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AH, O CAMPEONATO CARIOCA…

1 / fevereiro / 2024

por Paulo-Roberto Andel

Começou o Carioca 2024. Se o campeonato já não é o mesmo de antigamente – e poderia muito bem ser remodelado -, ele desperta grandes lembranças para os torcedores com mais de trinta anos. Cinquentões e sessentões, nem se fala.

Os garotos de hoje talvez nem possam imaginar, mas um dia o Campeonato Carioca foi o mais importante do Brasil. Seus craques a granel, seus incontáveis clássicos que já lotavam nos anos 1920 e aumentaram de tamanho com a inauguração do Maracanã – aquele outro, o então Distrito Federal que fervilhava com a apoteose do esporte. Dos anos 1960 a 1980 você pode listar pelo menos dez incríveis decisões de campeonato. Brasileiro? Libertadores? Não estávamos nem aí para isso: a onda era o Maraca lotado e as multidões em êxtase. Pense numa lista de craques, craques mesmo do futebol carioca entre os anos 1950 e 1990 e você passará de cem nomes brincando.

Enfim, estamos em 2024, os tempos mudam, o poder está na Champions e não há hoje a menor chance de algum jogador brasileiro estar entre os dez melhores do mundo. Paciência. Pior ainda é ler ou ouvir idiotas da objetividade bostejando que os jogadores de antigamente não conseguiriam atuar agora. Piada de mau gosto. Craque é craque sempre, pereba é pereba sempre.

Diante da realidade, a saudade é inevitável. Jogos encardidos contra o São Cristóvão, o Olaria e o Campo Grande. Tempos depois, Americano e Goytacaz sempre aprontando contra os grandes. E o querido Bonsucesso? Todas essas equipes, mais o Madureira e a Portuguesa – ainda hoje na primeira divisão e bem arrumados – davam um sabor ao campeonato, porque tinham sempre bons jogadores e não facilitavam a vida dos grandes. Jogar em Ítalo Del Cima, Teixeira de Castro e na Bariri era sinônimo de pressão e dificuldade, mesmo para os grandes craques.

Num capítulo à parte, ficam duas glórias do Rio. Primeiro o Bangu, que luta com suas forças e quase nenhum apoio, mas nem de longe lembra seus esquadrões do passado. Quem dera o Alvirrubro de Moça Bonita pudesse ter força econômica para encarar as disputas como postulante ao título. Em segundo, o velho e querido America. Como faz falta não ter algo como as comemorações de Luisinho Tombo, as jogadas de mestre de Edu e Bráulio, a imponência de Alex na zaga e País voando para impedir um grande gol. Como faz falta o America de 1974 e 1960. Como é difícil ver a tabela do campeonato sem o Diabo. Vida que segue.

Ok, agora tudo é Copa do Brasil, Libertadores e Sul-americana – daqui a pouco desprezam até o Brasileirão, mas nunca é demais lembrar: se o futebol deste país um dia chegou a cinco títulos mundiais, é porque deve muito de sua história aos veteranos campos da então capital da República e posteriormente Guanabara – foi dele que surgiram vários dos jogadores que ergueram o que, no passado, se chamou de melhor futebol do mundo. E não é coincidência que, desde que passamos a desprezar as conjunturas locais, dentre outras coisas, o futebol brasileiro passou de principal protagonista para figurante com grife. No mínimo, um caso a se pensar. A força da grana acabou nos colocando em um atoleiro e precisamos sair dele.

Viva Bariri! Viva Aniceto Moscoso! Salve Campos Sales, salve Moça Bonita! Viva o Luso-Brasileiro! Viva Leônidas da Silva!

@pauloandel

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1 Comentário

  1. Arlinei

    Otima materia tricolor de coração.
    Acho esse formato atual bem legal.
    Com o contrato de 5 anos com a Band, passando tds os jogos para o Brasil. Os clubes zebras, poderão se programar e ter jogadores bons tecnicamente, quem não quer aparecer para o Brasil tdo. Assim a cada ano os menores se qualificam.

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