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MAIS UMA GUERRA – COMO OUTRAS TANTAS – VENCIDA

26 / setembro / 2018

por Marcos Vinicius Cabral


Certamente na última segunda-feira (24), às 15h30 (horário de Brasília), os olhos do mundo estiveram voltados para a cerimônia do prêmio “Fifa The Best”, em Londres, que escolheu o melhor jogador do mundo na temporada 2017-2018.

No Royal Festive Hall – palco sagrado em que poucos pisaram -, com alguns metros de comprimento por alguns outros de largura, jogadores se digladiaram uns com os outros na busca pelo tão sonhado voto, e posteriormente, o tão cobiçado troféu de melhor jogador do mundo.

Não foi apenas uma simples votação de quem jogou mais bola e sim uma batalha campestre, em que o poder bélico de cada indicado foi colocado em prática à serviço da pátria de chuteiras.

Vale frisar que não foi um treino tático visando algum jogo importante e tampouco uma partida de 90 minutos: foi uma guerra!

Menos para um: Luka Modrić, de 32 anos e capitão da equipe croata no vice-campeonato na Copa do Mundo da Rússia!

– Obrigado aos meus fãs do mundo inteiro pelo apoio. Fico feliz pelo apoio que me deram desde sempre. Gostaria de agradecer aqueles que votaram por mim. Gostaria de mencionar o meu ídolo do futebol, capitão da Croácia na Copa de 1998, em nossa primeira participação, quando ganhamos o terceiro lugar. Aquele time mostrou que poderíamos conquistar coisas grandes e, por sorte… Tivemos a sorte de ser a mesma coisa para as próxima gerações. E mostramos que o sonho pode ser realidade! – disse Modric.

Nascido em um pequeno vilarejo chamado Modrici (plural de Modric, na língua croata), o pequeno Luka e seus familiares não tiveram opção quando em 1990, o país vivia em guerra por sua independência.

Quando houve então a secessão da Iugoslávia, a população sérvia – contrária ao movimento separatista – se juntou ao Exército iugoslavo para tomar o país.

A coisa estava tensa!


E ficou mais ainda, quando no final de 1991, o avô da estrela do Real Madrid – que coincidentemente se chamava Luka – passeava pelas colinas com seu gado quando párias de origens sérvias o sequestraram e em seguida o fuzilaram.

O mundo do pequeno Modrić desabou e aos 6 anos viu seu pai ser obrigado a servir ao Exército croata, sua família constantemente recebia ameaças de morte dos sérvios e a região onde moravam estava toda cercada por minas terrestres.

O terror físico e psicológico acabou obrigando-os a mudar para um hotel e com outras tantas famílias, se refugiando na cidade de Zadar.

Mesmo em meio ao território hostil de bombas, mortes e perseguições, havia no dono da camisa 10 da Croácia o sonho de ser jogador de futebol.

Contudo, na fase mais difícil da vida, fez do estacionamento do hotel um campo de futebol e ao som das explosões de granadas e morteiros, conviveu por um longo tempo com o perigo real e imediato.

E mesmo assim, ainda criança, deixou de driblar os veículos estacionados no concreto rachado daquele lugar e ingressou nas categorias de base do NK Zadar, clube local.

A dor existia dentro do pequeno Luka e sob forte pressão com os constantes ataques e a iminente marcação cerrada dos sérvios, soube se desmarcar, extraindo boas lições e cicatrizando aos poucos as feridas da alma.

Aos 12 anos, teve a chance de fazer parte do Hadjuk Split – seu clube de coração -, mas seu corpo franzino foi o responsável pelo não aproveitamento.


Com a persistência de um soldado de guerra, se profissionalizou aos 15 anos no Dínamo Zagreb e logo em seguida foi emprestado ao Zrinjski Mostar da Bósnia-Herzegóvina.

Entre idas e vindas, chegou à terra da Família Real em 2008, jogando pelo Tottenham, onde ganhou projeção internacional.

Atualmente joga no Real Madrid e disputou sua segunda Copa do Mundo – ficou em 22° lugar com a Croácia em gramados alemães em 2006 – e neste Mundial, apesar de não ter conquistado o título, fez os croatas se orgulharem de ter nele seu camisa 10, o equilíbrio da equipe muito bem treinada por Zlatko Dalic.

Portanto, venceu com 29,05%, o português Cristiano Ronaldo, que ficou com 19,08% e o egípcio Mohamed Salah, com 11,23%.

Se para os votantes (são técnicos e capitães das seleções, que não podem votar em jogadores de seu próprio país) essa eleição foi uma difícil missão, para Luka Modrić foi apenas mais uma guerra como as outras tantas que enfrentou desde 1985, quando veio ao mundo.

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