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Niterói

OS IRMÃOS DA BOLA

Por Marcos Vinicius Cabral

A música “Assim Sem Você”, composta por Abdullah e Cacá Moraes, se tornou um dos grandes hits da dupla gonçalense Claudinho e Buchecha, que por força do destino, chegou ao fim em virtude do acidente automobilístico que vitimou Buchecha, na noite de 13 de julho de 2002, na Rodovia Presidente Dutra, em São Paulo.

A dupla de músicos que conhecia como poucos as riquezas nascidas do outro lado da poça, certamente teria incluído na letra da bela canção os nomes de Flávio e William, a dupla de boleiros que mais esteve em evidência e fez história em Niterói, nos anos 80
.
Nascido no Barreto, em Niterói, Flávio Henrique Cordeiro de Oliveira iniciou a paixão pelo futebol ainda pequeno, e quando chegava o Natal, colocava na janela de seu quarto uma meia com seu pedido em um pedaço de papel mal escrito:


Flávio exibe seu troféu

“Papai Noel, fui um garoto obediente, passei de ano e, por causa disso, te peço uma bola de futebol de presente”, dizia o bilhete que era repetido todos os finais de ano.

A adoração ao bom velhinho se estendeu nas idas ao Maracanã e despertou no garoto, então com 10 anos, um sentimento que nutre até hoje pelo clube das Laranjeiras:

– A paixão pelo Fluminense foi crescendo com meus pais levando eu e minha irmã para assistirmos a chegada do Papai Noel de helicóptero e mais tarde aos jogos do Fluzão – diz hoje o tricolor com 46 anos.

E como torcedor do clube das três cores que traduzem tradição, escolheu Rivelino – um dos maiores jogadores do futebol brasileiro – para ídolo:

– O cara era tão bom que arrumaram um lugar para ele jogar na seleção de 70 – confidencia sempre aos amigos mais chegados nas resenhas de futebol regadas a muita cerveja e tira-gosto.

Se o criador do elástico – drible até hoje imortalizado pelo bigodudo camisa 10 tricolor – seria outra paixão avassaladora na vida do garoto ruivo de olhos esverdeados, seus pais, seu Joseir e dona Alcely, jamais ousariam imaginar que o filho se transformaria em um habilidoso meia niteroiense.


O artilheiro William

Não muito distante dali, William Neves, nascido no Cubango, também em Niterói, dava seus primeiros chutes em uma bola na rua Visconde do Uruguai, centro da cidade onde morava: 

– Lembro que aos domingos fechávamos a rua para jogar futebol. Nossos pais, sentados com suas cadeiras de praia nas calçadas eram para nós a torcida! – diz lembrando que recebia abraços de seu Evani e dona Tânia nas invasões ao “campo asfáltico” para comemorar cada gol marcado.

Com apenas 7 anos de idade, ia com a família toda ao Maracanã não para ver o bom velhinho, mas para ver os jogos do Vasco, clube de coração.

– A paixão pela instituição Vasco da Gama começou desde cedo quando convivíamos com Roberto Dinamite e outros grandes ídolos, já que meu pai era sócio benemérito do clube – diz o apaixonado cruzmaltino hoje com 47 anos.

Mas o início de ambos seria em lugares completamente diferentes.

Enquanto William com 10 anos disputava o campeonato mirim de futsal em Niterói, defendendo as cores tricolores do Fluminensinho da Fuscaldeza, Flávio treinava com Jair Marinho – considerado o maior garimpador de talentos da região – no Combinado Cinco de Julho, no Barreto.


Mas se a bola os tornaria amigos inseparáveis, não foi através dela, e sim dos livros, que iniciariam a amizade em 1982, no Colégio Estadual Henrique Lage, na 5ª série, na sala 501.

Com o passar dos anos, começaram a escrever seus nomes com letras maiúsculas por onde jogariam, solidificando com isso a relação amigável, quando viraram vizinhos no Barreto.

Dali por diante, seus nomes começariam a ser notados pelos moradores, amigos, parentes e os que passaram a acreditar que aquela dupla poderia “vingar” no futebol.

Em 1985, com 14 anos, Flávio era destaque do Fluminense nos treinos nas Laranjeiras, mas em virtude do horário das aulas do colégio, teve que parar e voltar meses depois.


Como prova de que voltaria, recebeu uma carteirinha (foto) que lhe permitia livre acesso as dependências do clube.

Voltou mas teve que ser reavaliado em Xerém, numa peneira com mais de mil garotos.

