito em chutes de outros atacante, a espalma novamente para a linha de fundo, cedendo novo escanteio.

Talvez, lembrando dos tempos do circo, tenha pensado naquela hora que todos que estavam ali no “picadeiro” mereciam o replay daquela cena e das acrobacias que ele e o amigo Vermelho acabavam de executar. Valia a pena repetir.

Que saudade  daqueles românticos tempos do futebol e de seus “palhaços” e “acrobatas” da bola!  

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