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São Paulo

UM DOS MAIORES JOGOS DE TODOS OS TEMPOS

por Luis Filipe Chateaubriand


O dia era 20 de Janeiro de 1982, uma segunda-feira, feriado no Rio de Janeiro.

O cotejo era Flamengo x São Paulo, um embate que tinha tudo para ser sensacional!

E foi!

O São Paulo formou com: Waldir Peres; Getúlio, Oscar, Dario Pereira e Marinho Chagas; Almir, Renato e Éverton; Paulo César (Ricardo), Serginho e Mário Sérgio.

O Flamengo foi de: Raul; Leandro, Marinho, Mozer e Júnior; Andrade, Adílio e Zico; Chiquinho (Victor), Nunes e Lico.

Era o jogo de abertura do Campeonato Brasileiro, e calhou dos dois timaços estarem no mesmo grupo.

No primeiro tempo, domínio total do São Paulo.

Serginho recebe uma bola da direita, próximo, a entrada da área, dribla o marcador rubro-negro e, de frente para o gol, conclui no canto esquerdo de Raul.

São Paulo 1 x 0.

Ainda era pouco, pois o tricolor paulista dominava completamente o jogo.

Até que Renato, conhecido como “Pé Murcho”, recebe a bola na área pelo lado direito, faz um fuzuê com os vermelhos e pretos, toca por cima, já para o gol vazio, mas Serginho ainda chega para concluir.

São Paulo 2 x 0.

E assim, o Flamengo, então Campeão do Mundo, foi para o vestiário tomando um “banho de bola”.

Mas nenhum time é Campeão do Mundo à toa…

O segundo tempo começa com um Flamengo aceso, esfuziante, querendo jogo.

Rapidamente, Zico vem pela meia direita, tabela com Lico, recebe na entrada da área do lado direito e emenda para o gol.

São Paulo 2 x 1 Flamengo.

Pouco depois, Andrade pega uma bola na entrada da área e chuta rasteiro, para empatar o jogo.

São Paulo 2 x 2 Flamengo.

E, faltando cerca de dez minutos para terminar o jogo, Junior vai à esquerda da área e cruza na cabeça de Zico, que conclui para o gol.

São Paulo 2 x 3 Flamengo.

Em resumo, tivemos um time que, sendo Campeão do Mundo, foi completamente dominado no primeiro tempo, mas se mostrou presente, com brilho e competência, no segundo, mostrando porque era o melhor.

Brilhante!

Épico!

Histórico!

Quem viu aquele Flamengo jogar, viu, quem não viu, não sabe o que perdeu.

Luis Filipe Chateaubriand é Museu da Pelada!

O CALVÁRIO SENTIMENTAL DE FERNANDO DINIZ E OS CORAÇÕES EM FUGA NO MORUMBI

por Marcelo Mendez


Foi um 5×1 inapelável!

Isso está posto, nada a contestar, sequer uma vírgula a ser revista, o São Paulo levou um impiedoso couro do Internacional ontem no Morumbi. Falar taticamente do que houve? Desnecessário a partir do momento em que o tricolor desmanchou em campo na segunda etapa e daí nada mais precisa ser explanado nessa seara. O que fica para ser comentado aqui, portanto?

O lado humano da coisa.

Amigo leitor do Museu da Pelada que aqui me acompanha, eu tenho dito sim há tempos que Fernando Diniz é uma das melhores coisas que aconteceu das quatro linhas pra fora do futebol Brasileiro. Trata-se de um homem completamente apaixonado pelo que faz, estudioso que dedica sua vida para o trabalho do futebol e que se preocupa sim, muito, com as novas questões táticas, com as novas ferramentas de trabalho do futebol, mas especialmente com o lado humano do jogo de bola. Daí eu lamentar profundamente o que aconteceu com o São Paulo e com ele, nosso professor em questão.