Desse número exorbitante de meninos que sonhavam em ser jogador de futebol, passou com sobras com mais quatro, sendo um deles um certo Edmundo, que acabou indo para o Botafogo e anos mais tarde se tornaria um dos maiores jogadores da história do Vasco.

Já William, viveria de 1984 a 1987 em São Januário, marcando gols e conquistando respeito até o dia em que foi mandado embora por Isaías Tinoco, que era o supervisor das categorias de base.

– Tudo não passou de uma brincadeira de mau gosto dos outros jogadores, que me trancaram no banheiro e como o treino estava prestes a começar, tive que arrombar a porta! – lembra, ciente do erro.

Como toda ação gera uma reação, o supervisor vascaíno ameaçou dispensar todos os jogadores caso não aparecesse quem havia feito aquilo.

– Acho que assumi meu erro, mas não podia ficar sem treinar. Além do mais, não poderia deixar que inocentes fossem desligados do clube por minha causa! – ressalta o ex-camisa 9 dos juvenis.

Se Fluminense e Vasco não souberam valorizar duas jóias raras como Flávio e William, eles seguiram na estrada da vida sem olhar no retrovisor a mágoa que ficou no passado, nos clubes de seus corações.

A vida passava celeremente e nos campos do bucólico bairro do Barreto, de 1986 a 1987, ganharam todos os festivais assim como torneios que disputaram.

Tornaram-se a sensação do 1º campeonato do Ceclat (já extinto), jogando pelo Pouca Rola Futebol Clube, onde imortalizaram as camisas 9 e 10.

Não seria, de forma alguma, a primeira e tampouco a última vez que jogariam juntos, enfrentando arquirrivais como Viradouro, Flor do Campo, Unidos do Barreto, Grêmio, Pirata e todas, sem exceção, consideradas grandes equipes.

Um terceiro lugar para uma equipe estreante, modesta e recheada de garotos, valeu mais que um título, naquela competição em 1988.

O sucesso da “Dupla Infernal” dentro das quatro linhas, acabou rendendo para cada uma moção de aplausos concedido pela Câmara Municipal de Niterói, datada em 11 de setembro de 1988 e assinada por Roulien Pinto Camillo, então Secretário Municipal de Esporte e Lazer.   

No ano seguinte, enquanto Flávio continuava encantando a todos com seu futebol vistoso no terreno de terra batida dos campos niteroienses e buscando um lugar ao sol em algum clube do Rio, William se aventurava destemidamente pela região serrana do Estado.

Para o centroavante da camisa 9, O difícil não foi ficar longe da família e dos amigos para obter a aprovação nos testes em 1990, foi ouvir de um dos Diretores que mesmo aprovado no Friburguense Atlético Clube, o clube dispensaria toda categoria juniores por estar encerrando suas atividades.

– Lembro-me até hoje daquele menino alto, magro e com uma qualidade técnica impressionante. Eu estava começando minha carreira no Friburguense, onde o indiquei para treinar. Uma pena não ter sido profissional! – lamenta o amigo e ex-jogador Pires, que fez muito sucesso no Fluminense no início da década de 90.

Apesar do golpe desferido pelo destino, regressou ao Barreto para vestir a camisa 9 que sempre foi sua e ajudou o Pouca Rola na conquista do título, que seria inédito na sua curta mas marcante história.

Na disputa do 5º campeonato do Ceclat,  com uma equipe mais técnica e com contratações que proporcionavam aos torcedores a certeza da conquista daquele caneco, sucumbiram para um Grêmio desacreditado em pleno Combinado Cinco de Julho.

Como todo grande time tem suas vulnerabilidades, o Pouca Rola não seria exceção.

Resultado: em um contra-ataque fulminante, o habilidoso e endiabrado Guina fez o gol que classificou a equipe para a final.

– Aquele time foi um dos melhores que joguei. Mesmo sem ter vencido nenhum campeonato e ter durado apenas 5 anos, até hoje é lembrado por todos no bairro! – relembra o camisa 8 Lito.


E completa:

– Flavinho e William foram, sem sombra de dúvidas, os maiores com quem tive o privilégio de jogar. Os caras eram foras de série. Só lhes faltou um título pelo Pouca Rola”.

Se os deuses do futebol castigam grandes jogadores com algumas derrotas, Flávio e William souberam absorver como uma ostra as toxinas dos insucessos do mundo da bola.

