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ÍDOLOS E MULTIDÕES

3 / abril / 2023

por Rubens Lemos

Impossível ignorar o saudosismo na guerra santa do ABC x América. O painel de emoções volta a brilhar no coração de cada privilegiado por ver jogos inesquecíveis no fim da Era Juvenal Lamartine e no frenesi de uma tarde de domingo no gigantismo ondulado do Estádio Castelão (Machadão).

Na década de 1970, há ligeira vantagem do ABC (6×4) em títulos conquistados. O alvinegro foi tetracampeão 1970/73, com destaque para o timaço do último ano, meio-campo eleito o melhor do século passado: Maranhão, Danilo Menezes e Alberi.

O ABC ganhou ainda em 1976 – primeiro ano contra o astro-rei Alberi no América e 1978 somando seis taças contra quatro do América. O time rubro foi bicampeão em 1974 e 75, aposentando boa parte do antes imbatível esquadrão do rival e apresentando um craque capaz de dividir o protagonismo com Alberi.

Era o gigante Hélcio Jacaré, que desafiava a Física com seu corpanzil de jogador de futebol americano, exibindo toques refinados, dribles curtos e chutes potentes.

Para vencer o ABC e quebrar o tabu de quatro anos, o América montou uma orquestra cujo maestro era o técnico Sebastião Leônidas, zagueiro do forte Botafogo de Gerson, Jairzinho e Paulo Cézar Lima, no final dos anos 1960.

O Castelão – nome dado em homenagem ao Marechal Castelo Branco, um dos presidentes do Regime Militar, superlotava a cada duelo. Se a decisão de 1972 levou apenas 10 mil pagantes ao novíssimo estádio, no ano seguinte, 43.144 torcedores ocuparam arquibancadas, gerais e cadeiras numeradas e especiais, para assistir aos 4×2 do ABC sobre o América na finalíssima.

Em 1974, o América conseguiu dois feitos importantes. Derrotou o ABC no Seletivo para o Campeonato Nacional, cujo tira-teima levou 42.119 pessoas para assistir à classificação vermelha na prorrogação, gol de cabeça do meia e ponta-esquerda David.

No estadual, sob o comando de Hélcio Jacaré e com o adversário envelhecido, o América ganhou dois turnos dos três disputados e levou seu primeiro troféu no gramado de Lagoa Nova com o empate por 0x0.

Mudanças

O América azeitava sua máquina e o ABC começava a trocar peças em 1975, substituindo o goleiro Erivan, o lateral-direito Sabará, o quarto-zagueiro Telino, o ponta-direita Libânio, o centroavante Jorge Demolidor e o ponta-esquerda Morais.

Trouxe nomes de qualidade, como os meias Samuel, do Ceará e Zé Roberto, do Palmeiras, mas o América desfilou para o bicampeonato vencendo a última partida por 3×1, gols de Washington, Hélcio Jacaré e Ivanildo Arara, com Samuel descontando para o ABC.

Em 1976, a apoteose popular. Fora de campo, os cartolas fermentavam a rivalidade com o América contratando Alberi e o ABC comprou o jovem atacante Reinaldo, nome principal da retomada da supremacia local. Reinaldo fez o ABC campeão e, antes da final, estava vendido ao Santos(SP).

Em nove pelejas ABC x América disputadas em 1976, 294.529 pessoas passaram pelas bilheterias do Castelão, como se 86% da população da capital tivesse ido às partidas. Natal, segundo o IBGE, contava 343.166 habitantes.

Em 1977, a famosa briga campal entre os 22 jogadores decidiu um campeonato acirrado, em que o ABC venceu o primeiro turno e perdeu os dois seguintes, dando América com o 0x0 no tumulto. Com um time renovado, o ABC ganhou em 1978. O América venceu nos pênaltis em 1979, ano em que pontificou o folclórico artilheiro Oliveira Piauí.

O América dominou a década de 1980 (6×2), conquistando um tetracampeonato nos primeiros anos e um tri no final. Foram seis canecos para a sede da Avenida Rodrigues Alves. O ABC ganhou em 1983 e 1984 e o Alecrim ressuscitou temporariamente levando os títulos de 1985 e 1986.

Os anos 1990 foram alvinegros em considerável maioria com sete conquistas, destaque para o primeiro tricampeonato no Castelão, rebatizado de Estádio João Machado(Machadão) em 1993/94 e 95 e para a vitória espírita de 1999(1×0), gol contra do zagueiro Marcelo Fernandes batendo de efeito contra as próprias redes.

Marcelo Fernandes errou quando tentava chutar a bola para o ataque. O América foi bicampeão em 1991/92 e venceu também em 1996, ano em que alcançou o primeiro acesso para a Série A do Campeonato Brasileiro.

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