Fernando Diniz falhou no lado humano da coisa. Mas não falhou sozinho. Vejamos porque:

Todo mundo viu o episódio que teve entre Diniz e Tche Tche em Bragança Paulista. O técnico, sem o menor cuidado com fato de ter um microfone aberto a seu lado, estádio vazio e televisão ao vivo, desceu uns impropérios contra o jogador que visivelmente ficou abalado. Está claro que houve um excesso. Tanto que o próprio Diniz correu atrás de rever sua atitude. Daí vem o nosso lado aqui da imprensa.

É impressionante o quanto o boleirismo se fecha para entender as mudanças que acontecem no futebol. Óbvio que por um tempo, algumas coisas eram dos usos e costumes do ludopédio. Todavia, a sociedade evolui. Situações que eram aceitas, hoje não são cabíveis. Temos uma série de mudanças, a vida é outra e para que se entenda, os jogadores que hoje atuam em sua grande maioria, são nascidos na segunda metade dos anos 80, ou seja; Estamos lidando com outro tipo de ser humano, com outra geração de profissionais do esporte que entendem essa prática de uma outra maneira.

O jogador de 2021 sente a partida, diferente do que sentia um jogador dos anos 90, ou anos 70 e por aí vai. Essa conclusão é óbvia e me entristece profundamente que Fernando Diniz não tenha entendido isso. Não, não entendeu.

A partir do que aconteceu em Bragança, o Técnico, Psicólogo formado, perdeu o comando de sua equipe, porque ali ele promoveu uma quebra de confiança entre ele e seus comandados. Não resolveu no vestiário a questão como deveria e, daí então, o São Paulo descamba morro abaixo rotundamente. Temos várias rodadas pela frente, restam muitos jogos pra serem disputados e tudo pode acontecer, lógico que o São Paulo pode voltar pra ponta da tabela. Mas a casa precisa ser arrumada e quem tem que fazer isso é Fernando Diniz. Espero que faça corretamente.

Você sabe como, Diniz. Você sabe.

DE VEXAME EM VEXAME, O SÃO PAULO APRENDE A SER PEQUENO

por Israel Cayo Campos


Desprezando fases pré-classificatórias, o São Paulo não era eliminado de uma fase de grupos da Libertadores desde o longínquo ano de 1987, por sinal, ano em que esse que vos escreve nasceu! 

Era uma época em que os times brasileiros davam pouca ou nenhuma importância a competição. A viam como um festival de pontapés adversários e preferiam até ganhar um campeonato paulista a serem campeões da América. Paulista que por sinal naquele ano o tricolor conquistou! Outros tempos…

O próprio São Paulo contribuiu para que esse então desprezado torneio fosse levado a sério pelos demais clubes brasileiros após seu bicampeonato em 1992 e 1993. 

Mesmo com o Telê a princípio escalando jogadores reservas contra o Criciúma de Felipão, antes de o São Paulo ganhar, o próprio Telê considerava aquele um torneio desleal, o qual não tinha prazer de disputar pra vencer! Mas o São Paulo foi o grande responsável por criar esse desejo nos demais clubes brasileiros após essas conquistas. 

Aos torcedores do Santos, Cruzeiro, Flamengo e Grêmio que venceram antes e que possam se sentir ofendidos, foram conquistas esporádicas. O próprio Santos abriu mão de várias Libertadores pra ir disputar torneios amistosos na Europa! Quem de fato criou a gana em ser campeão da Libertadores e em seguida do Mundo nos clubes brasileiros foi o São Paulo de Raí, Cerezo, Zetti e Muller. 

O mundo se globalizou. As situações como ditas antes se inverteram. Os regionais não valem grande coisa, e o grande alvo dos clubes brasileiros passou a ser o torneio sul-americano. Desde então, o São Paulo não só não fora mais eliminado em fases de grupos, como disputou cinco finais sendo três consecutivas e mais duas semifinais…

Mas desde 2012 o time foi se apequenando. Sendo eliminado de tudo que disputou. Muitas vezes da maneira mais vergonhosa possível, como pra times de quarta divisão do futebol nacional. E até a Libertadores, que era o torneio com o qual a torcida do São Paulo mais se identificava – era o seu xodó, não escapou de tal situação. Os vexames vieram de maneira absurda!

