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ALBENEIR, OS GOLS DA SUPERAÇÃO

2 / dezembro / 2022

por Eduardo Lamas

Do topo ao chão, do chão ao topo. Confesso que quando sugeri ao Sérgio Pugliese a entrevista com o Albeneir estava atraído muito mais pelo fato de ele ser o terceiro maior goleador da História do Figueirense do que qualquer outro motivo, até porque me recordava pouco dele. Mas, o que é a vida de jornalista, principalmente daquele que se acostumou a ouvir os conselhos dos mais velhos. Aprendi lá atrás que, até por respeito ao entrevistado, é preciso saber o máximo sobre ele. Enfim, fui vasculhar a vida do Albeneir e vi que mais importante até do que os muitos gols que fez em campo, foram os que vem fazendo ainda na vida.

Bena, como é chamado pelos mais íntimos, viveu o auge como artilheiro do Campeonato Gaúcho de 1986, quando atuava pelo Grêmio, ou quando passeava como rei pelas avenidas de Florianópolis sendo ídolo do Figueirense. E, mais ainda, quando foi convocado em 1984 para a seleção brasileira olímpica que ganharia a medalha de prata em Los Angeles. Porém, depois de dois amistosos vitoriosos e um gol dos três que a equipe brasileira marcou, acabou cortado pelo técnico Jair Picerni, que preferiu levar uma base formada por jogadores do Internacional. Viveu o topo da carreira também em outros clubes, sempre com muitos gols, mas já havia, no Grêmio, passado por uma prova de fogo, quando uma lesão gravíssima no joelho direito quase interrompeu prematuramente a sua carreira. Passou na prova com louvor e continuou jogando por muitos anos ainda.

Ao pendurar as chuteiras, porém, caiu na ilusão de que tudo poderia, que a vida boa seria eterna. Perdeu o controle sobre o álcool e foi parar na rua da amargura. Literalmente. Foi morador de rua. No entanto, com a mesma garra irrefreável com que enfrentava os zagueiros adversários, enganando-os com sua agilidade de guepardo, decidiu que venceria aquele rival implacável. Mas sabia que sozinho nada conseguiria. Então, pediu ajuda a um policial e a um sacerdote, recebeu o auxílio de que tanto necessitava e não hesitou. Passada a tormenta, levantado do chão, continuou a fazer seus golaços na vida e ainda hoje ajuda voluntariamente quem passa pelo mesmo problema que com tanta dificuldade superou, alguns ex-jogadores de futebol, inclusive, ele revela.

Conhecê-lo pessoalmente e poder conversar com ele por cerca de duas horas serviu de inspiração. Não só para este texto, claro. É lição de casa para todos os dias. Sem dúvida, Bena doa-se de corpo e alma nos campos da vida e conquista a cada dia mais uma vitória, mais um título particular, sem manchetes na mídia ou qualquer badalação.

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