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Rondinelli + Dinamite

24 / setembro / 2018

a grandeza do futebol

entrevista: Sergio Pugliese | texto: André Mendonça |  foto: Marcelo Tabach | vídeo: Daniel Planel |

Não é por acaso que o Carioca foi eleito o campeonato mais charmoso do Brasil. Maracanã abarrotado de torcedores apaixonados, os lendários personagens da geral e os craques que desfilavam nos gramados, inclusive nos time considerados pequenos, eram apenas alguns dos atrativos da competição em um passado glorioso.

O ano era 1978 e o Carioca reunia todos esses ingredientes citados acima. Na decisão, mais de 120 mil torcedores se espremeram nas arquibancadas de cimento para acompanhar a final entre Flamengo x Vasco. Comandado por Roberto Dinamite, o Gigante da Colina lutava pelo bicampeonato consecutivo, mas não contava com uma cabeçada fulminante de Rondinelli, o Deus da Raça, que estufou as redes do goleiro Leão e garantiu o caneco para a Gávea.

Prestes a completar 40 anos, o lance nos motivos a proporcionar mais um encontro daqueles: Rondinelli e Roberto Dinamite. Sem saber que havíamos preparado todo o terreno para o “rival” chegar de surpresa no Pizza Park da Cobal do Humaitá, o ídolo rubro-negro relembrava os bastidores daquele dia, enquanto os parceiros Marcinho Nunes e Márcio Figueiredo ouviam atentos.

– Em 76, Zico e Geraldo perderam os pênaltis (pela Taça Guanabara). No ano seguinte, Mazarópi pegou o de Tita. A gente estava na berlinda em 78, tinha que ganhar. Não tinha conversa! – revelou o xerifão.

O curioso é que pouco antes de explodir o Maraca, Rondinelli perdeu uma disputa de bola com Dinamite, que colocou Paulinho na cara do gol. Por sorte dos flamenguistas, o vascaíno não aproveitou a chance.

– Eu ia ficar de vilão!


Rondinelli ganhou o apelido de Deus da Raça após arrastar o rosto no chão para salvar uma bola.

Nesse momento, Dinamite surgiu já com a camisa cruzmaltina e deu um longo abraço no Deus da Raça. Daí em diante a dupla deu uma verdadeira aula de resenha, revelando os bastidores e relembrando os duelos travados dentro de campo. Humilde, Rondinelli lembrou logo de um jogo em que cometeu um pênalti no craque, que não perdoou:

– A gente se embolou no lance anterior. Na bola seguinte, entrei na área, ele quis revidar, me joguei e o árbitro deu pênalti! Se ferrou! – disparou Roberto, para a gargalhada da rapaziada.

Vale ressaltar que naquela época os craques costumavam se enfrentar desde a categoria de base e com a dupla não foi diferente. Além de tudo que envolve um Flamengo x Vasco, os jogadores tinham uma identidade com o clube formador.

– Se eu morresse dentro de campo, eu morreria feliz! – disse Rondinelli.

É claro que a histórica decisão de 78 não ficaria de fora da resenha. Enquanto o zagueiro rubro-negro jura que Dinamite ficou parado no ataque ao invés de acompanhá-lo no lance decisivo, o artilheiro garante que estava na área ajudando na marcação.

As imagens não mentem e assistindo ao vídeo vocês poderão tirar suas próprias conclusões. Mas fato é que aquele lance ajudou a quebrar um tabu e, inclusive, muitos dizem que marcou o ínicio de uma época de ouro do Flamengo.


O mais importante, no entanto, é o carinho e o respeito que os dois têm um pelo outro, mesmo tendo atuado por equipes rivais desde sempre:

– Era um duelo com muito respeito e é por isso que hoje estamos aqui. Você é um símbolo, Rondi! Nós fomos grandes adversários, às vezes a gente ficava puto dentro de campo, mas aprendemos a nós respeitar. E é isso que fica! – finalizou Dinamite!

Com uma felicidade que beirava o sentimento dos flamenguistas após aquela decisão no Maracanã, saímos do encontro de alma lavada!

 

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