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“uma coisa jogada com música” – capítulo 17

6 / julho / 2023

por Eduardo Lamas Neiva

João Sem Medo, ainda indignado com os 7 a 1 da Alemanha sobre o Brasil em 2014, prossegue o seu raciocínio sobre os problemas do futebol brasileiro.

João Sem Medo: – Nos anos 90, quando eu já não podia mais estar fisicamente para denunciar os crimes que estavam cometendo com o nosso futebol, passamos a imitar o antigo estilo europeu, mais pragmático, frio, sem jogo de cintura. E os alemães e os espanhóis passaram na década seguinte a nos imitar desde as divisões de base. Pegaram nossas melhores características e começaram a ensinar nas escolinhas de futebol de lá aos seus garotos. Com o tempo, com a organização que eles têm e nós não temos, mudaram sua forma de jogar. Principalmente a Alemanha, que sempre teve grandes jogadores, mas era mais dura de cintura.

Garçom: – Prefiro o jogo da Alemanha do que o da Espanha.

João Sem Medo: – Essa Espanha que ganhou em 2010 parecia o Bolero de Ravel, sempre a mesma coisa. Mas tinha um cracaço de bola, o Iniesta.

Sobrenatural de Almeida: – Em 2010 estive na África do Sul.

Ceguinho Torcedor: – Aquele gol da Holanda sobre nós, com Júlio César e Felipe Melo, que jogaram juntos no Flamengo, batendo cabeça, só pode ter sido obra do Além.

Sobrenatural de Almeida: – Mas me redimi, e os holandeses tiveram de amargar o terceiro vice mundial.

Ceguinho Torcedor: – Aquele futebol da Espanha era igual ao tico-tico no fubá do América dos anos 50.

João Sem Medo: – Concordo com você, Ceguinho. Curioso que o Zagallo disse o mesmo da Holanda, em 74. E não tinha nada disso. Era um time de jogadores muito inteligentes e Cruyff foi um dos maiores que vi jogar.

Sobrenatural de Almeida: – Em 74, não gostei daquele futebol em que ninguém tinha posição fixa. Então, achei melhor a festa ficar em casa, com os alemães.

João Sem Medo: – Aquela seleção espanhola de 2010 era mesmo o tico-tico no fubá, cheio de toques pros lados. Não fosse o Iniesta…

O grupo que fica no palco aproveita a deixa da conversa e toca o choro “Tico-tico no fubá”, de Zequinha de Abreu.

Músico: – Tico-Tico no Fubá, de Zequinha de Abreu, não tem nada a ver com o América, nem com futebol, mas como vocês citaram…

João Sem Medo: – Ah, e essa música é a cara do futebol brasileiro. O nosso jeito moleque, alegre, criativo de jogar.

Músico: – Peço perdão aos senhores, pois sabem muito mais de futebol do que eu, mas o chorinho ilustra muito bem o nosso estilo de jogo.

João Sem Medo: – Sem dúvida. O estilo que nos consagrou no mundo todo e que temos abandonado.

Ceguinho Torcedor: – Isso a gente não vê mais.

João Saldanha: – Quais jogadores brasileiros hoje sabem driblar?

Os outros: – Ah, poucos, quase nenhum.

João Sem Medo: – O Neymar, mais uns dois ou três e olhe lá.

Ceguinho Torcedor: – Mesmo assim ainda acredito que é no Brasil que se produzem os melhores jogadores do mundo. Ainda somos os maiores do mundo! Quem não pensa assim é porque tem complexo de vira-lata.

Garçom: – Já que estão falando sobre o drible, lembrei de uma música  muito boa, do Chico César. Vou botar aqui pra todos ouvirem.

Zé Ary vai ao notebook e põe nas caixas de som “Drible”, de Chico César e Zezo Ribeiro (clique aqui pra ouvi-la).

https://music.youtube.com/watch?v=kNDVbNr9sMk&list=RDAMVMkNDVbNr9sMk

Fim do capítulo 17

Quer acompanhar todos os capítulos da série “Uma coisa jogada de música”? Clique aqui e saiba como:

Blog Eduardo Lamas Neiva – 15 anos: A SÉRIE “UMA COISA JOGADA COM MÚSICA” NO MUSEU DA PELADA

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