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OS TREINADORES VIRARAM ESTRELAS

24 / abril / 2019

:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::


Uma das manias atuais é dizer que determinado treinador é ultrapassado, desatualizado. O que isso quer dizer? Como um treinador se atualiza? Cercando-se de uma comissão técnica que anota quantos passes determinado jogador acertou, seu preparo físico e estado psicológico? Ou os treinadores transformaram-se apenas em gestores de grupos, profissionais bons de vestiário?

Outro dia alguém me falou que os treinadores atuais viraram tiozões de churrasco e limitam-se a distribuir coletes. Esqueçam isso tudo. A verdade é que os treinadores ganharam status de estrelas, muitos com empresários e salários astronômicos. Consequentemente viraram despeitados e arrogantes. Basta ver a postura de alguns nas entrevistas. Não admitem erros, são os donos da verdade, zero humildade.

Sinceramente, acham que algum treinador brasileiro merece ganhar R$ 600 mil e até R$ 1 milhão? Alguém precisa frear essa farra. E o pior é que nenhum deles reconhece que Sampaoli é um dos poucos que aposta em um jogo ofensivo, alegre e investe no futebol que aprendemos a amar. Mas é a estrela de Carile que brilha. E as de Felipão, Abelão, Odair Hellmann…e o me engana que eu gosto continua reinando.

Tive ótimos técnicos. Meu pai Marinho, o Meiúca, exerceu essa estressante função por muitos anos e foi fundamental em minha carreira. Seu Nilton, um advogado, me treinou em um campo pelada de terra batida, na Gávea, onde hoje é o parque aquático. Quem me deu a primeira chance foi Admildo Chirol, no Botafogo. Entrei e fiz três contra o América.


Zagallo foi um paizão e além de técnico era psicólogo, um grande amigo. Nunca levantou a voz. Por dez anos o Lobo fez parte da minha vida, no Flamengo, Botafogo, Vasco e seleção brasileira. Didi me treinou na Máquina. Era um monstro! Parava o treino várias vezes, não admitia erros de passes e posicionamento. Repetia as jogadas, repetia e repetia, era um perfeccionista. Cruzava as bolas para os jogadores e pedia que a dominassem e devolvessem para ele. Era uma fila, um time inteiro, eu, Cléber, Marco Antonio, a Máquina completa! Certa vez, Cafuringa e Mário Sergio tentaram “desmoralizá-lo” e mandaram a bola cheia de graxa. Ele dominava com a habitual categoria e devolvia com mais graxa ainda, Kkkkk!!! E ainda respondia: “Vão cansar, garotos!”.

Faz muita diferença ser treinado por quem conhece, ter referências é fundamental. Também trabalhei com Orlando Fantoni, no Grêmio, que jogava pif-paf conosco. O treinador sempre fez de tudo um pouco.

Hoje são cercados por uma penca de auxiliares, fisiologistas, estatísticos e sei lá mais quem. Viraram reizinhos, mas se perderam em suas estratégias. É uma grande panela e ficam se revezando. A elegância, o talento e a humildade de Didi contrastam com os “professores” atuais que torcem para a partida terminar empatada e serem salvos na disputa de pênaltis.

A covardia reina, a mentalidade mudou. Não tem jeito, temos que nos conformar. Zagallo aposentou-se, Didi partiu e os tiozões do churrasco estão fazendo a festa.

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