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CINQUENTA ANOS ESTA NOITE

por Paulo-Roberto Andel

Parece outro dia, faz muito tempo e celebra uma data histórica: em 22 de agosto de 1973, há exatos 50 anos, Fluminense e Flamengo decidiam o Campeonato Carioca daquele ano.

Deu Fluminense com folga: debaixo de uma tempestade, mas jogando pelo empate, o Tricolor abriu 2 a 0, mas o Flamengo conseguiu empatar, para então o Flu liquidar a fatura com mais dois gols.

Há quem diga que boa parte da chuvarada que alagou o Maracanã se deveu a Manfrini, que literalmente fez chover: acabou com o jogo no talento e na raça. E como todo campeão começa com um grande goleiro, Félix defendeu tudo e mostrou mais uma vez porque foi campeão do mundo.

No primeiro tempo só deu Fluminense, mas a vantagem terminou em apenas dois gols. Num Fla x Flu, é pouco para garantir qualquer coisa. No segundo tempo, mexendo no time, o Fla conseguiu reagir e igualar o marcador, mas não havia a força para a virada e aí o Tricolor prevaleceu.

Alguns jogadores daquela noite acabaram vestindo a camisa adversária a seguir. No Flamengo, Renato, Rodrigues Neto e Paulo Cezar Lima viriam a integrar a Máquina Tricolor. No Fluminense, o lateral Toninho Baiano, autor do segundo gol tricolor, faria história na Gávea. E o artilheiro Dionísio, que fechou a goleada, tinha uma longa trajetória no time rubro-negro.

Fora do segundo turno e da decisão por contusão, Gerson finalmente conseguiu ser campeão pelo seu clube de coração. À beira do campo, pela primeira vez Zagallo perdia uma decisão.

Vindo de uma época espetacular no fim dos anos 1960, o Fluminense manteve a trajetória iniciada em 1969, também num título carioca sobre o grande rival da Gávea. Campeão brasileiro em 1970 e Carioca em 1971 – desta vez sobre o Botafogo -, o Flu 1973 é motivo de orgulho para todos os tricolores. Os garotos daquele tempo hoje são cinquentões e sessentões que carregam consigo as memórias de um Maracanã popular, divino e inesquecível. Não há entre eles quem deixe de falar “Naquela noite o Manfrini arrebentou, rapaz”. E para quem achava que a sequência tricolor esmoreceria, depois de um tímido 1974 viria simplesmente a equipe mais emblemática da história do clube, sob a batuta do Maestro Francisco Horta.

A chuva não importa: cinquenta anos depois, o Fla x Flu da final de 1973 ainda pega fogo. É uma brasa, mora?

MBAPPÉ DRIBLA O PSG

por Elso Venâncio, o repórter Elso

Inteligente, enigmático e com ego inflado, o astro Kylian Mbappé vem driblando com habilidade os dirigentes do PSG. Após se destacar no Monaco, onde foi titular aos 16 anos, o francês chegou à capital Paris ao lado de Neymar, para disputar a temporada 2017/18. O Barcelona recebeu 222 milhões de euros pelo passe do brasileiro, enquanto Mbappé foi emprestado – e depois comprado – por 180 milhões de euros.

Após se destacar com a França no bicampeonato mundial conquistado na Rússia, em 2018, quando foi eleito a revelação da Copa, Mbappé sonhou mais alto. Até então coadjuvante, chegou o momento de voar. Disputaria com Neymar o espaço de ídolo máximo de um clube. No entanto, o elegante Leonardo, há três anos diretor com plenos poderes no PSG, confidenciou a amigos:

“Mbappé me derrubou.”

O francês cresceu ainda mais durante a disputa da Copa de 2022. Marcou três gols na final do Mundial, contra a Argentina, tornando-se artilheiro da competição, com oito gols em sete jogos. O Parc des Princes ficou pequeno para a dupla de craques. Pequeno também para ele e Messi, o que tornou mais distante o sonho do inédito título da Champions League.

Corajoso, Mbappé enfrentou a própria diretoria. Ao receber da revista ‘France Football’ o título de melhor jogador da Liga Francesa, disparou, ao ser perguntado sobre a possibilidade de conquistar a Bola de Ouro:

“O PSG e o futebol francês não ajudam!”

Os torcedores o escutaram e acolheram as pretensões do atacante. Neymar e Messi passaram a ser hostilizados dentro e fora de campo e o presidente Nasser Al-Khelaïfi cedeu às pressões para antecipar a renovação do seu contrato, que termina na próxima temporada.

Os ânimos pareciam calmos, principalmente após as saídas de Neymar e Messi. Mbappé reinaria absoluto. Seu pedido para contratar o amigo Dembéle foi concretizado junto ao Barcelona. Além disso, ganhou a faixa de capitão, a camisa 10 e, enfim, poderia jogar como gosta, pelo lado esquerdo do campo, espaço normalmente ocupado pelo ‘concorrente’ brasileiro.