Mas vamos dar um salto ao problemático ano de 2020 (caso contrário, escrevo um livro). E a partir daí, me perdoem pela abnegação da racionalidade. Sou humano, sou torcedor. E não dá pra ver um time tão sem sangue atuar com a camisa do São Paulo no torneio que a torcida mais cobra e gosta! 


Quando saiu a chave de grupos inclusive, não me assustei. A LDU só iria dar trabalho na altitude. Mas temer o Binacional? Um time semiamador? E temer o River Plate, que era nosso freguês? Que em cinco jogos até então em Libertadores nunca havia nos vencido? No máximo um empate lá e uma vitória aqui e estaríamos classificados a próxima fase da competição. Ledo engano de um estudioso da história do futebol. Aquele São Paulo já não existe mais! 

Foi a derrota pra LDU esperada, ok. O troco veio no Morumbi. Mas uma derrota para o Binacional? Sinceramente, poderia estar na altitude do Everest que o São Paulo tinha que ter vencido um time desse nível! Mas aí veio nosso “freguês” River, dentro do Morumbi, sem jogar após a pandemia. Agora o São Paulo vai tirar o pé da lama! Mais uma vez quebrada a cara. Um empate em casa graças a dois gols contras do River Plate e a situação foi para Buenos Aires já com ares de eliminação, pois ao River só bastava um empate. 

E ontem (30/09/2020), o ótimo time de Marcelo Gallardo, que desde 2015 vem sendo o melhor time da América, com 3 finais e uma semifinal em 5 anos, fechou o caixão do apático e vergonhoso time tricolor com direito a dois gols da jovem promessa do futebol argentino Julián Álvarez (Abre o olho com ele Seleção Olímpica). Mas o pior de tudo é ver que a própria torcida já não acreditava mais no time! Que já esperava de maneira conformada mais uma derrota e eliminação. Que já vê, por mais que não admita, que o São Paulo time (não clube ou instituição) é pequeno e fraco. E aí não dá pra aceitar! 

Agora restou disputar em casa contra o Binacional uma vaga para a Copa Sulamericana. Se não conseguir só precisando de um empate, é melhor parar com futebol e migrar pra outro esporte. 

Mas voltando a Libertadores, realmente fui um utópico. Como um time desses pode achar que vai longe no torneio? Com um goleiro que chamam de substituto do Rogério Ceni, mas só sabe chamar gol. Nem lembro o último jogo em que o São Paulo não tomou um! Um lateral espanhol aposentado! Já deveria ter ido ao INSS com o pedido pra receber sua aposentadoria e não ficar tomando grana do São Paulo.

Por sinal, o único que se salva na defesa é o menino da base Diego Costa. E não só pelo gol, mas por ter que fazer o trabalho de toda a defesa São Paulina! Inclusive tomando cartão amarelo por fazer a cobertura do Juanfran toda hora! Só que aí me vem a dúvida. Se o Juanfran não avança pra abrir essas lacunas que o Diego tem que cobrir, o que diabos esse cara faz em campo? Eu mandava embora hoje mesmo! 

Continuando na zaga, um Léo Pelé improvisado como zagueiro. Se já era ruim como lateral, imagina improvisado. Isso tendo o Bruno Alves e o Arboleda, zagueiros de ofício no banco! Se sou eu, peço pra jogar em outro clube! 

Na lateral esquerda, falem o que quiser! Não vou contar os laterais que passaram lá por menos de um ano. Mas Reinaldo é o pior lateral esquerdo que já vi vestindo a camisa do São Paulo nesse século por mais de um ano… Só acerta quando erra, como foi com o escorregão no escanteio que mandou a bola na cabeça do Diego. Se ele batesse sem errar, ou escorregar, a bola teria ido pra o outro lado da bandeirinha de corner! Sem contar as brigas em campo, os passes errados. Enfim… Pra mim, o Reinaldo ser o camisa 6 de um time que já teve Richarlyson, Júnior, Fábio Aurélio, Serginho e tantos outros só na história recente do clube é uma ABERRAÇÃO! 

Luan, que é o melhor volante e é da base, nunca joga com esse atual treinador (jajá chego nele), mas o Tchê Tchê, que só toca a bola de lado, está em todos os jogos. Deve ser amor demais do Diniz pelo meia que começou com ele lá no Audax!  


