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O FUTEBOL, A PANDEMIA E O GENOCÍDIO

9 / abril / 2021

por Paulo Escobar


O mundo vive dias de morte nas mãos de um vírus que mata sem parar, sem piedade, de cemitérios cheios e pessoas não podendo chorar suas vítimas. Sem poder sepultar, de forma digna, os que amamos ou sem saber de que jeito o vírus atacará nossos corpos e que sequelas nos deixará, se sobrevivermos.

Que a sociedade não sairá melhor de tudo isto, não tenho dúvidas, não sou dos que acreditam que depois de tudo isto seremos pessoas melhores. Vide o egoísmo nosso de cada dia, vide os países ricos garantindo vacinas aos seus, sem se importarem com os mais pobres. Até mesmo a indiferença de muitos em meio a pandemia, que continuam suas rotinas egoístas desde que o vírus não chegue nos deles.

O Brasil é um dos países mais afetados e nesta semana atingimos a marca superior a quatro mil mortos em um dia, mas o futebol deve continuar, o espetáculo não pode parar. Porque, como insisto há tempos, o futebol vive um mundo à parte, outra realidade, longe das dores ou da pobreza que aumenta nestes tempos de pandemia.

Além das dores, os pobres estão ficando mais pobres (neste ponto escrevo a partir de 21 anos correndo junto com quem mora nas ruas), pois um auxilio esmola não é garantia de vida, a economia não pode voltar ao normal sem vacina, os contágios estão crescendo aceleradamente levando muitos à morte.

Enquanto os mortos aumentam e os doentes também, o futebol continua, o circo em meio aos cadáveres deve continuar. E nem clubes e nem jogadores se manifestam além de um minuto de silêncio aqui e outro lá, jogadores que não vivem com auxílios de R$ 150,00 e clubes, chamados grandes, continuam faturando muito, sim, muito mesmo.

Grande parte dos jogadores de futebol e clubes no Brasil contribuem com a alienação “passando pano” para as mortes. Quantos torcedores dos chamados clubes ricos não saíram do hospital? Quantos morreram nos corredores? Quantos passam fome nestes tempos com a camisa do clube dos seus amores?

É uma vergonha a bola continuar rolando, como um mundo à parte, diante das mortes e genocídio, claro que virão aqueles que dirão que genocídio? Não morrem pela pandemia? Sim, mas os números de mortos poderiam ser menores e os impactos também, se houvesse um governo preocupado com a vida da população, se tivesse corrido atrás de vacinas, se tivesse dado um auxilio descente para as pessoas poderem ficar em casa, se tivesse trabalhado em prol de medidas mais humanas. Digo isto, sem ter votado em ninguém por ser anarquista (sim, recomendo que leiam e pesquisem sobre o tema), que aquela coisa do Planalto contribuiu com a morte de milhares de brasileiros e torcedores do seu time. Para você que está lendo, ele é um genocida.

Clubes como Flamengo, Palmeiras, Corinthians, São Paulo, Grêmio, Atlético Mineiro e tanto desses chamados ricos não fazem nada de concreto, não conseguem se organizar para se manifestarem ou então ajudarem os mais pobres, muitos deles torcedores de seus times. Jogadores estão mais preocupados com as vidas distantes deles, pois vivem nos céus, enquanto os pobres moram na terra e pisam no barro e miséria todos os dias.


Flamengo no começo da pandemia jogava, enquanto no hospital de campanha do Maracanã morriam pessoas de Covid, dirigentes pressionando para o jogo não parar, federações empurrando jogos para outros Estados. Se jogadores se contaminam, troca por outros, se não tem reservas, não importa, pois o show mesmo em meio ao genocídio não pode parar. É o futebol um serviço essencial em meio as mortes e a pandemia? É um serviço essencial um jogo que, aqui neste país, quase não estende a mão a ninguém ou suas entidades não doam nada, nada? Clubes de futebol e jogadores que ganham muito podiam ajudar nas compras de vacinas ou com pratos de comida.

O futebol brasileiro vive outra realidade, pelo jeito se negam a perceber as mortes e os contágios, se negam a parar. A maioria de jogadores e técnicos agem como verdadeiros produtos, sem voz, sem opinião, somente objetos da prateleira chamada futebol prontos para serem usados.

O futebol brasileiro – e grande parte de seus integrantes – durante a pandemia se mostrou mais uma vez distante da realidade, alheio a dor das vítimas e seus familiares e virou o rosto para a miséria de milhares de seus torcedores. A bola rola em meio aos cadáveres, as lagrimas e a miséria, pois o mundo da bola é um mundo à parte, frio e distante.

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