De repente, o jornal ‘L’Équipe’ noticiou o desentendimento do jogador com o presidente:

“Acabo com sua carreira” – reagiu o magnata do Qatar.

“Te jogo contra a torcida” – retrucou o atacante.

Mbappé tinha até o fim de julho para exercer a cláusula de renovação. Chegou a posar com a camisa de número 2025. No entanto, o PSG, agora, entende que o jogador pode negociar com quem bem entender. O conflito afastou o ídolo da pré-temporada que o time realiza no Japão.

Chelsea, Manchester United, Tottenham e Inter de Milão já demonstraram interesse. Sem saída, os dirigentes procuraram também o Al-Hilal, de Riad. Ao que tudo indica, o Real Madrid já acertou com o maior nome do futebol francês e o terá em seu elenco no ano que vem, para desespero do PSG, que nada receberá pela transferência.

SOBRE O CLUB DE REGATAS VASCO DA GAMA E A GRANDEZA DA SUA HISTÓRIA

por Sergio Rodrigues

Prezados vascaínos, amamos o nosso Clube do coração e temos muito orgulho da sua história, uma das maiores e mais bonitas entre todos os Clubes esportivos do Planeta Terra.

Nossa história tem que ser muito valorizada e divulgada. Todos nós temos o dever como torcedores e sócios do Clube, de transmiti-la de geração a geração de vascaínos: de pai para filho, de avô para neto, de irmão para irmão, de amigo para amigo e até mesmo aos que nem são vascaínos, para que todos possam conhecer um pouco mais a respeito da trajetória vitoriosa do Club de Regatas Vasco da Gama e o que representa toda a grandeza do Vasco nos gramados do Futebol, nas quadras de Futsal e Basquetebol, no Remo, nas pistas de Atletismo, nas areias do Beach Soccer, nos esportes olímpicos e nos demais setores da vida social e cultural do nosso país, pois o nosso Clube é muito grande, maior até mesmo do que todos nós possamos imaginar.

O Club de Regatas Vasco da Gama é de todos aqueles que amam e admiram as suas cores, as suas lutas, a sua tradição e todo o seu pioneirismo no esporte brasileiro, sul americano e mundial, e na verdade, o nosso Clube é de todos aqueles que amam e divulgam a sua rica e linda história, iluminada, cheia de glórias, abençoada pelo Divino Criador e pelo sinal de vitória da Cruz de Cristo, símbolo da nossa fé que está representada em nossa bandeira e nos uniformes de todas as nossas equipes nas mais diversas modalidades esportivas que o Clube tem praticado desde a sua fundação no dia 21 de agosto de 1898.

Força, fé e garra Club de Regatas Vasco da Gama!
Rumo a novas e grandiosas conquistas esportivas, sociais e culturais!
Parabéns pelo seu 125° aniversário de fundação!

Club de Regatas Vasco da Gama – Honra, Tradição e Glória do Desporto Brasileiro, Sul Americano e Mundial.

MISSÃO DADA, MISSÃO CUMPRIDA

por Eliezer Cunha

A Hierarquia nas instituições deve ser definida, imposta e respeitada por todos os seus membros. Regra sistêmica esta necessária para a ordem e progresso das instituições, não importando âmbito ou segmento, independente de sua expressão, magnitude ou potencial.
O cumprimento das atividades profissionais passa por obedecer a um organograma implementado, oficializado e estendido a toda organização.

Em sistemas de gestão amadores essa condição hierárquica se dá quase que de forma intuitiva, não necessitando de um padrão clássico ou de uma definição básica de hierarquia, ou seja, cada um sabe o que faz e como faz.

Em se tratando de instituições de esportes e em particular o futebol, refletindo sobre os últimos acontecimentos entre dois profissionais integrantes do time do Flamengo, acredito eu que as regras que conduzem a hierarquia dentro dos clubes não estão bem estabelecidas, ou seja, se existem não são devidamente claras, como também, as punições para a omissão ou desrespeito para com tais regras não possuem o rigor punitivo adequado.

Até onde vai a autonomia do técnico da equipe e sua comissão técnica? Os jogadores estão posicionados em que parte deste organograma? Qual é a importância do setor de RH como o elo entre comandados e comandantes? São perguntas que não devem carecer de respostas prontamente. Qualquer desavença que ocorra entre jogadores e a equipe técnica atinge o ambiente do grupo e poderá acarretar em resultados negativos dentro das quatro linhas.

Agora, cabe por conta da direção do clube uma análise profissional a respeito dos fatos e que ações sistêmicas dentro do seu modelo de gestão, sejam providenciadas a fim de se impedir a recorrência dos desagradáveis fatos.