Hernanes é um ídolo, mas não dá mais! É outro aposentado em campo! Só sabe prender a bola no campo de defesa, não acerta um drible e não cria um lance de perigo! Agradecemos os serviços prestados, mas já deu! Que vá jogar lá na segunda divisão italiana no time do Berlusconi! Aqui não dá mais! A torcida é agradecida a ele com certeza, mas uma placa, um busto, ou um pé na calçada da fama já servem de pagamento. Vê-lo atuar com a camisa tricolor hoje em dia é um suplício. 

Continuando no meio, mas que devia ser lateral… Daniel Alves. O cara é lateral, passou a vida toda sendo campeão como lateral, chega aos 38 anos de vida no São Paulo e baixa a regra: vou ser meia e camisa 10. Os bovinos dirigentes São Paulinos aceitam. O que foi contra, o Cuca, que hoje faz bom trabalho no Santos, é mandado embora semanas depois! 

E no meio o que o Daniel faz? Não marca, não cria, não abre pela direita onde poderia ajudar! Pagar um salário de mais de meio milhão de reais (segundo fontes) para o cara ficar ditando onde quer jogar? E mal? Há, vão a aquele lugarzinho, Diniz, Raí, Pássaro e Leco. Se quiser jogar no São Paulo vai pra lateral direita que foi onde se consagrou em sua carreira. Não me lembro de nenhum time onde se destacou jogando no meio campo. Aí quer fazer essa esculhambação com aval de todos logo no São Paulo? Virou esbórnia mesmo!

O Igor Gomes quero poupar, pois é da base e está jogando em posição totalmente errada! Ele é um meia de armação e de infiltração, como quarto homem de ataque. O Diniz insiste com ele pelas pontas e o pior, o coloca pra começar o jogo lá da defesa! Quando o mesmo chega ao ataque já perdeu o fôlego. Se for pra botar um ponta, escala o Paulinho Boia, o Toró e para de inventar moda de querer sair jogando da meta com um ponta como o Igor Gomes, que nem é ponta! É um absurdo as invenções do “Professor Pardal” Fernando Diniz… 

O Vítor Bueno é um morto em campo. Jogador sem alma, sem sangue! Outro que rescindiria contrato pra ontem! Se é pra perder, que se perca com a base, não gastando milhões em salário com jogadores que não sabem nem o significado de vestir a camisa desse clube! 

No ataque, o Luciano que é o único que parece saber fazer gol no clube, mas infelizmente estava suspenso! Por incrível que pareça, o Tréllez, com toda sua limitação técnica, conseguiu ontem ter mais raça que os outros jogadores de ataque. Tem o Brenner também, que é bom jogador, e que vou poupar pois é mais um da base. 

Mas quem de fato joga com a camisa nove do tricolor é o Pablo. Um cara que foi a maior contratação da história do São Paulo em custos, para não fazer um gol! Pouco participar do jogo em si… Os Chulapas, Careca, Muller, França, Amoroso, Luís Fabiano e tantos outros caras que vestiram essa camisa devem se sentir envergonhados de terem custado menos ao clube que esse cara. Até o Leônidas da Silva deve se remexer no túmulo! 


E o técnico… Fernando Diniz. Se esse cara não for demitido depois de ontem, eu em particular paro com o São Paulo até ele sair! Não é possível que nenhum dirigente veja que em mais de um ano de trabalho que o time não joga nada! Quando vence é de maneira apertada, toma gols todos os jogos, tem um meio campo que não marca ninguém, nem cria lances de perigo (gols só de bola parada ou de bate e rebate), e só tem uma jogada que já é manjada por todos os adversários: Sair tocando bola da defesa em transição até ao ataque, só que a bola nunca chega ao ataque! A essa jogadinha malhada, a LDU agradece! E o River em várias situações quase agradeceu nos dois jogos! 