E foi na Ilha da Conçeição, em Niterói, que depuraram essa falta de títulos no Barreto em vitórias no campo do Azul e Branco.

Não baixaram a cabeça e vestiram a camisa do Embalo Futebol Clube e foram tricampeões nas temporadas 91/92/93.

Ainda nesse período, Flávio já era jogador profissional, depois de passagens por Mesquita, São Cristóvão, Bangu e acabou sendo federado pelo Canto do Rio Foot-Ball Club, onde o canhotinha Gérson deu seus primeiros lançamentos no futebol.

Como o clube niteroiense era patrocinado pela Prefeitura da cidade, chegou uma época que a parceria foi desfeita e seus jogadores receberam passe livre.

Em virtude desse acontecimento, um empresário levaria Flávio para jogar em Portugal mas o craque da camisa 10, que driblava os adversários com extrema facilidade, foi marcado em cima por um adversário inimaginável: uma hepatite! 

Se recuperou mas teve logo depois uma grave contusão no ligamento do tornozelo esquerdo ocasionada pelos carniceiros implacáveis.

Abandonou o futebol, mas o futebol não o abandonou.

E seu companheiro William, amuado com as artimanhas do destino, trocava os pés pelas mãos e iniciava sua carreira como compositor de samba-enredo.


Equipe do Tá Mole Mas é Meu

A química entre os dois era tanta que ainda deu tempo de, anos mais tarde e já com alguns fios de cabelo branco à mostra, conquistarem o título do primeiro campeonato de veteranos jogando pelo Tá Mole Mas é Meu.

Hoje, a bola com que tanto conviveram e os transformaram em lendas em Niterói é coisa do passado.

Mas não para nós que adoramos contar história de quem realmente tem algumas para nos contar.

 O Museu da Pelada promoveu o encontro desses dois monstros das peladas daqui, do outro lado da poça como os cariocas chamam.

E foi na quadra da escola de samba Tá Mole Mas é Meu, no bairro do Fonseca, onde William – presidente e  funcionário municipal -, ao lado de Flávio – supervisor de manutenção de uma empresa marítima -, me recebeu para reviver causos que só esse esporte maravilhoso chamado futebol pode proporcionar.

E, sobretudo, foi uma viagem insólita em uma tarde inesquecível onde resgatei histórias desses dois grandes jogadores e amigos que a bola me deu.

O AMIGO DOS AMIGOS

texto: André Mendonça | fotos: Daniel Planel | vídeo e edição: Daniel Planel

É com muito prazer que a equipe do Museu da Pelada, diariamente, lê e tenta responder todos os comentários em nossas redes sociais, sejam eles críticas, elogios ou mesmo uma pura resenha. E, hoje, Dia dos Pais, destacamos uma história que nos encheu de orgulho e emoção, a de Andreia Bittencourt, filha do saudoso Mauro Bittencourt, o rei da resenha de Niterói, cria do Canto do Rio. Em uma mensagem ela revelou que o nosso trabalho a encorajara a revisitar o acervo do pai. Três anos e meio após a sua morte, álbuns, fotos, recortes de jornais e a gloriosa bandeira do Canto do Rio descansavam, empoeiradas, no armário. Sabemos, não é fácil aceitar certas situações e a dor da perda nos paralisa. Mas Andreia e o Museu trocaram ideias, experiências e gargalhadas, uma divertida sessão de análise. Deu liga! Andreia, no entanto, precisava de um tempo para convidar os amigos do paizão, os mesmos que durante anos divertiram-se no aconchegante terraço da casa, em Santa Rosa, Niterói. Mas um mês depois, o celular toca.

– Tudo certo, podem vir depois de amanhã? – perguntou, ao celular. E respirou fundo.

Não há dúvida, era uma espécie de libertação e precisávamos agir rápido antes que ela desistisse. Do nosso lado, um prazeroso silêncio antes de comemorarmos com um grito de felicidade. E dois dias depois fomos celebrar a vida com Andreia e os ex-boleiros do Canto do Rio.

Da rua, avistamos o terraço da casa 30. Andreia nos recebeu na chuva e rimos, eu, Daniel Planel e Pugliese, como se nos conhecêssemos há tempos. Que felicidade, a chuva lava a alma!!!! Subimos as escadas e chegamos no reduto do vascaíno Maurão, um dos maiores zagueiros do Canto do Rio, que além de jogador, foi treinador, árbitro, professor de educação física e, sobretudo, um amigo dos amigos.


