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O GIGANTE PAULO AMARAL

14 / agosto / 2023

por Elso Venâncio, o repórter Elso

Paulo Amaral foi o precursor da preparação física no futebol brasileiro. Esteve junto à comissão técnica nacional durante as conquistas das Copas de 1958 e 1962, além do Botafogo, clube pelo qual teve forte identificação. Lutador de boxe, nadava e também levantava pesos. Era um gigante, com quase dois metros de altura e cem quilos de músculos.

O ‘Sargento de Ferro’ trabalhou na temida Polícia Especial do Presidente da República Getúlio Vargas. Paulo Amaral e Mário Vianna, ‘com 2 enes’, aquele que tão bem representou a arbitragem brasileira nos Mundiais de 1950 e 1954, patrulhavam o Rio de Janeiro, então Capital Federal do país, com suas possantes Harley-Davidson, sempre em dupla. Cabeças raspadas à navalha, fato raro na época, usavam boinas vermelhas. Eram famosos, mas também temidos, principalmente quando rondavam pela Lapa.

Paulo Amaral tinha 36 anos quando a Seleção Brasileira, já tendo conquistado a Copa na Suécia, enfrentou o Uruguai, no Estádio Monumental de Nuñez, pelo Sul-Americano de 1959. Nesse jogo estourou um dos maiores conflitos da história do futebol. Brigaram jogadores, reservas e comissões técnicas. Almir Pernambuquinho, que substituía Vavá, chocou-se com o goleiro adversário e foi agredido pelo zagueiro Martinez. Nisso, revidou no ato. Pelé tomou as dores e o zagueiro Orlando Peçanha entrou na confusão. Didi apareceu, acredite, dando voadoras. A polícia, preocupada em impedir a invasão dos torcedores argentinos, deu as costas para a batalha campal. Surgiu, então, o imponente Paulo Amaral, derrubando um a um que lhe aparecesse à frente com socos. Até os brasileiros se assustaram. Paulo Amaral, Didi e Paulo Valentim, foram os que mais bateram e apanharam. No reinício do jogo, o Brasil venceu por 3 a 1: três gols de Paulo Valentim.

“Vencemos na bola e na porrada!” – declarou Didi.

Antes de levar os estudos a sério e se formar, Paulo Amaral jogou futebol. Foi lateral-direito no Flamengo, passando depois para o meio de campo. O técnico Flávio Costa observava sua paixão pelos esportes e o aconselhou estudar na Escola de Educação Física do Exército, na Urca. Amigo de João Saldanha, Amaral gostava de comentar:

“Como é que João fala inglês, francês, alemão e até russo?”

Paulo Amaral passou a ter destaque como treinador quando dirigiu o Botafogo em quatro períodos diferentes. Depois, Corinthians, Fluminense, Vasco, Atlético Mineiro, Al-Hilal, Bahia e a Seleção do Paraguai, além do Juventus e do Genoa, dentre outros times nacionais e internacionais, conquistando títulos importantes.

Na geral do Maracanã, atrás do banco do Botafogo, um torcedor gritava insistentemente:

“Careca viado! Careca frouxo!”

Os jogadores reservas se entreolham, mas seguraram o riso. O técnico saiu de fininho, desceu o túnel, chegou ao antigo saguão e invadiu sorrateiramente a geral. De frente para o inconsequente sujeito que o esculachava, cruzou os braços e começou uma verdadeira sessão de boxe, abrindo um clarão no meio da galera.

No casarão histórico de General Severiano, eu acompanhava o velório do ídolo Didi. Antes de seu corpo deixar a sede, Paulo Amaral pediu atenção a todos. Pôs uma flor no peito do mestre da “Folha Seca”, beijou Rebeca e Lia, filhas do ex-jogador e rezou em voz alta:

“Pai nosso que está no céu…”

Em seguida, desceu as escadas e, nos jardins do casarão, seus soluços eram ouvidos à distância.

O carioca Paulo Lima Amaral faleceu em 5 de maio de 2008, aos 84 anos, na sua casa em Copacabana, bairro onde morou durante toda a vida.

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3 Comentários

  1. Manoe Bazane

    Treinou também o meu clube do Remo campeonato estadual de 1979. Sendo campeã!

    Responder
  2. Fábio

    Paulo Amaral nasceu no Rio de Janeiro, no dia 18 de outubro de 1923 e foi considerado um pioneiro na profissão, já que exerceu o papel de primeiro preparador físico específico da nossa seleção, no próprio Mundial da Suécia. Também trabalhou no Mundial de 1962, no Chile, onde o Brasil conquistou o bicampeonato, e de 1966, na Inglaterra. Um dos nossos heróis dos mundiais de 1958 e 1962 morreu no dia 1º de maio de 2008, aos 84 anos. Paulo Amaral, preparador físico da Seleção Brasileira naquelas duas Copas, O velório aconteceu no Cemitério do Caju, no Rio, mesmo lugar onde o corpo do famoso preparador físico foi sepultado. Uma bandeira do Botafogo foi colocada sobre o caixão do inesquecível preparador físico.

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  3. Sueli Bessa Guerra

    Lembro dele no meu Flu, fora de série.

    Responder

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