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A GLÓRIA DO LOCO

4 / janeiro / 2019

por Paulo Escobar


Em Minas, uma pequena cidade do Uruguai , nasce Washington Sebastián Abreu Gallo, que viria a ser conhecido no mundo do Futebol como Loco Abreu.

Podemos dizer que o Loco é um daqueles jogadores que mesmo em curto tempo nos clubes por onde passou deixou sua marca, e não foram poucos os times defendidos: no total 28 até agora. Mesmo sendo este nômade do futebol deixou marcas profundas em alguns clubes.

Além da Seleção Uruguaia, Nacional, San Lorenzo, River, La Coruña e Botafogo devem ter sido os lugares onde o centroavante talvez tenha deixado a sua marca. Mas não podemos esquecer que são títulos e artilharias que ele carrega no seu extenso currículo também.

Homem de área, de presença e que sabia aguentar a pressão como poucos atacantes, frio e decisivo em muitos momentos. Abreu não é um daqueles loucos sem noção ou idiotas na sua forma de ser, mas a inteligência e as posições firmes do lado de fora dos gramados também são suas marcas.

Formado em Jornalismo, lembramos bem da sua passagem pelo Botafogo, onde foi um terror daqueles que muitas vezes se escondem por trás dos microfones para emitir opiniões sem conteúdos ou desconexos de contextos.

A química gerada entre Abreu e Botafogo é sem dúvidas umas das paixões que até hoje a torcida da estrela solitária sente saudades. Impossível esquecer aquelas tardes de Maracanã nas quais o camisa 13 fazia as redes balançarem e levava os torcedores do Bota, carentes de ídolos e títulos às lagrimas. Vale lembrar que a fera honrou o Glorioso até na sua comemoração do título da Copa América de 2011, quando levantou a bandeira do Botafogo em campo.


Uma das lições mais bem aprendidas pelo Loco sem duvida foi a famosa cavadinha nas cobranças de pênaltis, como ele mesmo gosta de apontar que aprendeu olhando Djalminha fazê-las. E é justamente talvez aí que habite um dos gestos que deve ter causado mais de um pré infarto por aí.

Mesmo com poucos minutos jogados na Copa de 2010, talvez daqui a dez anos você ainda se lembre daquele pênalti do jogo Gana x Uruguai. E, claro, toda história que envolveu talvez um dos jogos mais emocionante da história das Copas.

Abreu jogou 15 minutos daquela Mundial, mas, como costuma apontar Lugano, que sofreu muito com as cavadinhas do Loco, procurou o seu momento de glória propositalmente. Buscou entrar para a história das Copas e foi atrás do momento que fosse único.

O Loco não vinha sendo colocado nos jogos daquele torneio, mas por uma daquelas paradas do destino foi escalado para entrar em campo naquele mítico jogo. Pela ordem de batedores do maestro Tabárez, o Loco seria o terceiro batedor daquela série, mas ele olha para o técnico e pede para ser o ultimo batedor, num olhar do maestro de alguns segundos que devem ter parecido uma eternidade concede o desejo de Abreu.

Lugano, que já sabia que o Loco faria a Cavadinha, pede por favor para não fazer naquele jogo, mas Abreu segue firme na sua decisão para fazer história. Naquele quinto pênalti decisivo, el Loco manda aquela cavadinha infartante, colocando em risco um capítulo histórico e a volta do Uruguai ao cenário mundial.

Vale lembrar que meses antes, numa final contra o Flamengo, converteria também um pênalti da mesma forma, inclusive com a bola batendo no travessão e entrando. Num momento também em que o Botafogo vinha de três finais perdidas contra o Flamengo, Abreu saca uma dessas que deve ter feito desmaiar mais de um torcedor botafoguense.

Para um louco de coletivas acaloradas com os jornalistas, que não tinha meias palavras, errar uma cavada daquelas seria sem dúvidas um motivo para ser massacrado. Mas a frieza e convicção de Abreu faz um momento que durou alguns segundos parece uma eternidade.


Ao entrar no Museu do Futebol no Uruguai, há uns anos atrás no Estádio Centenário de Montevideo, vi numa redoma de vidro a chuteira com a qual o Loco bateu aquele pênalti. Durante muitos anos ainda a torcida do Glorioso também lembrará da camisa 13, a chuteira e, claro, das glórias de um loco que passou como uma estrela fugaz.

Naquele ano de 2010 o Uruguai teve a melhor defesa da Copa, o melhor jogador e um time inesquecível, mas tudo isso passou a ser um detalhe, pois o que muitos com certeza irão contar a seus netos é a cavadinha de Abreu.

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