Andreia registrou tudo no celular

– Eu cresci dessa forma. Meu pai organizava os almoços aqui e a casa estava sempre cheia. Meu pai não está aqui fisicamente, mas consigo sentir a presença dele! – disse Andreia abraçando a estátua do pai em tamanho real, ao lado do irmão Maurinho e da mãe Célia.

Quem não escondeu a tristeza por não poder comparecer foi Verônica, a outra filha de Mauro, que mora na França. Ela, no entanto, fez questão de gravar um vídeo demonstrando todo o seu sentimento.

Apesar do dia frio e chuvoso, os amigos do saudoso zagueiro não paravam de chegar e, ao subirem as escadas para o terraço, se deparavam com uma mesa coberta de fotografias e recortes de jornais, um prato cheio para grandes lembranças. Se já não fosse o bastante, a geladeira entupida de cervejas e um almoço delicioso feito carinhosamente por Cecília tornavam aquela tarde ainda mais agradável.

Um dos primeiros a chegar, o enjoado ponta-direita Nélio conversava com o zagueirão Jaudeir e se recordava de momentos inesquecíveis ao lado do “rei da resenha”.

– Jogamos muita pelada juntos aqui em Santa Rosa, a gente tinha um timaço chamado Acadêmico. O Mauro me dava muitos conselhos e continua sendo um grande amigo meu! – disse Nelinho.

Jaudeir, por sua vez, lembrou dos anos gloriosos vestindo a bela camisa azul do Canto do Rio:

– Era uma época muito boa! A gente jogava por prazer, hoje só jogam por dinheiro.

Quem também prestigiou o evento foi o artilheiro Caio Cambalhota, que revelou ter curtido alguns sambas ao lado do amigo.

– O Mauro fazia parte de uma escola de samba aqui de Niterói e, vez ou outra, ele me convidava para os ensaios. Perdemos um grande amigo, mas estará sempre na memória.


Logo nos primeiros minutos do evento deu para perceber o quanto Mauro era querido, não só pelos adjetivos carinhosos que lhe atribuíam, mas também pelo esforço que muitos fizeram para participar do encontro. Hipólito, por exemplo, percorreu mais de 130 km para sair de Cabo Frio e chegar ao palco das memoráveis resenhas.

– Só tenho coisas boas para falar do Mauro. Foi um dos melhores amigos que eu tive. Me mudei para Cabo Frio, mas fazia questão de vir as festinhas que ele organizava aqui! – relembrou emocionado.

Atenciosa, Andreia mostrava preocupação em relação ao bem-estar coletivo. Sempre abastecendo os copos e oferecendo variados aperitivos antes do almoço, parecia se sentir na obrigação de fazer um encontro prazeroso à altura dos que o pai fazia, e conseguiu. Sua única reclamação era a ausência de Arnaldo, um dos amigos mais próximos de Mauro.


Embora não tivesse nenhum compromisso que impedisse sua chegada na hora marcada, Arnaldo explicou a sua demora:

– Para falar a verdade, eu não queria nem estar aqui. Senti muito a morte do Mauro, era um irmão pra mim.

Um irmão para Arnaldo e para todos que tiveram o privilégio de conhecer o “amigo dos amigos”, o “gente boa”, o “cara sem defeitos”, a fera Mauro Bittencourt!

OLHAR DIFERENCIADO!!

Desde que o Museu da Pelada entrou no ar, somos constantemente presenteados com belas fotografias de colaboradores espalhados pelos país, o que é motivo de muito orgulho para nós!! Os registros dessa matéria são de Elida Loureiro, de Maria Paula, Niterói.

Aproveitando que a cidade é sede de grandes campeonatos de pelada, a fotógrafa fez belas imagens da final da Liga Amistosos Niterói de Fut 5, do Torneio dos Eucaliptos e da final do primeiro turno da Série Bronze, da Liga Niterói Fut 7!! Os duelos foram, respectivamente, entre União x Galáticos, Bela Vista FC x Bz FC e Cidiz FC x Bar de Munique FC!

Não temos dúvida que Elida terá um futuro brilhante!!

Valeu, Elida!!

FAMÍLIA PELICANO

por Sergio Pugliese

É praticamente impossível recusar os convites da galera do Pelicanos Azuis, de Niterói. A rapaziada é divertida por natureza e tem o espírito sintonizado com o que buscamos, do contrário não teria nos convocado para o evento “Onze anos sem títulos, onze anos de resenhas vitoriosas”. Em 2015, venceram apenas duas partidas, uma de WO e outra de um time “estranho”, que sequer lembram o nome. Mas os atletas não se abatem e as resenhas musicais estão cada vez mais concorridas. Participamos dessa última, em Guapimirim, na casa de Márcio e Nadir, pais do maestro do meio-campo, Gabriel Figueiredo, e comprovamos: os Pelicanos são show!!!!