“UMA COISA JOGADA COM MÚSICA” – CAPÍTULO 23

por Eduardo Lamas Neiva

Todos se divertem e aplaudem a bela música e o botafoguense Vinicius de Moraes, que estava passeando e resolveu entrar no bar Além da Imaginação para dar um abraço no pessoal. João Sem Medo aproveita e toca a bola queimando a grama pra Ceguinho Torcedor.

João Sem Medo: – Quem sabe muito sobre deste assunto de adultério é o nosso dramaturgo, não é Ceguinho?

Ceguinho Torcedor: – Meus caros, só o inimigo não trai nunca. Não existe família sem adúltera, e o homem de bem, por sua vez, é um cadáver mal informado: não sabe que morreu.

Todos riem.

Músico: – Mas ninguém se salva, seu Ceguinho?

Ceguinho Torcedor: – Meu caro, a virtude é triste, azeda, neurastênica. E o amor bem-sucedido não interessa a ninguém.

Músico: – Entre as coisas do futebol e do amor, das pisadas de bola e das traições, há muita música, né? Então, vamos chamar agora ao palco o grande Elton Medeiros e Antonio Dantas pra cantarem “Na cara do gol”.

Garçom: – E com o grupo Passagem de Nível, de Mendes, interior do Rio de Janeiro, no telão.

São muito aplaudidos.

Sobrenatural de Almeida: – A letra desta música só vai dar mais corda ao Ceguinho! Hahahahaha

Ceguinho Torcedor: – Nem você, Sobrenatural de Almeida, está a salvo! Não se apresse em perdoar, a misericórdia também se corrompe. Por isso, a fidelidade devia ser facultativa. Ora, como já disse, o amor bem-sucedido não interessa a ninguém, minha gente.

Garçom: – Não é tanto assim…

Idiota da Objetividade: – Eu acredito no cidadão de bem!

Ceguinho Torcedor: – Idiota, convém não facilitar com os bons, convém não provocar os puros. Há, no ser humano, e ainda nos melhores, como muitos que aqui estão, acredito, uma série de ferocidades adormecidas. O importante é não acordá-las.    

Há um repentino silêncio reflexivo em todo o bar. E o povo dá uma dispersada, enquanto o grupo da mesa dá uma pausa pra fazer uns pedidos ao garçom e ir ao banheiro. Nossos quatro personagens voltam à mesa e Zé Ary toca a bola para eles.

Garçom: – Bom, senhores, vamos voltar ao futebol…

João Sem Medo: – Naquela excursão do Botafogo ao México que estava falando antes, tive o privilégio de presenciar o nascimento do “olé” no futebol. Quem inventou foi o Garrincha em parceria com cem mil mexicanos que lotaram o Estádio Universitário pra assistir ao que os jornais de lá chamaram de “O Jogo do Século”: o Botafogo, que eu dirigia na época e tinha sido campeão carioca no finzinho de 57, contra o River Plate, que era o tricampeão argentino e tinha 10 dos 11 titulares da seleção que disputou a Copa de 58, poucos meses depois.

Ceguinho Torcedor: – Um jogo como esse tinha de ter sido filmado e passar na sessão da tarde todos os dias!

Todos concordam.

João Sem Medo: – Foi ali, naquele dia, às vésperas do carnaval de 58, que surgiu a gíria do “olé”. Não porque o Botafogo tivesse dado olé no River, não. O jogo foi bem equilibrado, terminou empatado em 1 a 1, até jogamos bem fechadinhos. Foi um olé pessoal, de Garrincha em Vairo, lateral do River e da seleção argentina. Nunca assisti a coisa igual, meus amigos.

Silêncio absoluto na plateia e atenção total ao relato de João Sem Medo.

João Sem Medo: – Só a torcida mexicana com seu traquejo de touradas poderia, de forma tão sincronizada e perfeita, dar um “olé” daquele tamanho. Toda vez que o Mané parava na frente do Vairo, os espectadores mantinham-se no mais profundo silêncio. Quando Mané dava aquele seu famoso drible e deixava o Vairo no chão, um coro de cem mil pessoas exclamava: “Ôôôôôô-lê”!

A plateia vibra como se assistisse ao que João narra.

João Sem Medo: – Uma festa completa.

Ceguinho Torcedor: – Garrincha tinha sempre nos pés uma bola encantada! Ou melhor, uma bola amestrada.

Todos concordam.

João Sem Medo: – Tem mais, meus amigos! Num dos momentos em que o Vairo estava parado em frente ao Garrincha, um dos clarins dos “mariachis” atacou aquele trecho da “Carmen” que é tocada na abertura das touradas. Como é mesmo, maestro?

O grupo no palco executa, então, o trecho inicial da abertura da ópera “Carmen”, de Bizet, citado por João.

Todos se divertem muito e até dançam.

Fim do Capítulo 23