Qual a vantagem que o São Paulo tem de jogar num esquema tático onde ele corre riscos em uma zona do campo em que não vai ter vantagem alguma? O Fernando Diniz é um amador. Nem para o meu querido ABC de Natal serve! Foi mandado embora de todos os times de primeira divisão nas primeiras rodadas, aí ganha como prêmio dirigir o São Paulo. Chega a ser absurdo! Diniz é uma piada, um estagiário fingindo ser técnico! 

Agora a culpada principal é a diretoria. Lugano e Raí. Pra que vocês precisam dessas vergonhas em seus currículos com a camisa tricolor? Não sujem seus nomes no clube para salvar a cabeça de um dirigente despreparado (o termo que queria usar era outro bem pior) como o Leco! Nenhum dos dois precisa disso! 

Tirando os garotos da base, do goleiro ao presidente, nenhum sequer deveria passar na frente dos portões do clube, quanto mais vestir ou administrar um time da grandeza do São Paulo. 

Desculpem os que não gostarem do desabafo, mas dessa vez vesti o clubismo e tirei a frieza do analista para desabafar algo que venho há tempos vendo calado, mas muito irritado! Já chega de ver o maior time do país (pois história ainda conta) ser destruído por essa escumalha! Que contrata jogadores que, com todo o respeito que devo a profissão, nem para limpadores da piscina do clube servem! Por sinal, esses fazem seu trabalho dignissimamente bem, já os jogadores nem fazem bem o que lhes cabe, mesmo ganhando fortunas, muito menos fariam bem o trabalho dos limpadores das piscinas do clube!

Respeitem o time que vestem a camisa. O ainda único tricampeão do mundo do futebol brasileiro! Mas que a cada dia está vivendo de glórias do passado como canta seu hino… E nem é pela derrota contra o River apenas, pois reitero que é o melhor time do continente nos últimos cinco anos. Mas o desabafo é pela desgraça que há anos (já são oito e contando…) vejo esses amadores travestidos de amantes do clube fazem no São Paulo. Cansei!

FERNANDO DINIZ É UMA MIRAGEM

por Wilker Bento


Em 2016, quem mais chamou atenção no Campeonato Paulista foi o Audax, com sua campanha surpreendente. Um time marcante, que foi vice-campeão e projetou nomes como o goleiro Sidão e o meia Tchê Tchê. Mas o maior destaque daquela equipe foi o técnico Fernando Diniz. Com passagens por grandes clubes como jogador nos anos 1990 e 2000, Diniz apareceu no cenário nacional como treinador após a façanha no clube de Osasco. Na época, o futebol brasileiro ainda lambia as feridas do 7×1, com técnicos experientes sendo severamente questionados. Foi naquele mesmo ano que Vanderlei Luxemburgo, em entrevista ao programa “Bem, Amigos!”, se defendeu das críticas ao responsabilizar Felipão, e não os técnicos brasileiros em geral, pelo vexame na Copa de 2014.

Depois de uma passagem pelo Oeste e retorno ao Audax, finalmente Diniz ganhou uma oportunidade em um clube de Série A, ao ser contratado pelo Athletico Paranaense, em 2018. No Furacão, clube que cultivou imagem de modernidade e ambição nos últimos anos, tudo dava a entender que o treinador teria sucesso. Não foi o que acabou acontecendo. O time não correspondeu e Diniz foi demitido em menos de seis meses, com irrisório 34% de aproveitamento, deixando o clube na vice-lanterna do Brasileirão. O discurso dos defensores do técnico era pronto: o Athletico não tinha um time com bom material humano e condições para que o comandante botasse suas ideias em prática; faltou tempo e paciência. Porém, Tiago Nunes assumiu e levou o rubro-negro à conquista inédita da Copa Sul-Americana.

