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MANUAL DE SOBREVIVÊNCIA DO REPÓRTER DE TIMES DE MENOR INVESTIMENTO

26 / maio / 2021

por André Luiz Pereira Nunes


– Primeira informação importante. A sua presença no estádio é totalmente dispensável. Você não é médico, delegado, ambulância, policial, árbitro ou jogador.

– Sendo dispensável a sua presença, não se importe se for destratado por torcedor, delegado, torcedor ou qualquer outro. São situação corriqueiras. Saber resolvê-las com diplomacia é a solução.

– Nunca se esqueça de que a sua matéria é mais importante do que você mesmo. Se alguém anunciar uma novidade, sem lembrar que foi você mesmo que a escreveu, não se importe.

– Nas coberturas de futebol ninguém lhe oferecerá nada. Nem um copo d’água, quanto mais lanche ou bolinho da vovó. Lembre-se de que você é dispensável. Quitutes são para convidados de honra. Você, definitivamente, não está nessa categoria. Esqueceu-se de que você é dispensável?

– Se você estiver com fome, beba bastante água. Água você pode conseguir nos bancos de reserva. É muito mais importante você se manter hidratado do que alimentado. Nosso corpo pode aguentar até 2 semanas sem comer, mas sem beber aguenta muito pouco. Vem logo uma insolação. Além do mais, beber água engana a fome durante algum tempo.

– Se algum dirigente disser que você é o melhor repórter que existe, finja que acredita.

– Não acredite que a sua matéria, que você pensa que vai bombar, irá bombar… Nada! As pessoas lerão e, 5 minutos depois, já estarão pensando nos seus próprios problemas.

– Se algum dirigente disser que um dia lhe chamará para trabalhar finja que acredita.

– Não reclame de fazer esse tipo de cobertura. Ninguém mandou ou pediu que você o fizesse. Foi ao jogo porque quis. Melhor ver um futebolzinho do que assistir ao Domingão do Faustão ou Caldeirão do Huck.

– Não crie expectativa de futuro em relação ao trabalho. É o mesmo que se cobrar. O futuro não deverá ser muito diferente do presente, diria um analista realista, se pudesse.

– Se receber um tapinha nas costas, fique feliz. Já é alguma coisa. É um tipo de reconhecimento.

– Se um presidente de um time horroroso disser que o time dele é o melhor, finja que acredita. Todo pai diz que seu filho joga bem. É outra mentirinha que você ouvirá muito e deverá fingir que acredita.

– Não aceite JAMAIS que algum treinador lhe proponha indicá-lo para determinado clube em troca de ajuda futura. Se o cara fizer merda, lembre-se: a culpa será sua. Se ele se sair bem, ninguém lembrará de você. O mesmo vale para jogador. Não indique nem ajude ninguém. Repórter não é empresário.

– Lembre-se de que você, como figura totalmente dispensável, pode ser tanto ovacionado como maltratado. Saber lidar com esses extremos é fundamental para continuar nas coberturas.

– Se algum dirigente se queixar de que você não escreve contra a Federação, ria!!! Nunca aceite sugestões de matéria desse tipo. Você se queima e ele fica bem na fita.

– Aprecie o lúdico. As partidas podem não ser muito boas, mas a distração vale a pena. Há fatos, lugares e pessoas engraçadas.

– Nunca peça camisa para dirigente. Compre! Não deva favor a ninguém. Não se queime por causa de um pedaço de pano. Se fizer muita questão, tente comprá-la junto ao fornecedor que sai bem mais barato do que em loja.

– Não discuta com a autoridade. Negocie. Seja educado. Brigar para quê? Você é o extremo mais fraco da escala. Quem se lembra do repórter a não ser ele mesmo?

– Não fale mal das outras pessoas. Deixe que falem. Ouça muito e fale pouco.

– Não tenha opiniões formadas sobre nada. No futebol as coisas mudam muito rapidamente. É um verdadeiro tabuleiro de xadrez.

– Não se preocupe em dar o furo. O furo procura o melhor repórter assim como a bola procura o craque.

– Seja cordial com os colegas, mesmo os concorrentes. Educação não significa passividade. Cumprimentar não custa nada.

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