– Quanto mais perdemos, mais nos unimos – resumiu o showman Diogo, o Sandro Silva, acompanhado da mulher, a estrela Mariana.

Nesse ponto, os Pelicanos também fazem a diferença: as esposas e namoradas não faltam nunca.

– Só perdemos, precisamos de carinho após os jogos – explicou o zagueiro Márcio Beckerman, braços dados com Thalita.

E é um tal de Gláucia “de” Gabriel, Júlia “de” Jorginho do Cavaco, Bruna “de” Renatinho Família, Walney “de” Lidiane. Teve até Sílvia “de” Pugliese. Em Niterói, eles gostam dessa forma carinhosa “de” tratamento. Mas e a Renatinha é “de” quem? Dizem que foi tentar a sorte, afinal tem muito “pelicano” solteiro na área. O pandeirista Oirthon é um desses, um eterno apaixonado em busca da amada. O amor faz milagres!!! Não acreditam? Basta olhar para o novo Dogão, de Kaká, algumas toneladas mais magro, modelo!!!!

– Resenha sem samba, cerveja e mulher não tem vez com os Pelicanos – atestou Paulinho, o Paulinóquio, de Marina.

E é verdade! Chegamos às 10h30 e o cantor Maycon, o cozinheiro Nico, o empresário Bruno, o roupeiro massagista Felipe “Menina”, o roqueiro, agora esbelto, Tiago Guima, e Teteuresminho, da cuíca, já estavam na piscina saboreando algumas geladas. Segundo Paulinóquio foram comprados 624 latões de cerveja. Seria verdade? Como acreditar em alguém com um apelido desses?  Os que ainda dormiam eram embalados pelo som de Reinaldo, o príncipe do pagode. A música tinha tudo a ver com uma rapaziada que não se abala com derrotas: “Samba, a gente não perde o prazer de cantar e fazem tudo para silenciar a batucada dos nossos tantãs”.  

– Não existe união igual a essa – garantiu Anderson, o camisa 10.1, acompanhado de Marcela.

E se alguém podia afirmar isso, era ele. Na noite anterior envolveu-se numa confusão de trânsito e acabou preso. Na delegacia, quase se engalfinhou com um policial, mas de repente lembrou-se da resenha no dia seguinte e virou um cordeirinho, desculpou-se, partiu para o abraço e só faltou distribuir flores aos envolvidos. Final feliz! Chegou Moacir!!!! Muita moral, afinal o “pelicano” mudou-se para São Paulo e veio exclusivamente para a resenha. Também teve festa para Gun, o pai do ano, e para Gláucia por ter acertado na Megasena ao conhecer o estiloso Gabriel, tatuagem gigante nas costas de um anjo com o rosto de Zico.

– Essa confraternização é a extensão da pelada – filosofou o capitão João Canário enquanto apontava para a piscina lotada de “pelicanos”.

Resenha pegando fogo, uma dúvida de Márcio, pai de Gabriel: por que o Pelicanos Azuis perde tanto? Tudo bem que o filho dele foi o principal responsável em algumas partidas, perdendo pênaltis, sonolento, mas melhor deixar quieto. Ou o excesso de churrasco e cerveja venha deixando os craques um pouquinho, quase nada, mais pesados. Só especulação. Mas nossa equipe consultou os orixás e eles chegaram a uma interessante conclusão. O símbolo do Pelicanos, que mais parece um flamingo, lembra o íbis, ave pernalta e de pescoço longo, que batiza o pior time do mundo. Outra curiosidade é que o íbis anuncia tragédias e é sempre a primeira ave a surgir após a tempestade passar. Ou seja, depois das goleadas já chega querendo uma gelada. 

– A verdade é que com nossa rapaziada não tem chororô – afirmou Jorginho do Cavaco.

Falou e disse!!! Na resenha dos “pelicanos” só quem chora é a cuíca, de preferência nas mãos do craque Teteuresminho, que ditou o ritmo enquanto a galera fazia o coro e entoava “a amizade, nem mesmo a força do tempo irá destruir, somos verdade, nem mesmo este samba de amor pode nos resumir….”.