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LICO, A CEREJA DO BOLO DO FLAMENGO DE 1981

12 / setembro / 2019

por Luis Filipe Chateaubriand


O incrível time do Flamengo de 1981 vinha sendo formado desde 1978, época em que o antológico gol de Rondinelli deu o título carioca ao rubro-negro.

Era, já em 1981, um time fortíssimo, encorpado, quase pronto. Só que faltava o ponta esquerda.

Júlio César, o lendário Uri Geller, havia ido jogar na Argentina, depois de levar muitas botinadas de zagueiros limitados e violentos. 

Baroninho, o ponta esquerda que veio do Palmeiras, chutava forte, mas não ajudava na marcação e não oferecia opções táticas. 

Adílio, gênio da bola, jogava bem por ali, mas preferia atuar como meia direita, onde rendia mais.

Mas eis que Paulo Cesar Carpegiani, o craque recém aposentado – primeiro, auxiliar do técnico Dino Sani, depois, o próprio técnico da equipe – descobriu a solução no próprio elenco.

Lico, que havia chegado do Joinville de Santa Catarina no ano anterior, era um meia / atacante versátil, insinuante, dinâmico, capaz de jogar em vários setores ofensivos de uma equipe.

Com sua versatilidade, ganhou a vaga na ponta esquerda, no lugar de Baroninho.

Atuava muito bem por aquele setor, mas não somente por ali. Revezava com Tita, indo para a direita e o outro, para a esquerda. Revezava com Adílio, indo para a meia e o outro, para a esquerda. E revezava até com Zico, metendo bolas para este, e recebendo bolas deste, quando, nas palavras de Armando Nogueira, o “arco e flecha” recuava.

A entrada de Lico no time deixou atordoadas as defesas adversárias, pois a movimentação dos rubro negros deixava zagueiros, laterais e volantes oponentes sem saber quem acompanhar, quem marcar.

A verdade é uma só: A entrada de Lico na formação titular arrumou o time, seja taticamente, seja em talento, seja até em consistência defensiva, pois, ao contrário de Baroninho, também ajudava na marcação.

Não é à toa, portanto, que, em livro que escreveu sobre sua vida, Zico, ao se referir a Lico, o lista entre os cinco maiores jogadores da história do Flamengo. Afinal, ele arrumou aquele time, foi a chamada cereja do bolo.

Pelo brilhante trabalho que Lico desenvolveu em 1981 e na primeira metade de 1982, não seria absurdo Lico jogar pela Seleção Brasileira a Copa do Mundo daquele ano. Telê Santana, no entanto, preferiu Éder, um ponta esquerda muito habilidoso, mas nulo taticamente, ao contrário de Lico. 

Uma coisa é certa: a amarelinha cairia bem no catarinense que moldou a última versão do melhor time de futebol que este escriba viu jogar!

Luis Filipe Chateaubriand acompanha o futebol há 40 anos e é autor da obra “O Calendário dos 256 Principais Clubes do Futebol Brasileiro”. Email: luisfilipechateaubriand@gmail.com.

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