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INTERNACIONAL DE TODOS OS TEMPOS

por Luis Filipe Chateaubriand

No gol, toda a segurança e bom posicionamento de Cláudio Taffarel.

Na lateral direita, a capacidade de apoiar de Luiz Carlos Wink.

Na zaga central, a mítica figura de Don Elias Figueroa.

Na quarta zaga, a capacidade de leitura de jogo de Mauro Galvão.

Na lateral esquerda, o eficiente Oreco.

De volante, o excepcional Paulo Roberto Falcão.

Na meia direita, a inteligência de Paulo Cesar Carpegiani.

Na meia esquerda, a entrega e a técnica de D’Alessandro.

De ponta direita, a ofensividade de Valdomiro.

De centroavante, o oportunista Fernandão.

De ponta esquerda, toda a técnica e picardia de Mário Sérgio.

Taffarel; Luiz Carlos Wink, Figueroa, Mauro Galvão e Oreco; Falcão, Carpegiani e D’Alessandro; Valdomiro, Fernandão e Mário Sérgio.

E aí?

Vai encarar?

O REI E A DIVA

por Rubens Lemos

Na fotografia, Maria Creuza, uma das melhores intérpretes da Bossa Nova, está entregando a Bola de Prata de melhor atacante do campeonato nacional de 1972 a Alberi, o Negão, o Deus do ABC. A Revista Placar registrou e publicou na época. Reizinho, filho de Alberi, postou na internet. No programa Airton e Lolita, da TV Tupi.

Faz quatro meses e cinco dias da morte de Alberi. E a saudade dele ainda dói em mim. Quando Alberi estava doente, havia a mobilização dos amigos e ele sempre resistia. No dia 28 de outubro, o corpo que nós, mortais, julgávamos infalível, descansou.

Então, na cruel e natural sequência da vida, a velocidade inalcançável das redes sociais vai eliminando sentimentos; amor, solidariedade, amizade, alegria, idolatria e nostalgia. Alberi é eterno. Ouço a canção de Cartola na voz de Maria Creuza e concordo com o título: Pouco Importa. A morte não venceu o Negão.

EU ESTAVA LÁ

por Zé Roberto Padilha

Um dia iria acontecer. Era apenas a terceira rodada da Taça Guanabara, no estadual de 76, e mesmo sendo um clássico, a partida entre Flamengo x Vasco nem tinha ares de decisão. Mas ao sair da praia, milhares de cariocas combinaram o mesmo programa. Vamos ao Maracanã?

Durante o aquecimento, já sentimos que o teto balançava mais do que o normal. E veio a notícia que a partida atrasaria 20 minutos em razão da polícia retirar torcedores do alto do anel superior. Não cabia mais ninguém e foram tentar assistir lá do céu.

Quando entramos em campo, deparamos com uma cena digna de um show do Queen no Rock in Rio. É quando o artista se depara com todos os sonhos que buscou. Quando sua arte é reconhecida e ela alcança seu momento mais sublime.

174.770 será um público que jamais será alcançado em partidas de futebol. Os estádios se encolheram e as assinaturas do Canal Premiére cresceram.

E um camisa 10 como o nosso, que a súmula informava ser Arthur Antunes Coimbra, que realizou uma assistência e marcou dois gols na vitória do Flamengo por 3×1, tão cedo irá aparecer.

Outro dia conversando com o Dé, que marcou o gol do Vasco, perguntei se de madrugada ele era despertado por aquele barulho infernal e triunfal. Ele confirmou que sim. Cenas e ruídos que, pelo visto, jamais nos deixarão.

Mas já agendamos um psicólogo. Antes que o Vasco empate a partida.

*Vasco X Flamengo foram à final da Taça GB naquele ano. Público de 123 mil pagantes.

A PELADA DE GALA DO GALO

por Mauro Ferreira

Da mesma forma que a bola pune, a bola elege. Há 70 anos, em março de 1953, resolveu entregar seus dengos e segredos a um pirralho nascido filho de português. Se 13 anos antes havia apontado seus gomos para um bairro pobre da cidade mineira de Três Corações, dessa vez encontrou no carioquíssimo subúrbio de Quintino, no Rio de Janeiro, mais um de seus raros, raríssimos escolhidos.

Não à toa, o menino ganhou nome de rei. Um rei nascido história, senhor da távola. Franzino como o outro, não arrancou da pedra uma espada; fez da bola a sua espada e com ela arrancou “ohs”, “ahs”, suspiros e a alegria de tanta gente sofrida.

Arthur era pequeno e o apelido – inevitável – foi se modificando ao longo do tempo, do crescimento, e dos campos onde ia mostrando aos outros os tais segredos e dengos que a bola havia lhe dado. Primeiro, Arthurzinho, seguido por Arthurzico e, por fim – coisa de brasileiro – o minimalista Zico. Mais fácil de ser lido, escrito, gritado e… louvado. Elevado à categoria de semideus. Assim como Deus, quatro letras; assim como Pelé, quatro letras.

Arthur fez 70 anos dia 3 de março. Setenta. Dois dias antes, na sua pelada de toda quarta-feira, no CFZ, entrou em campo. No primeiro toque na bola…gol! Mesmo com o joelho ainda acusando a entrada maldosa de décadas atrás. Só que o tal Arthur, ainda é – e pra sempre será – o escolhido da bola.

Não à toa, foi para muito alem do rei da távola. Foi ser divino. Atende, em oração, pelo nome de:

ZICO.

70 E CONSEGUE, ZICO

por Marcos Eduardo Neves

Se tentar fazer um texto diferente hoje, talvez não consiga. Mas se tentar e conseguir, me dou por satisfeito. Afinal, não é um texto qualquer.

Quando 70 criar algo novo para um velho ídolo, o sarrafo aumenta. Ainda mais quando esse ídolo é uma referência, um amigo. Na hora que 70 bolar alguma coisa assim, o coração bate mais forte, as palavras fogem, é algo realmente difícil.

Vou dizer o que quero falar sobre ele. Alguém que 70 marcar mais de 800 gols mesmo dando mais passes que finalizando, consegue. 70 ser o maior artilheiro do palco sagrado do futebol mundial, consegue. Alguém que 70 ser o símbolo máximo do clube mais populoso de uma nação, consegue. 70 acertar aquela falta no ângulo, igual êxito. 70 dar o gol, é capaz do artilheiro perdê-lo, mas ele o salva no rebote.

70 ser gentil, é mais que qualquer um. 70 ser humilde, sabe ainda ser generoso. 70 ser brincalhão, alegra qualquer ambiente. 70 mostrar-se líder, não tenta: simplesmente, o é, desde que se entende por gente.

70 ser o melhor, consegue; 70 ser o maior, consegue….

70 ajudar os amigos, faz. Como faz também, hoje, 70 anos. E, para mim, continua sendo meu camisa 10 predileto, mais que isso, único. Aquele que entrava em campo puxando os companheiros, nos deixando confiantes para enfrentar quem quer que fosse.

Parabéns pelos 70, amigo ídolo! E obrigado por tudo, desde quando nos conhecemos até hoje. Dou glória a Deus pela glória de ter te visto trabalhar, jogando. E mais ainda por, tempos depois, permitir me aproximar daquele que eu julgava ser, simplesmente, inalcançável.

Curta muito o seu dia, Galinho. 70, você sabe, consegue – melhor, já conseguiu! Felicidades hoje e sempre. Você é eterno.

Saudações rubro-negras, brasileiras e mundiais. E, bom, se não ficou bom o texto, perdão. Ao menos tentei. Se tentei…