No ano seguinte, Diniz chegou ao Fluminense, mantendo a mesma filosofia de jogo, com posse de bola e busca por um futebol vistoso. O resultado, porém, foi péssimo: deixou o Fluminense na 18ª colocação do Campeonato Brasileiro. Novamente, a falta de paciência e boas condições de trabalho foi utilizada como justificativa – que, nesse caso é mais aceitável, já que o tricolor carioca vive uma crise há alguns anos. Mesmo assim, o treinador ganhou uma chance no São Paulo, que também passa por um momento difícil, mas não tanto quanto o Flu. E o mais recente capítulo dessa trajetória foi a derrota de 3×2 para o Mirassol, com o Soberano sendo eliminado nas quartas de final do Campeonato Paulista. Detalhe: o Leão perdeu 18 jogadores por causa da pandemia, e teve que completar o elenco com juniores e atletas contratados especialmente para a partida – como Zé Roberto, autor de dois gols. Sim, o São Paulo foi eliminado por um “catadão”.

Fernando Diniz é uma miragem, fruto da carência tática que o futebol brasileiro vive, um treinador que só cai para cima, blindado por suas supostas boas ideias, por parecer emular uma versão brasileira do tiki-taka. Seu modelo de futebol não tem efetividade: muita teoria e pouca prática, muita posse de bola e pouca bola na rede. Uma filosofia onde se confunde futebol arte com derrotismo, pois não consegue ser bonito como propõe e muito menos vencedor.

Gênios precisam comer muito arroz com feijão antes de serem alçados a tal posto. Como ocorreu com muitos técnicos que, de forma semelhante, começaram chamando atenção em equipes menores e depois adquiriram boa reputação no mercado. É preciso saber semear no pouco antes de chegar ao muito. Senão, qual será a desculpa da vez? Que o time do São Paulo também não tem nível para a implementação de suas ótimas ideias? Talvez um projeto de longo prazo no Liverpool?

Para evoluir e exercer todo seu potencial, Fernando Diniz precisa rever alguns de seus conceitos, corrigindo a defesa e abandonando o robotismo, para melhorar e se tornar, finalmente, um grande técnico. Todo defeito tem o seu oposto igualmente ruim, e hoje ele é a distorção oposta do futebol de resultados e do imediatismo, porque não se pode dar prazos e inúmeras oportunidades ao que é claramente ruim. Só o equilíbrio poderá levar o treinador – e o futebol brasileiro – a momentos mais felizes.

VALE O QUANTO PESA

por Eliezer Cunha


Recentemente me chamou a atenção a recepção dada a um jogador retornado para o futebol brasileiro de um clube europeu. Falo de Daniel Alves, recém-chegado para o São Paulo. Nada contra isso, faz parte do mundo esportivo comemorar a volta de um grande jogador que se foi, no caso dele. Já tivemos outros retornos como, Ronaldinho, Ronaldo, Adriano Imperador, Alexandre Pato, Ganso, etc. Muito raro um jogador brasileiro ir para Europa e terminar sua carreira por lá. Pelé terminou sua carreira nos Cosmos, mas, já tinha ido muito tarde. Os novos que saem daqui jovens e no alto de sua carreira, normalmente voltam e findam aqui sua trajetória no futebol.

Negócio é negócio e corações à parte. Os dirigentes e técnicos estrangeiros possuem essa filosofia: vale o quanto pesa. Profissionalismo acima de tudo e, que tudo mais vá pro inferno.

Agora, alerto as nossas torcidas que não fiquem iludidas com os resultados de tais retornos, achando que quem volta será o mesmo talento do que quem se foi.

Quem ganha e quem perde com isso? Analisando de uma forma geral, quase todos ganham. 


Na ida: os clubes brasileiros que quando vendem o atleta em alta ganham aumento de seu caixa podendo investir na infraestrutura do clube. Os times estrangeiros que compram e, se valem do melhor momento e ápice do jogador. Os jogadores que aumentam seus salários e sua projeção no futebol internacional. 

Na volta: os clubes brasileiros que compram por um preço razoável e voltam a receber seus ídolos. Os times estrangeiros que podem reciclar de forma contínua seus elencos para que novas gerações de craques ocupem os lugares dos que cumpriram sua missão. Os jogadores que por sua vez têm a oportunidade de encerrar sua carreira no país de origem e no time que o projetou.

Mas, no meio disso tudo, fica a camisa verde e amarela, que se torna refém de toda essa dinâmica e, acaba sofrendo tentando encaixar ou combinar em um elenco as peças desse grande quebra-cabeça.